Mallu Magalhães fala de mercado fonográfico, autoconfiança, disco novo e Festival de Inverno Bahia em entrevista à Assessoria de Imprensa
Suave e pausada, como suas próprias músicas. Assim se reflete a entrevista que Mallu Magalhães concedeu à Assessoria de Imprensa do Festival de Inverno Bahia. Inteligente, informada e coerente em seus posicionamentos, Mallu termina por confirmar o que a crítica costuma apontar: um fenômeno em formação, e, possivelmente, um futuro gênio da música. Na entrevista, a jovem artista fala da mudança do mercado fonográfico, o efeito de sua música, suas influências, fãs, disco novo e, claro, Festival de Inverno Bahia. Detalhe: ela está superinformada sobre o evento. Confira, abaixo, a entrevista.
Assessoria de Imprensa – Festival de Inverno Bahia - Seu trabalho começou a ficar conhecido a partir do fenômeno dos canais de Internet. Você gosta e acompanha constantemente essa mudança no mercado de divulgação da música? O que você tem escutado de novo e que já comenta?
Mallu Magalhães – Acompanho como eu posso essa mudança do mercado fonográfico e cultural. No meio musical eu tenho mais interesse por artistas mais antigos. Não deixo de me interessar pelo que está surgindo, mas meu gosto musical fica meio que depositado nas coisas que já passaram. Ainda assim, têm várias bandas que admiro, tipo a banda Jennifer Low-Fi, que eu gosto pra caramba e já toquei com eles. Conheceram-se pelo My Space e é superinteressante, bem legal. Tem outras, como Móveis Coloniais de Acaju, que está acontecendo e eu gosto.
FIB - É curioso o resultado do efeito de sua música. Como é o processo de criação dela? É como fazer uma poesia, onde você para em qualquer lugar e transforma suas sensações em letra e som ou você já está no esquema de ter que ir pro estúdio e compor na atmosfera do lugar?
MM – O processo de criação de minha música é muito variado. Cada hora acontece de um jeito. Basicamente é como se fosse como um vento batendo com a ideia da canção que chega em meu coração. E meu trabalho como compositora é transpor aquela inspiração pro papel, tentando materializar com palavras, traduzindo em qualquer língua. Tem vezes que eu sento e toco uns acordes e logo já me vem um riff e as palavras que ali encaixam. Mas também acontece muito de eu escrever uma frase num caderno e depois rola de eu encaixar ela numa outra composição. A composição é mais uma tradução do estado de espírito. Dependendo da situação, ela voa, sai de um jeito.
FIB - A música folk, influência pra sua própria música, sempre teve uma aura muito forte de ligação com o ativismo social. O Festival de Inverno Bahia, nesta edição, trabalha com uma temática socioambiental. E a geração jovem atual tem ficado também mais alerta pra estas questões. Você também se liga nesse assunto?
MM – Eu sempre tive uma grande preocupação com essa questão socioambiental. Desde pequena eu fazia ações comunitárias, já tive vários contatos com comunidades carentes, desde os índios até as favelas. Sempre me interessei pra caramba com a questão social. Atualmente, nossa própria geração vem dando bastante espaço pra esta questão mais ambiental. Ainda faltam espaços e falta a juventude ser mais ativista. Pelo pouco que vejo e pela própria história do país, do mundo, das sociedades, a gente vem tendo bastante preocupação com isso e as coisas tem melhorado. Eu pesquiso notícias e tento sempre contribuir com a questão da sustentabilidade. Acho muito interessante essa coisa do Festival de Inverno Bahia trabalhar com esta questão, porque isso potencializa a importância desse assunto. Acho importante apresentar isso pra juventude, como uma coisa legal de se ver e fazer, sem ser uma coisa chata. Pra um festival que vai tocar desde rock a forró, entre outros ritmos, e que reúne bandas como Skank ou o Teatro Mágico, e traz temas interessantes, é superinteligente, e as pessoas terminam percebendo a dimensão do problema que está acontecendo.
FIB - Você já cria expectativa pro Festival de Inverno Bahia, em Vitória da Conquista? Já ouviu falar sobre a peculiaridade deste festival de inverno num estado ensolarado como a Bahia?
