Filha de um fazendeiro conservador, seguidor da Igreja Batista, irmã de dez homens e três mulheres, nenhum deles artista (“mas tem médico, engenheiro...”), dona Lúcia é mestra em recriar paradigmas.
Ainda em Vitória da Conquista, paquerada por um homem que lhe vendia perfumes e tecidos, previu um futuro em Salvador. Com Adamastor, teve três filhos, sendo que o nome de um deles já estava definido há muito tempo, desde quando ela tinha 13 anos e leu uma biografia de um cientista alemão chamado Rudolf Glauber. Na época, gostou tanto da sonoridade do sobrenome do inventor do sulfato de sódio que decidiu:
— Quando casar e tiver um filho, vou botar o nome de Glauber!
Anos depois, levava seu próprio inventor à matinê, em troca de arrastá-lo para a igreja, aos domingos. Já em Salvador, viu crescer o talento dos filhos Glauber, Anecy e Marcelina, pouco a pouco. Como alento ao fato de não ter podido estudar teatro, as crianças abriam-lhe oportunidades de um contato direto com a arte.
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Quando Glauber tinha nove anos, recebeu o convite para ser figurinista de uma peça dele. Aceitou de imediato. Depois, exerceu a função nos longas-metragens do filho, como Barravento (1961) e Deus e Diabo na Terra do Sol (1964), assim como em filmes de outros diretores, como Walter Lima Jr. e Joaquim Pedro. E também para um show dos Novos Baianos, realizado em 1971, no Teatro Casa Grande, no Rio de Janeiro, onde criou, com Anecy e Ana Lú, roupas de personagens bíblicos.
— Foi Glauber quem me deu a chance!
Pois Lúcia fez muito mais pelo filho: pagou a primeira câmera (achando que era um carro); saiu de casa às 4h da manhã para levá-lo para conhecer as locações de Barravento, na praia de Buraquinho; vendeu todos os imóveis para financiar os longas de Glauber, inclusive sua casa em Salvador, para bancar o último filme dele, A Idade da Terra (1980).
— Não me arrependo, não — conta, animada. — Hoje, moro de aluguel, mas o filme está aí. E é um grande filme. Glauber disse, numa entrevista, que foi o que ele mais gostou de fazer. Então, para mim, foi…
Revista Muito/A Tarde
Ainda em Vitória da Conquista, paquerada por um homem que lhe vendia perfumes e tecidos, previu um futuro em Salvador. Com Adamastor, teve três filhos, sendo que o nome de um deles já estava definido há muito tempo, desde quando ela tinha 13 anos e leu uma biografia de um cientista alemão chamado Rudolf Glauber. Na época, gostou tanto da sonoridade do sobrenome do inventor do sulfato de sódio que decidiu:
— Quando casar e tiver um filho, vou botar o nome de Glauber!
Anos depois, levava seu próprio inventor à matinê, em troca de arrastá-lo para a igreja, aos domingos. Já em Salvador, viu crescer o talento dos filhos Glauber, Anecy e Marcelina, pouco a pouco. Como alento ao fato de não ter podido estudar teatro, as crianças abriam-lhe oportunidades de um contato direto com a arte.
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Quando Glauber tinha nove anos, recebeu o convite para ser figurinista de uma peça dele. Aceitou de imediato. Depois, exerceu a função nos longas-metragens do filho, como Barravento (1961) e Deus e Diabo na Terra do Sol (1964), assim como em filmes de outros diretores, como Walter Lima Jr. e Joaquim Pedro. E também para um show dos Novos Baianos, realizado em 1971, no Teatro Casa Grande, no Rio de Janeiro, onde criou, com Anecy e Ana Lú, roupas de personagens bíblicos.
— Foi Glauber quem me deu a chance!
Pois Lúcia fez muito mais pelo filho: pagou a primeira câmera (achando que era um carro); saiu de casa às 4h da manhã para levá-lo para conhecer as locações de Barravento, na praia de Buraquinho; vendeu todos os imóveis para financiar os longas de Glauber, inclusive sua casa em Salvador, para bancar o último filme dele, A Idade da Terra (1980).
— Não me arrependo, não — conta, animada. — Hoje, moro de aluguel, mas o filme está aí. E é um grande filme. Glauber disse, numa entrevista, que foi o que ele mais gostou de fazer. Então, para mim, foi…
Revista Muito/A Tarde
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