Nada mais instigante do que iniciar o texto com uma frase edificante, conhecidíssima e atual do notável escritor José Bento Monteiro Lobato (1882-1948); paradoxalmente outro que sequer pertence ao meio literário, Bill Gates, o multimilionário da informática, que, sem nenhum constrangimento, afirmou: "Meus filhos terão computadores, sim, mas antes terão livros". Verdade, sem livros e sem leitura os nossos filhos serão incapazes de articular e escrever com desenvoltura - inclusive, a sua própria história. Os gênios são vanguardistas, pois enxergam muito além de sua época, talvez seja isso que explique o sucesso do monstro sagrado da informática.
Sábado passado (25/10), o Programa Aprovado da Rede Bahia, apresentado por Jorge Portugal, aproveitando as comemorações que antecedem o Dia Nacional do Livro – 29 de outubro -, para fazer uma reflexão sobre o centenário da morte e da genialidade que é a obra do nosso escritor maior Joaquim Maria Machado de Assis, (1839-1908). O convidado, ninguém melhor do que o professor de literatura Evert Reis, esclarecendo os questionamentos de muitos jovens alunos. Louvável atitude. Mas ao trazer escolas, professores ou escritores para suas dependências, a TV oportuniza a muitas pessoas, principalmente, crianças e adolescentes a chance de ter contato com o mundo mágico dos livros. E esse mundo precisa ser resgatado também dentro de nossas casas. Muito bem lembrada, pelo mestre Evert Reis, de outra admirável frase: “A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro na vida” do saudoso poetinha Vinicius de Moraes, o que enriqueceu e deu mais brilhantismo ao programa.
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Recordo-me que em meados de 1977, quando estive de férias no Rio de Janeiro, a curiosidade me levou à Rua Marquês de Olinda, em Botafogo, para conhecer a Livraria José Olympio Editora, lá chegando, fiquei admirado com a quantidade de livros. Em destaque uma frase que jamais esqueço, estava ou talvez continue ainda grafada no alto da parede da editora, justamente no hall de entrada, e que aproveitei para dar o título a este texto. Para se ter uma idéia, a Editora José Olympio foi a responsável pelo lançamento da maioria dos escritores renomados e outros desconhecidos do grande público leitor brasileiro. Muitos deles ainda neófitos surgiram graças à sensibilidade do proprietário e editor - José Olympio Pereira Filho. Foi assim com a Rachel de Queiroz que, com apenas vinte anos de idade, estreou com seu livro O Quinze – a primeira mulher a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras; Graciliano Ramos, com Vidas Secas, seu livro de estréia; o paraibano José Lins do Rego, torcedor doente do Fluminense, autor de Menino de Engenho; o João Guimarães Rosa com Sagarana; o José Américo de Almeida com A Bagaceira; e, o nosso poeta maior Carlos Drummund de Andrade. Mas, enfim, uma lista imensa de autores de todos os rincões do nosso país passara pelas mãos do “mecenas” da literatura.
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Evidentemente que o mundo moderno nos retira quase todo o tempo. A busca incessante pelo pão de cada dia obriga-nos a trabalhar, produzir, render sempre mais e mais... Isso se constitui no maior pilar da sociedade de consumo. No corre-corre diário, nós, os pais, quase não temos tempo para ler - e o que é pior, para perguntar se os filhos lêem. Aquele velho hábito de ler e contar historinhas para as crianças dormirem foi substituído pelas horas à frente da televisão e do computador. O resultado é refletido nas escolas: alunos que não sabem interpretar, porque lêem mal, consequentemente falam mal e se expressam pior ainda. E na trilha de suas vidas irão entender muito pouco as adversidades que o mundo tem a lhes oferecer.