MM – Eu estou criando bastante expectativa pro festival. Apesar de faltar ainda alguns dias, eu já começo a elaborar tudo. Eu me informo sobre o festival porque ele é realmente grande, já está na quinta edição, e ele tem uma visibilidade que, mesmo que eu não seja da Bahia, aqui em São Paulo eu tenho sempre acesso às informações sobre ele. Sempre vejo o que está acontecendo em torno do festival. Fico ansiosa por conta do tamanho e também pela própria importância do festival. São muitas bandas e artistas consolidados e respeitados que vão tocar, também. E eu tenho a expectativa de contribuir com este movimento de preservação. O fato de o festival plantar mil árvores pra diminuir o efeito da emissão dos gases, retratar as ações no site oficial, eu termino me sentindo uma participante do movimento. Além de tudo, apesar de dizerem que é bem fria, Vitória da Conquista está na Bahia e eu tenho uma paixão enorme pela Bahia.
FIB - O que te deixa com uma sensação de completude: que os fãs gritem seu nome e peçam autógrafos ou que alguém se aproxime e diga que gosta, especialmente, de suas composições poéticas?
MM – A sensação de completude é muito complicada. Essa coisa dos fãs gritarem o nome do artista, pedirem autógrafo...é um jeito de expor o que eles sentem e como a música está batendo no peito. E essa atitude de se aproximar e dizer que admira pra caramba, do fundo do coração, do jeito que escrevo ou canto, eu também valorizo. Cada demonstração de carinho eu valorizo. Se a pessoa, de longe, balançar a cabeça, num movimento de aprovação, ou a pessoa chorar, com certa histeria, pra mim é valioso. Qualquer demonstração favorece essa minha sensação de completude. Ao mesmo tempo, essa sensação vem de muitos outros fatores, da minha própria vida pessoal, da aprovação das pessoas próximas de mim e da minha própria autoaprovação, que é bem complicada e pesa pela aprovação do público.
FIB - Você costuma reafirmar sua autenticidade a você mesma ou, com esta experiência das constantes investidas da crítica e da mídia em geral, às vezes, não dá pra escapar de inventar alguns papéis pra saciar as vontades do público? Já passa por sua cabeça essa ideia de que você é um ídolo de muitos jovens?
MM – Essa coisa de você ser autêntico não tem muito mistério. Você tem que ser você. O problema é que a gente já é um conjunto de reflexos do mundo. É difícil ser uma coisa nova se você já nasceu num mundo velho. Eu, pessoalmente, sofro influências de coisas que já passaram e – pra minha formação do atual – de coisas que ainda estão por vir. Poxa, eu gosto ouvir tanto o Chico Buarque, o Tom Jobim e Nara Leão, como também o disco novo do Caetano ou as coisas mais novas possíveis. É claro que eu acabo saciando uma vontade do público de um personagem que eu formei há um ano e meio ou dois. Eu tenho noção de que as pessoas querem que eu toque “Tchubaruba” e eu vou tocar porque eu sei que vão querer. Assim como vou tocar uma música do Chico, porque sei que alguém pode gostar também. Além de saciar a vontade do próximo, o que mais quero saciar é a minha vontade, é a minha autenticidade. Mas, no final das contas, eu não sei ainda quem eu sou e ninguém também sabe quem é. A crítica, por exemplo, às vezes mete o pau e diz que eu estou perdendo a minha identidade, mas ainda bem que eu sou uma metamorfose ambulante. É muito melhor do que construir um personagem e viver sempre daquele jeito. Eu sou muito contente e confiante com as minhas mudanças. Eu acho que o fã que é fã, ou o jornalista e o crítico que gostam, são fiéis e admiram as mudanças do artista. As pessoas que gostam de mim, vão continuar gostando. Quer dizer, eu espero né? (rs).
FIB - Depois dos celebrados CD e DVD, quais são os planos? O Festival de Inverno Bahia vai ter a chance de ver você tocar novas canções suas?
MM – Agora a gente está ensaiando pro segundo disco. A escolha do Kassin como produtor foi ótima – pela própria experiência, inteligência e talento dele– e me deixa muito confiante. No início tive falta de confiança na minha apresentação das novas composições, mas agora estou muito bem em relação ao disco. Estou indo fundo nas experiências, e vai ser um trabalho que vai aprofundar minhas primeiras tentativas, ampliando meu estilo musical. Além de eu ter ido a fundo no folk, também tem muita música brasileira na influência, na execução dos acordes, nos instrumentos. Vai ser um disco de transição. Também quero continuar fazendo os festivais e shows que gosto de fazer. Vamos pra Portugal pra fazer o festival Sudoeste e tem o Festival de Inverno Bahia que acho que vai ser demais. Eu vou aproveitar o público baiano e brasileiro pra tocar as músicas que eu ando compondo, experimentar outros instrumentos, em português e inglês, porque faço meio a meio, e me sinto muito livre. Vira e mexe me falam “poxa, guarda algumas”, mas não consigo porque tenho uma vontade enorme de abrir meu coração, por mais que isso me doa. Eu me sinto uma nuvem no mundo, meio que ainda em formação. Então, é isso: CD, Festival de Inverno Bahia e alegria (rs).
