segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Falta de infra-estrutura do estado impede crescimento

Estradas esburacadas, portos saturados, precariedade do sistema ferroviário, morosidade nas liberações das licenças ambientais, restrições do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) na capital e falta de mão-de-obra qualificada. Essas são apenas algumas das desvantagens competitivas do estado, também conhecida como custo Bahia, termo que retrata um conjunto de dificuldades estruturais, burocráticas e econômicas que encarecem os investimentos, dificultando o desenvolvimento e a atração de novos negócios.

Apesar de possuir o sexto maior Produto Interno Bruto (PIB) do país, com volume estimado em R$109,7 bilhões, no ano passado, a Bahia teve uma expansão na sua economia, segundo levantamento da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), de 4,5%, crescimento abaixo da média nacional, que foi de 5,4%.

Para o professor de economia Oswaldo Guerra, da Ufba, a principal desvantagem competitiva da Bahia para atrair novos investimentos é a infra-estrutura logística, incluindo portos, rodovias e ferrovias.

Ele lembra que uma pesquisa da UFRJ, divulgada este ano e já publicada pelo CORREIO, posicionou o porto da capital baiana como o pior do Brasil, dentre os 18 principais do país. “Isso é terrível para as empresas que têm comércio exterior, pois o escoamento por estradas só é viável se houver proximidade física entre aempresa e o destino da mercadoria”, diz.

Guerra afirma que a Bahia está dividida em dois mundos: um desenvolvido, que é composto por todo o litoral baiano e pela região oeste, e o super- atrasado,que compreende a região do semi-árido.

Segundo ele, o principal problema logístico da agricultura baiana é que a produção está concentrada no oeste, mas o centro consumidor não.“Para os produtos chegarem ao porto de Salvador, que já está muito saturado,têm que vir de caminhão. Com as péssimas condições das rodovias baianas, o preço do frete sobe, aumentando assim o custo Bahia”, declara o economista.

Para solucionar esse problema, que vem afastando a instalação de novas empresas no estado, Guerra defende a construção da Ferrovia Oeste- Leste, estimada em R$2,5 bilhões. Ela possibilitará o escoamento da produção de grãos e minério do oeste e sudoeste do estado, por exemplo, pelo Porto de Aratu, diminuindo o frete e aumentando a competitividade. “É fundamental ligarmos esse dois mundos”, destaca.

Segundo o professor, a Bahia produz bens intermediários e bens de consumo final, masograndemercadoconsumidor não é o próprio estado, mas sim a região Sudeste e o exterior.

Problemas geram perda de competitividade


O secretário estadual de Planejamento, Ronald Lobato, diz que o estado, junto com o Governo Federal, possui um “programa ambicioso” para sanar os inúmeros problemas de infra-estrutura, com investimentos que devem chegar a R$ 24 bilhões até 2010.

Ainda assim, ele confessa que um dos principais motivos para a Bahia perder competitividade para outros estados brasileiros é a precária situação para o funcionamento de qualquer atividade. “A nossa logística está atrasada há 30 anos”, admite.

“Já estamos terminando o Sistema Viário Dois de Julho, que liga o município de Lauro de Freitas à RMS. Os estudos do sistema viário BA-093, composto por dez trechos rodoviários (200km), devem ser concluídos em janeiro, para daí darmos início ao processo de licitação. Além disso, já lançamos os editais da Via Portuária e das BRs 116 e 324 e estamos ampliando o Aeroporto de Salvador”, declara Lobato.

Em relação ao Porto de Salvador, o secretário disse que, embora seja de responsabilidade do governo federal, o estado tem se esforçado para expandi- lo. Segundo ele, os primeiro passos para desafogar o terminal de Salvador, o pior do Brasil, já foram dados, através da conclusão dos estudos e da liberação da licença ambiental. “Queremos mais que dobrar a capacidade de cargas conteinerizadas do Porto de Salvador”, afirma, acrescentando que, após isso, a Bahia estará na frente de vários estados do país.


(Notícia publicada na edição de 07/12/2008 no CORREIO)


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