domingo, 9 de novembro de 2008

De Imperial Vila ao maior polo


Por Jerêmias Macário
Foto: JC D´Almeida
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Os verrdadeiros donos destas terras do sudoeste baiano onde hoje está situado o município de Vitória da Conquista, que completou ontem (9 de novembro) 168 anos de emancipação política, eram os Mongoiós ou Monochós, também conhecidos como Camacans, e os Pataxós e Amborés ou Imborés.

A Imperial Vila da Victória, criada por lei imperial datada de 1840, expandiu-se aos poucos na encosta verdejante da Serra do Periperi; foi parada de tropeiros; mudou de nome e cresceu na década de 60 com a chegada da BR-116 (Rio-Bahia); ampliou sua economia com a introdução da cafeicultura no meado dos anos 70; e se firmou no início do século XXI, a partir de novos projetos nas áreas da educação e da saúde, como um dos pólos de maior desenvolvimento do Estado e do Nordeste.

Batalhas sangrentas

A chegada dos primeiros colonizadores portugueses por volta de 1730 e 1734, comandados pelo Mestre-de-Campo João da Silva Guimarães e pelo Capitão-Mór, João Gonçalves da Costa, deu início a uma série de batalhas sangrentas com os índios da terra que durou cerca de um século, culminando com o extermínio dos nativos.





Contam os historiadores que os Mongoiós habitavam anteriormente o território de Ilhéus, vindo depois a se instalarem nessas terras, precisamente entre a atual Praça Tancredo Neves (Jardim das Borboletas), um dos cartões postais da cidade, e no local que recebeu depois o nome de Batalha, do outro lado da encosta da Serra do Periperi, onde se travou a primeira guerra com os colonizadores.





O valente João da Silva Guimarães com sua gente esteve por estas bandas da Ressaca do Sertão, área geográfica entre a caatinga e o litoral (Rio Pardo e Rio das Contas), por volta de 1730, desbravando o território a procura de ouro e pedras preciosas, mas não tinha autorização do rei D. João V, para combater os índios. Isso só foi possível em 1734 quando explorou parte do Rio das Contas até 1744, mas não obteve vitória sobre os índios.





Retornou em 1752 quando sofreu novas derrotas. Numa nova expedição, em 1782, João Guimarães e João Gonçalves da Costa (seu genro) saíram do litoral, cruzaram o Rio das Contas, e travaram a primeira batalha com os Mongoiós. Foi uma sangrenta luta na localidade hoje conhecida como Batalha (9 quilômetros da cidade).





Os bandeirantes perdiam a luta, mas João Gonçalves, como narra a história, resolveu animar seus homens fazendo uma promessa a Nossa Senhora das Vitórias. Se vencesse os índios, elevaria uma capela em seu nome, nascendo a partir daí, a Imperial Vila da Victória e depois Vitória da Conquista.





Até pelos idos de 1933 muitos desses índios continuaram habitando as matas da região de Conquista, mas todos foram expulsos pelos brancos. Na década de 70, o desmatamento se agravou para dar lugar á cafeicultura que logo depois entrou em decadência.





Até antes da instalação da Vila, (1840) na residência do coronel Teotônio Gomes Roseira, situada na Rua Grande (Praça Tancredo Neves), o território pertencia ao município de Caetité. Depois a casa do coronel veio a se tornar Paço Municipal. Naquela data de 9 de novembro foram escolhidos os conselheiros, membros do Concelho Municipal, hoje denominados de vereadores, para cuidar da sua administração. O presidente desse colegiado exercia o cargo de prefeito. O primeiro Concelho foi composto pelos cidadãos Manoel José Vianna, Joaquim Moreira dos Santos, Theotônio Gomes Roseira, Manoel Francisco Soares, Justino Ferreira Campos, Luis Fernandes de Oliveira e Francisco Xavier da Costa.