03/8/2009
Assessoria de Imprensa Festival de Inverno Bahia 2009
Agência vOceve Multicomunicação
Entrevista: Marco Antonio J. Melo
Assessoria de Imprensa – Festival de Inverno Bahia - Seu trabalho começou a ficar conhecido a partir do fenômeno dos canais de Internet. Você gosta e acompanha constantemente essa mudança no mercado de divulgação da música? O que você tem escutado de novo e que já comenta?
Mallu Magalhães – Acompanho como eu posso essa mudança do mercado fonográfico e cultural. No meio musical eu tenho mais interesse por artistas mais antigos. Não deixo de me interessar pelo que está surgindo, mas meu gosto musical fica meio que depositado nas coisas que já passaram. Ainda assim, têm várias bandas que admiro, tipo a banda Jennifer Low-Fi, que eu gosto pra caramba e já toquei com eles. Conheceram-se pelo My Space e é superinteressante, bem legal. Tem outras, como Móveis Coloniais de Acaju, que está acontecendo e eu gosto.
FIB - É curioso o resultado do efeito de sua música. Como é o processo de criação dela? É como fazer uma poesia, onde você para em qualquer lugar e transforma suas sensações em letra e som ou você já está no esquema de ter que ir pro estúdio e compor na atmosfera do lugar?
MM – O processo de criação de minha música é muito variado. Cada hora acontece de um jeito. Basicamente é como se fosse como um vento batendo com a ideia da canção que chega em meu coração. E meu trabalho como compositora é transpor aquela inspiração pro papel, tentando materializar com palavras, traduzindo em qualquer língua. Tem vezes que eu sento e toco uns acordes e logo já me vem um riff e as palavras que ali encaixam. Mas também acontece muito de eu escrever uma frase num caderno e depois rola de eu encaixar ela numa outra composição. A composição é mais uma tradução do estado de espírito. Dependendo da situação, ela voa, sai de um jeito.
FIB - A música folk, influência pra sua própria música, sempre teve uma aura muito forte de ligação com o ativismo social. O Festival de Inverno Bahia, nesta edição, trabalha com uma temática socioambiental. E a geração jovem atual tem ficado também mais alerta pra estas questões. Você também se liga nesse assunto?
MM – Eu sempre tive uma grande preocupação com essa questão socioambiental. Desde pequena eu fazia ações comunitárias, já tive vários contatos com comunidades carentes, desde os índios até as favelas. Sempre me interessei pra caramba com a questão social. Atualmente, nossa própria geração vem dando bastante espaço pra esta questão mais ambiental. Ainda faltam espaços e falta a juventude ser mais ativista. Pelo pouco que vejo e pela própria história do país, do mundo, das sociedades, a gente vem tendo bastante preocupação com isso e as coisas tem melhorado. Eu pesquiso notícias e tento sempre contribuir com a questão da sustentabilidade. Acho muito interessante essa coisa do Festival de Inverno Bahia trabalhar com esta questão, porque isso potencializa a importância desse assunto. Acho importante apresentar isso pra juventude, como uma coisa legal de se ver e fazer, sem ser uma coisa chata. Pra um festival que vai tocar desde rock a forró, entre outros ritmos, e que reúne bandas como Skank ou o Teatro Mágico, e traz temas interessantes, é superinteligente, e as pessoas terminam percebendo a dimensão do problema que está acontecendo.
FIB - Você já cria expectativa pro Festival de Inverno Bahia, em Vitória da Conquista? Já ouviu falar sobre a peculiaridade deste festival de inverno num estado ensolarado como a Bahia?
MM – Eu estou criando bastante expectativa pro festival. Apesar de faltar ainda alguns dias, eu já começo a elaborar tudo. Eu me informo sobre o festival porque ele é realmente grande, já está na quinta edição, e ele tem uma visibilidade que, mesmo que eu não seja da Bahia, aqui em São Paulo eu tenho sempre acesso às informações sobre ele. Sempre vejo o que está acontecendo em torno do festival. Fico ansiosa por conta do tamanho e também pela própria importância do festival. São muitas bandas e artistas consolidados e respeitados que vão tocar, também. E eu tenho a expectativa de contribuir com este movimento de preservação. O fato de o festival plantar mil árvores pra diminuir o efeito da emissão dos gases, retratar as ações no site oficial, eu termino me sentindo uma participante do movimento. Além de tudo, apesar de dizerem que é bem fria, Vitória da Conquista está na Bahia e eu tenho uma paixão enorme pela Bahia.
