quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Minha memória da ditadura

Por Arnon Chagas

Li um artigo do Dr. Afrânio Garcez no Blog do Anderson ou no da Resenha Geral (Tenho memória) e me encorajou também de relatar um resumo da minha memória sobre anos da ditadura militar. Como o assunto é delicado, sinto-me vacilante e o acanhamento me invade. Antes porém dirijo ao leitor a mesma solicitação instante do grande místico Frei Tomé. “A todos peço pela amor de Deus, paciência para as minhas imperfeições e emendas para as minhas ignorâncias.” Me lembro muito bem, com apenas 12 anos de idade, meu irmão Gésner Chagas preparando-se para entrar na política, não perdia de ouvir: O globo no ar, O repórter Esso, e, ainda era assinante das revistas: O cruzeiro, Manchete e Fatos e Fotos e mais o jornais da época. Era bem informado.

O governo João Goulart passava intranquilidade para toda família brasileira com suas idéias e reformas socialistas. A ameaça de implantar o comunismo no Brasil era constante. Foi quando os governadores dos mais importantes estados do Brasil se uniram: Carlos Lacerda da Guanabara, Ademar de Barros de São Paulo e Magalhães Pinto de Minas Gerais, me lembro até de alguns Militares comandante de exércitos, Mourão Filho e Amauri Crúell, estes dois ficaram na minha memória. Meu irmão David Chagas hoje residente no Rio de Janeiro, servia o exército e ficou em regime fechado no Tiro de guerra, aguardando ordens militares . Pois bem, o Presidente Goulart foi deposto. O povo comemorava nas ruas com bandeiras, dando viva aos opositores de Goulart, ouvia se o hino nacional e o povo vibrava. O Marechal Castelo branco assume colocando ordem no pais e controlando a inflação que era insustentável.

Claro que ninguém queria uma ditadura, nem prisões de homens públicos, nem atos institucionais, como AI-05, nem torturas, o lado negro da ditadura. Queria sim o retorno do país ao regime democrático, com desenvolvimento. Mas infelizmente esse sonho custou vidas, fomos submetido a uma ditadura não desejada e vários governos se sucederam. Me lembro de um episódio muito depois, no CEUSC –Casa do estudante de Vitória da Conquista, em Salvador, numa invasão do DOPS, três sobrinhos meus foram presos e um baleado, numa ação de repressão. Mas os governos militares não foram totalmente em vão, Quem sabe se não fosse aquele 64, nós não seriamos uma nação mergulhada numa ditadura socialista; mais forte, com mais repressão e duradoura, haja visto que essas ditaduras resistem até os nossos dias, a exemplo de cuba, Coreia do Norte, China e outras de um só partido. Louvamos realmente a figura do Dr. Ulisses Guimarães que liderou o movimento democrático. Há de ressaltar que o movimento teve também o seu lado ruim: Atos de vandalismo, e até de terrorismos, que foi deixado de lado, tudo valia em nome da democracia. Ainda bem que hoje vivemos num país democrático, que atualmente tem um governo com um discurso bonito, mas, frouxo na segurança, lento no progresso, e mentiroso nas idéias. Só não está pior, porque encontrou um pais sem inflação, com um real valorizado, graças ação do ex presidente Fernando Henrique.

E hoje ainda tem muitos que defendem uma emenda na constituição para que o governo Lula permaneça. Praticamente defendendo uma nova ditadura. Até acho que esse governo já está se identificando com a ditadura, porque tem como aliados os ex-presidentes Sarney e Collor, Delfim Neto e tantos outros...

Ainda bem que estamos num regime democrático e este é o momento de reflexão. Mudar se for preciso. O país não é só constituído de sem terra, nem só de sindicalistas, que estão achando tudo maravilhoso.

Unamos, pois, os nossos esforços e lembramo-nos de uma frase célebre – querer é poder.

2 comentários:

AFRANIO GARCEZ disse...

Caro Arnon. Certamente você me conheçe mais do imagina, e sei que você também possui memória. O seu artigo e suas posições bem demonstram tais fatos. A OEA já se posiciona com moções contra a volta de regimes totalitários na América Latina, e isso é fato, é só ver as tristes figuras como Evo Morales, Hugo Chaves e outros.Conheço e tenho uma boa amizade com os seus 3 sobrinhos, que foram meus conteporâneos no CEUSC, em Salvador, inclusive, para não ser injusto até deixei de citar outros nomes, como Drs. Jorge Maia, José Maria Gomes Melo,Francisco Paulo (médico)Robertinho já falecido (engenheiro civil)Gildásio Cruz e "Gilbertão" etc. Quando foi fundado o CEUSC eu lá já estava e funcionava na Rua Coqueiros da Piedade, nº 68, depois na Rua Inácio Tosta, e Rua do Alvo, na Saúde, e finalmente no seu declinio no Pelourinho. Nós homens livres e de bons costumes, temos que lutar sim pela liberdade, igualdade e fraternidade. E sinto-me honrado emtê-lo como meu leitor. Concordo com o que você escreve, e o faz muito bem, principalmente ao expressar as suas ideias nos tópicos finais do seu artigo. Fato é, que o PT e seus aliados estão em franca decadência, já até passou do campo de identificação com a Ditadura, e somente para relembrar, quando da invasão do CEUSC na Rua Inácio Tosta, lá estava eu, um adolescente, levado a sede da Polícia Federal, com alguns dos seus sobrinhos e interrogado como um delinquente. Suave é a liberdade.Benéfica é a igualdade, Justa é a fraternidade. Parbéns, e continue nós brindando com suas opiniões e artigos que sei serão de imensa valia para a nossa população. Quanto ao seu tio, o vereador de saudoso memória Gesner Chagas, mesmo sendo da Arena, foi um homem sério, honesto, bondoso, e um democrata, na verdade nem de longe representava o regime ditatorial. Amanhã completa 29 anos da morte de Dona Lydia Monteiro, secretária da OAB/Nacional, leia o meu artigo publicado hoje no blog da resenha geral. Você merece a minha admiração, e o meu afeto, pois nós conhecemos há milhares de anos. Caso queira entrar en contato comigo, peça ao anderson o meu e-mail e será um prazer falar com você. Sou um homem em paz com a minha consciência, assim como sei que voc^Çe também o é. Um trp.`. abraço. Afranio Garcez.

AFRANIO GARCEZ disse...

Caro Arnon, faço apenas uma ressalva, e peço-lhe desculpas, pois citei o Vereador Gesner Chagas, como seu tio, quando na verdade é seu irmão. E como sou homem de palavra, reitero o meu convite para que continue a escrever, pois este seu artigo me fez sentir muito bem, e ter você como leitor melhor ainda. S.´.F.´. U.´. Afranio Leite Garcez.