Grandes redes supermercadistas ampliam presença em cidades de médio porte da Bahia em busca de novos mercados
xO aumento na renda média do consumidor brasileiro está levando a velha batalha entre as redes supermercadistas para novos fronts. Além do interesse em estar mais próximos do público que se tornou objeto de desejo dos empreendedores, aponta-se um nível de concorrência muito acirrado nos centros tradicionais.
Por isso, os gigantes do varejo têm visto nas cidades de pequeno e médio portes do interior baiano os locais ideais para direcionar seus investimentos milionár ios.
Apesar de continuar investindo na expansão dos negócios em Salvador e Feira de Santana, cidades de população média, como Juazeiro, Vitória da Conquista, Jequié, Itabuna, Ilhéus, Santo Antônio de Jesus e Cruz das Almas começam a se tornar alvos das investidas do setor.
As classes C e D devem mesmo ser levadas em conta na definição de negócios, ressalta o economista Armando Avena. “Nos últimos anos, presenciou-se uma acentuada mudança na estrutura de classes na Bahia”, destaca.
Com base em pesquisas sobre mobilidade social, afirma que entre o ano de 2002 e 2008, 220 mil pessoas ascenderam à classe média. “Este movimento começa a dinamizar a economia porque essa gente toda vai buscar o acesso aos bens de consumo.
Por isso as redes estão indo para o interior”, explica.
O crescimento das cidades médias da Bahia, como Juazeiro, Conquista, Paulo Afonso, entre outras, é outro fator que influencia o movimento, lembra Avena.
“A renda per capita de Paulo Afonso é maior que a de Salvador.
A de Luís Eduardo Magalhães é cinco vezes maior”, analisa, destacando que cidades com este perfil passam a ser vistas como pólos estratégicos para grandes empreendimentos.
CRISE ECONÔMICA –A crise econômica, na concepção do economista, ainda não deve interferir no consumo das classes C e D. “As classes A e B, que acompanham mais de perto o mercado financeiro, já reduziram o ritmo de consumo, mas isto não se verificou ainda nas classes mais baixas”, destaca. Segundo ele, a única coisa que pode vir a frear o ritmo das classes C e D seria um aumento no desemprego. “Para a classe C, a crise está bem longe, e isto deve persistir enquanto os empregos estiverem garantidos”, analisa, explicando que a carteira assinada para as classes mais baixas funciona como uma “porta de entrada para o crédito”.
A opinião é compartilhada pelo doutor em marketing e professor da Universidade Salvador, Rodrigo Ladeira. “O objetivo de todos é atingir a classe C”, explica.
Com o aumento do poder de compra, estes consumidores tornaramse alvos preferenciais de muitos segmentos, especialmente os que trabalham com gêneros alimentícios, ressalta Ladeira.
“Quando este consumidor adquire poder de consumo, a alimentação é uma das primeiras necessidades que procura resolver”, explica. A busca de novos espaços, com uma menor concorrência, também justifica o crescimento dos negócios para o interior do Estado, explica o professor.
“Trata-se de mercados iniciais, portanto mais abertos e com um nível de concorrência menor”, ressalta Ladeira.
INVESTIMENTOS – Este ano, o supermercado Todo Dia, do grupo Wal-Mart, chegou ao interior.
Duas lojas do formato, voltado ao público de baixa renda, foram inauguradas em Cruz das Almas, dia 19 de novembro, e Santo Antônio de Jesus, no dia 17, a 146 km e 187 km da capital. O grupo considera a ida para o interior como a consolidação do formato. “A ida do Todo Dia para o interior consolida o desejo da empresa de expandir os negócios para localidades que vão além dos grandes centros urbanos, por conta do elevado potencial de crescimento dessas cidades”, explica o diretor do formato, Demétrio Magnani.