FIB - O que te deixa com uma sensação de completude: que os fãs gritem seu nome e peçam autógrafos ou que alguém se aproxime e diga que gosta, especialmente, de suas composições poéticas?
MM – A sensação de completude é muito complicada. Essa coisa dos fãs gritarem o nome do artista, pedirem autógrafo...é um jeito de expor o que eles sentem e como a música está batendo no peito. E essa atitude de se aproximar e dizer que admira pra caramba, do fundo do coração, do jeito que escrevo ou canto, eu também valorizo. Cada demonstração de carinho eu valorizo. Se a pessoa, de longe, balançar a cabeça, num movimento de aprovação, ou a pessoa chorar, com certa histeria, pra mim é valioso. Qualquer demonstração favorece essa minha sensação de completude. Ao mesmo tempo, essa sensação vem de muitos outros fatores, da minha própria vida pessoal, da aprovação das pessoas próximas de mim e da minha própria autoaprovação, que é bem complicada e pesa pela aprovação do público.
FIB - Você costuma reafirmar sua autenticidade a você mesma ou, com esta experiência das constantes investidas da crítica e da mídia em geral, às vezes, não dá pra escapar de inventar alguns papéis pra saciar as vontades do público? Já passa por sua cabeça essa ideia de que você é um ídolo de muitos jovens?
MM – Essa coisa de você ser autêntico não tem muito mistério. Você tem que ser você. O problema é que a gente já é um conjunto de reflexos do mundo. É difícil ser uma coisa nova se você já nasceu num mundo velho. Eu, pessoalmente, sofro influências de coisas que já passaram e – pra minha formação do atual – de coisas que ainda estão por vir. Poxa, eu gosto ouvir tanto o Chico Buarque, o Tom Jobim e Nara Leão, como também o disco novo do Caetano ou as coisas mais novas possíveis. É claro que eu acabo saciando uma vontade do público de um personagem que eu formei há um ano e meio ou dois. Eu tenho noção de que as pessoas querem que eu toque “Tchubaruba” e eu vou tocar porque eu sei que vão querer. Assim como vou tocar uma música do Chico, porque sei que alguém pode gostar também. Além de saciar a vontade do próximo, o que mais quero saciar é a minha vontade, é a minha autenticidade. Mas, no final das contas, eu não sei ainda quem eu sou e ninguém também sabe quem é. A crítica, por exemplo, às vezes mete o pau e diz que eu estou perdendo a minha identidade, mas ainda bem que eu sou uma metamorfose ambulante. É muito melhor do que construir um personagem e viver sempre daquele jeito. Eu sou muito contente e confiante com as minhas mudanças. Eu acho que o fã que é fã, ou o jornalista e o crítico que gostam, são fiéis e admiram as mudanças do artista. As pessoas que gostam de mim, vão continuar gostando. Quer dizer, eu espero né? (rs).
FIB - Depois dos celebrados CD e DVD, quais são os planos? O Festival de Inverno Bahia vai ter a chance de ver você tocar novas canções suas?
MM – Agora a gente está ensaiando pro segundo disco. A escolha do Kassin como produtor foi ótima – pela própria experiência, inteligência e talento dele– e me deixa muito confiante. No início tive falta de confiança na minha apresentação das novas composições, mas agora estou muito bem em relação ao disco. Estou indo fundo nas experiências, e vai ser um trabalho que vai aprofundar minhas primeiras tentativas, ampliando meu estilo musical. Além de eu ter ido a fundo no folk, também tem muita música brasileira na influência, na execução dos acordes, nos instrumentos. Vai ser um disco de transição. Também quero continuar fazendo os festivais e shows que gosto de fazer. Vamos pra Portugal pra fazer o festival Sudoeste e tem o Festival de Inverno Bahia que acho que vai ser demais. Eu vou aproveitar o público baiano e brasileiro pra tocar as músicas que eu ando compondo, experimentar outros instrumentos, em português e inglês, porque faço meio a meio, e me sinto muito livre. Vira e mexe me falam “poxa, guarda algumas”, mas não consigo porque tenho uma vontade enorme de abrir meu coração, por mais que isso me doa. Eu me sinto uma nuvem no mundo, meio que ainda em formação. Então, é isso: CD, Festival de Inverno Bahia e alegria (rs).
03/8/2009
Assessoria de Imprensa Festival de Inverno Bahia 2009
Agência vOceve Multicomunicação
Entrevista: Marco Antonio J. Melo
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