quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Sem ser julgado, suspeito de assassinato em Montes Claros morre em Conquista

Luiz Ribeiro, Estado de Minas

Morreu em Vitória da Conquista, no interior da Bahia, nesta semana, o empresário Dalmar Ferraz de Melo, de 59 anos, apontado como principal suspeito de ser o mandante do assassinato do radialista Rosalvo Teixeira Bastos, de 28, e da namorada dele, a pedagoga Daniela Costa Oliveira, de 24, ocorrido em 4 de maio de 2002, em Montes Claros, no Norte de Minas. A morte do casal, investigada pelo delegado de Homicídios Paulo Bittencourt, foi um crime de grande repercussão na cidade, mas continua impune.

Dalmar Ferraz foi apontado como mandante, juntamente com o seu filho, Dalmar Ferraz de Melo Júnior. Mas, os dois sempre negaram qualquer participação no assassinato. Na terça-feira à tarde, o advogado Eustáquio Crusoé, contratado por Dalmar Ferraz, voltou a dizer que não existem provas contra o empresário "e muito menos contra seu filho". O casal foi morto a tiros e a facadas na porta da casa dos pais de Daniela, no centro de Montes Claros. De acordo com as investigações, Rosalvo e Daniela foram assassinatos por dois homens, que estariam numa motocicleta. Mas eles fugiram sem ser identificados.

Em julho de 2001, o estudante Danilo Ferraz de Melo, filho de Dalmar Ferraz, foi encontrado morto na suíte de um motel em Montes Claros. O delegado Paulo Bittencourt concluiu que Danilo se suicidou. O estudante estava em companhia da noiva, Adriana Costa Oliveira, irmã de Daniela. A partir de então surgiu a suspeita de que Dalmar Ferraz, com a ajuda do filho Dalmar Júnior, teria encomendado a morte de Daniela e do seu noivo, Rosalvo, para vingar da família de Adriana, conforme consta no inquérito presidido por PauloBittencourt.

Algum tempo depois da morte do casal, Dalmar Ferraz, juntamente com sua família, se mudou para Vitória da Conquista, onde tinha negócios. O empresário e seu filho foram denunciados pelo Ministério Público por duplo homicídio qualificado e chegaram a ser pronunciados pela Justiça de Montes Claros para serem levados a júri popular. Os seus advogados entraram com recurso especial contra a pronúncia no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Dalmar morreu de infecção generalizada no último domingo, em um hospital de Vitória da Conquista, onde estava internado havia 20 dias. O advogado Eustáquio Cruosé disse que, com a morte do principal suspeito, o processo tem prosseguimento normal, objetivando o julgamento de Dalmar Ferraz Júnior. "A questão é que não existe nenhuma prova nos autos", sustenta.

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