Em entrevista ao A TARDE em setembro, ele já tinha dito que a empresa pretendia levar os negócios a qualquer lugar onde houvesse grandes concentrações de consumidores das classes C e D. Cada unidade representa um investimento de R$ 5 milhões, com a geração de 50 empregos diretos. Ainda este ano, segundo a assessoria da empresa, deve ser inaugurada uma unidade em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador.
Camaçari, por sinal, aguarda para o próximo ano a chegada de uma unidade do supermercado Atacadão, do grupo Carrefour, no fim do primeiro semestre de 2009. A informação é da assessoria de imprensa da prefeitura. O investimento é estimado em R$ 30 milhões, com a geração de 600 postos de empregos diretos e outros 2,5 mil indiretos.
No último dia 24 de novembro, Feira de Santana ganhou uma unidade do supermercado Mercantil Rodrigues, resultante de um investimento de R$ 28 milhões, gerando 300 empregos diretos e cerca de 900 indiretos. Só este ano, trata-se da 4ª inauguração do grupo chileno Cencosud na principal cidade do interior da Bahia. Os outros três foram da bandeira GBarbosa. O presidente do grupo, Horst Paulmann, falou sobre a importância dos investimentos.
“Em tempos difíceis como os de hoje no mundo, é prioridade dar ou criar novos empregos e cuidar dos que já existem. Por este motivo, temos especial preocupação de criar novas lojas no Nordeste”, diz.
Segundo o presidente da Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Juazeiro (Aciaj), Paulo Henrique Barreto, outras empresas têm demonstrado interesse em investir na região, o que estaria mudando a realidade e abrindo mais espaço para a geração de emprego e renda. “Elas também representam novos recursos para o município, com a arrecadação de impostos”, diz.
Colaborou Cristina Laura Sucursal Juazeiro
Âncoras do comércio, os shopping centers estão ampliando a presença em cidades interioranas. De acordo com um estudo da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), os empreendimentos nessas cidades já representam 46% do total no Brasil.
Há 15 anos, o percentual de shoppings instalados em cidades do interior representava apenas 17% do mercado.
Na Bahia, 10 das 16 unidades filiadas à instituição nacional estão localizadas em Salvador. As outras seis estão em cidades do interior.
DONALDSON GOMES
dogomes@grupoatarde.com.br
Por isso, os gigantes do varejo têm visto nas cidades de pequeno e médio portes do interior baiano os locais ideais para direcionar seus investimentos milionár ios.
Apesar de continuar investindo na expansão dos negócios em Salvador e Feira de Santana, cidades de população média, como Juazeiro, Vitória da Conquista, Jequié, Itabuna, Ilhéus, Santo Antônio de Jesus e Cruz das Almas começam a se tornar alvos das investidas do setor.
As classes C e D devem mesmo ser levadas em conta na definição de negócios, ressalta o economista Armando Avena. “Nos últimos anos, presenciou-se uma acentuada mudança na estrutura de classes na Bahia”, destaca.
Com base em pesquisas sobre mobilidade social, afirma que entre o ano de 2002 e 2008, 220 mil pessoas ascenderam à classe média. “Este movimento começa a dinamizar a economia porque essa gente toda vai buscar o acesso aos bens de consumo.
Por isso as redes estão indo para o interior”, explica.
O crescimento das cidades médias da Bahia, como Juazeiro, Conquista, Paulo Afonso, entre outras, é outro fator que influencia o movimento, lembra Avena.
“A renda per capita de Paulo Afonso é maior que a de Salvador.
A de Luís Eduardo Magalhães é cinco vezes maior”, analisa, destacando que cidades com este perfil passam a ser vistas como pólos estratégicos para grandes empreendimentos.
CRISE ECONÔMICA –A crise econômica, na concepção do economista, ainda não deve interferir no consumo das classes C e D. “As classes A e B, que acompanham mais de perto o mercado financeiro, já reduziram o ritmo de consumo, mas isto não se verificou ainda nas classes mais baixas”, destaca. Segundo ele, a única coisa que pode vir a frear o ritmo das classes C e D seria um aumento no desemprego. “Para a classe C, a crise está bem longe, e isto deve persistir enquanto os empregos estiverem garantidos”, analisa, explicando que a carteira assinada para as classes mais baixas funciona como uma “porta de entrada para o crédito”.
