domingo, 9 de novembro de 2008

Conquista das gentes


Paulo Pires

Esta cidade onde moro
Construída com pedras, Pedrais
Juntou-se ao barro e os Ferraz
Para erigir ermidas, catedrais

Esta cidade onde moro
Escorre como pedra nas Bateias
É um sonho concreto, adjutório.
Amarrado sem prender por Correias

Suas casas têm Flores e Santos
Que tão leves são bustos amáveis
Desde a época em que a vi entre tantos
Velhos tempos de João, Zé Gonçalves.

Sopra-lhe no aprisco ventos de Minas
Velhas minas de ouros Gerais
Cuja água do Poço contamina
E lhe toma prá voltar nunca mais

Esta cidade, paulista, baiana,
Meio mineira pelo que diz o falar
Tem na feira, Sergipe, Itabaiana
Pernambuco e qualquer linguajar

São Gusmões, Fernandes de Oliveira
Santos Silva, outros raros metais
Que somados aos Andrades, Figueira
Frutificaram pomares, sucursais

A Conquista que cabe meio mundo
Tem aos sábados um andar de preguiça
É quando o catingueiro meio tonto, vagabundo
Se embriaga no Corredor da Felícia

Saudemos com honra a Cidade
Que aos cento e sessenta e oito anos depois
Saboreia seu canto de maior idade
Como dois amantes, só dois...

Seu amparo telúrico, agasalho.
Carregado de gente, de fruta e de flor
Faz sentir o chão limpo assoalho
A Cidade das Rosas, esplendor.

Por isso te gostamos, Conquista
Mesmo quando parece nos esquecer
Se és muitas, Jurema, Bela Vista
Sempre somos, para ti, o teu ser.

2 comentários:

Anônimo disse...

Paulo,

Lindíssimo, amo conquista, gosto quando falam dela assim.

Até...

Anônimo disse...

Paulo, parabéns pelo belo poema. Representativo, à altura dos mais belos versos de João Cabral e do Joaquim Cardozo. Coincidentemente, dois cidadaõs do mundo, nascidos, como você, em Pernambuco. Um abraço,

Valter