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Imagino que é impossível formar cidadãos sem capacidade de argumentação e sem um mínimo de conhecimento. Acredito que só se consegue vencer o analfabetismo através dos livros. Por isso, nossas crianças e nossos jovens precisam ser estimulados a ler mais, para melhor encarar a vida. Dizer isso a garotada e não lhes oferecer condições adequadas é “chover no molhado e desvanecer no tempo”. O ambiente ideal requer, além de silêncio, exemplos. Pais que não lêem, não podem exigir esse hábito dos filhos. Muito menos da escola para fazer alguma coisa por eles. Enquanto a disposição para a leitura se restringir a trabalhos exigidos por disciplinas escolares, estaremos, infelizmente, perdendo a guerra para a ignorância. Quem não lê, não sabe, não formula, não avalia, não diferencia e não usa a sensatez na hora de decidir. O que é uma pena!
7 comentários:
Graaande Ezequiel! Você me orgulha camarada! De aprendiz a professor; você está se tornando um grande, um excelente escritor, e não simplesmente um colunista de plantão. Eu sabia que você podia ser grande, e pode ser ainda melhor. A nossa "escola" Zica, nos credencia(ou) a ler, escrever, mais ainda, a ser crítico e construtivista dentro do nosso sistema! Quem tem capacidade para ler e interpretar, sabe exatamente o que me motiva a fazer este comentário. Escreva Zica, uma, duas, três ou mais laudas! Não tenha medo de parecer prolixo; coloque para fora essa sua sensibilidade literária, você tem admiradores. eu sou um dêles!
Abraços,
Francisco Silva Filho
"Irmão" Ezequiel
Concordo, plenamente, com seu ponto de vista, externado nesse belo texto.
Acredito que o conhecimento liberta o homem. E conhecimento sólido só se consegue através da leitura e do estudo.
Aliás, uma das coisas boas do Blog do Anderson é ler seus textos. Inspiro-me neles.
Permita-me parabenizá-lo.
Um grande abraço
Paulo Ludovico
"Irmão" Ezequiel
Concordo, plenamente, com seu ponto de vista, externado nesse belo texto.
Acredito que o conhecimento liberta o homem. E conhecimento sólido só se consegue através da leitura e do estudo.
Aliás, uma das coisas boas do Blog do Anderson é ler seus textos. Inspiro-me neles.
Permita-me parabenizá-lo.
Um grande abraço
Paulo Ludovico
Ezeqiel Sena, voce esteve bastante inspirado no texto em que traduz o que nossos jovens, estão longe de adquirir, conhecimentos, pois só tratam de leitura em sala de aula, pois para eles só interessam a programação de Tvs e o tal computador, por isso vemos o medo neles quando se fala em uma simples redação.No enem depois que se divulga o resultado a tristeza de não conseguir a tal média, por que?Justamente por causa da leitura e a famosa redação, mas seria de suma importância que além dos professores e nós pais, tentar convencer os jovens da importância da leitura, pois essa é a único riqueza que podemos deixar para os filhos.
Parabéns amigo por tão valioso texto, tomare que os companheiros de visita nesse conceituado blog possam levar ao conhecimento dos seus, essas sábias palavras.
Cordialmente
Cesar Damascena
Maravilhoso, Ezequiel você vem se destacando como um dos grandes intelectuais de Conquista. Com sua humildade você vai longe. Ainda diz que é apenas alguns rabiscos. Este texto é uma obra de arte - Data muito propícia - Dia do Livro. Já vi que o BB é um produtor de talentos, veja Esechias, Francisco Silva, Você e outros pelo país a fora.
Primo Ezequiel,
O seu artigo atingiu em cheio o Dia Livro. Está ótimo, e que continue assim.
Abração de Renato Senna
Não é a toa que os colunistas comentaram este artigo. Mesmo não lhe conhecendo, aproveitei esta materia e levei para a sala de aula para servir de modelo para meus alunos. Todas as pessoas escrevem neste blog, (O PRÓPRIO EZEQUIEL, PAULO LUDOVICO, PAULO PIRES, FRANCISCO SILVA ETC), vejo que estão fazendo algo muito importante pela educação dos jovens. O Ezequiel foi maravilhoso e aproveitando as comemorações do dia Nacional do Livro e Biblioteca para nos brindar com esta pérola. Parabéns! Fique sabendo que leio tudo que você escreve. Para mim seus textos têm muito a ensinar a comunidade conquistense.
Maria A. Ferraz - professora.
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