A opinião é compartilhada pelo doutor em marketing e professor da Universidade Salvador, Rodrigo Ladeira. “O objetivo de todos é atingir a classe C”, explica.
Com o aumento do poder de compra, estes consumidores tornaramse alvos preferenciais de muitos segmentos, especialmente os que trabalham com gêneros alimentícios, ressalta Ladeira.
“Quando este consumidor adquire poder de consumo, a alimentação é uma das primeiras necessidades que procura resolver”, explica. A busca de novos espaços, com uma menor concorrência, também justifica o crescimento dos negócios para o interior do Estado, explica o professor.
“Trata-se de mercados iniciais, portanto mais abertos e com um nível de concorrência menor”, ressalta Ladeira.
INVESTIMENTOS – Este ano, o supermercado Todo Dia, do grupo Wal-Mart, chegou ao interior.
Duas lojas do formato, voltado ao público de baixa renda, foram inauguradas em Cruz das Almas, dia 19 de novembro, e Santo Antônio de Jesus, no dia 17, a 146 km e 187 km da capital. O grupo considera a ida para o interior como a consolidação do formato. “A ida do Todo Dia para o interior consolida o desejo da empresa de expandir os negócios para localidades que vão além dos grandes centros urbanos, por conta do elevado potencial de crescimento dessas cidades”, explica o diretor do formato, Demétrio Magnani.
Em entrevista ao A TARDE em setembro, ele já tinha dito que a empresa pretendia levar os negócios a qualquer lugar onde houvesse grandes concentrações de consumidores das classes C e D. Cada unidade representa um investimento de R$ 5 milhões, com a geração de 50 empregos diretos. Ainda este ano, segundo a assessoria da empresa, deve ser inaugurada uma unidade em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador.
Camaçari, por sinal, aguarda para o próximo ano a chegada de uma unidade do supermercado Atacadão, do grupo Carrefour, no fim do primeiro semestre de 2009. A informação é da assessoria de imprensa da prefeitura. O investimento é estimado em R$ 30 milhões, com a geração de 600 postos de empregos diretos e outros 2,5 mil indiretos.
No último dia 24 de novembro, Feira de Santana ganhou uma unidade do supermercado Mercantil Rodrigues, resultante de um investimento de R$ 28 milhões, gerando 300 empregos diretos e cerca de 900 indiretos. Só este ano, trata-se da 4ª inauguração do grupo chileno Cencosud na principal cidade do interior da Bahia. Os outros três foram da bandeira GBarbosa. O presidente do grupo, Horst Paulmann, falou sobre a importância dos investimentos.
“Em tempos difíceis como os de hoje no mundo, é prioridade dar ou criar novos empregos e cuidar dos que já existem. Por este motivo, temos especial preocupação de criar novas lojas no Nordeste”, diz.
Segundo o presidente da Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Juazeiro (Aciaj), Paulo Henrique Barreto, outras empresas têm demonstrado interesse em investir na região, o que estaria mudando a realidade e abrindo mais espaço para a geração de emprego e renda. “Elas também representam novos recursos para o município, com a arrecadação de impostos”, diz.
Colaborou Cristina Laura Sucursal Juazeiro
Âncoras do comércio, os shopping centers estão ampliando a presença em cidades interioranas. De acordo com um estudo da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), os empreendimentos nessas cidades já representam 46% do total no Brasil.
Há 15 anos, o percentual de shoppings instalados em cidades do interior representava apenas 17% do mercado.
Na Bahia, 10 das 16 unidades filiadas à instituição nacional estão localizadas em Salvador. As outras seis estão em cidades do interior.
DONALDSON GOMES
dogomes@grupoatarde.com.br
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