Com governo próprio, a Vila começou a se organizar e, além do seu Concelho, foi instalada a Casa do Concelho a quem coube aprovar o Código de Posturas, com 80 artigos, para disciplinar os moradores, punir os transgressores e orientar o crescimento urbano, inclusive com regras para preservar os rios e as nascentes. Entre as normas, reprimia o batuque e o hábito de vagar pelas ruas altas horas da noite, especialmente os escravos sem o bilhete do seu senhor. A partir daí foram contratados os primeiros funcionários públicos.





Anos depois, em 1891, Conquista passou de vila a cidade, e as funções do presidente do Concelho Municipal passaram a ser exercidas por um intendente a que deram o nome de prefeito, com autonomia para governar. As ruas eram lamacentas e esburacadas, mas o primeiro intendente Joaquim Correia de Mello adotou algumas providências para melhorar o visual da cidade.





Por cerca de 100 anos, Conquista passou esquecida dos poderes públicos, contrastando com a evolução de outros centros urbanos. Segundo cronistas da época, o esquecimento se deveu mais ao fato da sua distância em relação à capital. Até os anos de 1890, as ruas eram iluminadas por lampiões a gás, depois substituído por carbureto. Só a partir de 1920 veio a energia elétrica.





A cidade só veio a sair do isolamento a partir de 1920 quando um grupo de fazendeiros e comerciantes se reuniu e fundaram um consórcio para construir uma estrada carroçável ligando até Jequié. Nessa época, o trem já existia até Jaguaquara e os trilhos avançavam às terras jequieenses. Com o passar dos anos, o aspecto urbano foi melhorando, mas o conquistense não se preocupou muito com a preservação da sua história, tanto que muitos sobrados e casarões foram sendo derrubados para dar lugar a edificações novas, como o velho barracão acolhedor de tropeiros demolido em 1913.





Para se abastecer, os conquistenses dependiam das mercadorias, transportadas no lombo dos burros, antes das cidades de São Felipe e Cachoeira, e depois vindas de Jequié (150 quilômetros). Mas, Conquista também tocava o gado trazido de Minas Gerais para abastecer o Recôncavo. Por volta de 1940 chegou a Rio-Bahia, asfaltada no início dos anos 60, no Governo de João Goulart. A partir desses anos, Vitória da Conquista não parou mais de crescer, e é hoje a capital do sudoeste e a terceira maior

5 comentários:

Anônimo disse...

Para os estudantes, notadamente do primeiro e segundo graus, um artigo como este deve ser guardado como memória das nossas origens. Melhor ficou com a brilahnte idéia de juntar em forma comparativa as duas fotografias (o ontem e o hoje).

Anônimo disse...

Parabéns ao autor pelo brilhante texto. A história de Conquista é a história da América. Oficialmente, os indios eram os selvagens e os brancos era a civilização. Para ocuparem a terra, os brancos provocaram um exterminio, um holocausto. foi essa, a verdadeira invasão dos bárbaros.Sempre escutei a história da promessa a Nossa Senhora das Vitórias sobre a conqusita da terra. Minha mãe contava que quando estavam construindo o Jardim das Borboletas, na gestão de Edvaldo Flores, muitos ossos humanos foram encontrados naquele local. Mas, como os índios tinham o que chamamos de sangue bom, a cidade floresceu frondosa, farta, bela, porque a terra foi regada, adubada com sangue e corpo dos indígenas. Agora pergunto, há algum monumento, algum margo, alguma rua homenageando essa nação exterminada? Ou a homenagem está nas belas morenas de cabelos longos que passam pelas ruas da cidade?

Anônimo disse...

Com certeza, essas belas morenas, não são descendente daqueles povos, que por aqui viveram!

Anônimo disse...

Com certeza, essas belas morenas, não são descendente daqueles povos, que por aqui viveram!

Anônimo disse...

Com certeza, essas belas morenas, não são descendente daqueles povos, que por aqui viveram!