terça-feira, 14 de outubro de 2008

Tanhaçu fica sem Banco do Brasil

Juscelino Souza, A Tarde
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Depois do incêndio que destruiu completamente o prédio do Banco do Brasil de Tanhaçu, sudoeste do Estado, a 471 km de Salvador, os mais de quatro mil usuários da agência terão que optar pelo Banco Postal, instalado nos Correios, ou pelas casas lotéricas.

A única agência do município só deverá voltar a funcionar em seis meses. O prejuízo material foi estimado em R$ 3 milhões, mas pode chegar ao dobro, segundo fontes ligadas ao BB e que pediram sigilo.

As fontes sustentaram que uma das causas pode ter sido um curto-circuito causado por fogos de artifício. “O dia do incêndio (domingo passado) coincidiu com as comemorações em louvor a Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, e os devotos soltam foguetes e rojões durante todo o dia”, observou uma fonte, que não se identificou.

A Polícia Técnica não descarta esta, nem qualquer outra hipótese, mas ainda desconhece as causas que deram origem ao fogo, iniciado por volta do meio-dia e que, em poucas horas, consumiu equipamentos, balcões, teto, paredes, móveis, cofres e uma quantia em dinheiro e cheques até então não informada.

Até que os serviços sejam restabelecidos, em alguns casos, como saques de valores elevados, os correntistas do Banco do Brasil – única agência bancária do município – terão que se deslocar para cidades mais próximas, como Ituaçu e Barra da Estiva, a 25 e 40 km, respectivamente. Os serviços oferecidos no Banco Postal são: abertura de contas de depósito à vista, a prazo e de poupança, depósitos e saques em contas de depósito à vista, a prazo e de poupança, recebimentos e pagamentos decorrentes de convênios, ordens de pagamento, concessão de empréstimos e financiamentos e cobrança de títulos.

COMEMORAÇÕES –O fato marcou negativamente as comemorações nacionais pelos 200 anos de implantação do Banco do Brasil, conforme lembrou a funcionária pública municipal Glória de Jesus Santos. Ela esteve na tarde de anteontem acompanhando o fogo consumir o imóvel e retornou na manhã de ontem para observar o que restou. Glória ainda não sabe como receberá seus vencimentos. “O dinheiro da prefeitura para pagamento dos funcionários foi depositado dia 10, mas muita gente só receberia hoje (ontem), como eu”.

Muitos aposentados conversavam nas proximidades da agência, instalada há 28 anos na cidade. Alguns tentavam obter informações. Quatro funcioná rios conversavam a poucos metros, mas não se dispuseram a atender os clientes em dúvida.

Um funcionário, Alex Navarro, disse que somente a Superintendência do BB poderia detalhar as orientações à clientela nos próximos dias. Ele antecipou que, visando diminuir os transtornos, a direção deve instalar na cidade uma unidade provisória em até uma semana. Até o fechamento da matéria, a equipe de A TARDE não localizou o superintendente regional do BB, Paulo Tadeu.

Testemunhas que estavam em um mercadinho disseram que tudo começou com uma faísca na lateral do prédio, situado numa das esquinas da Praça Luís Eduardo Magalhães. “Foi assustador.

Até agora eu estou sem acreditar no que vi. Parecia que o fogo ia engolir o quarteirão inteiro”, comentou Marcelo Brito, hóspede da Pousada Brasil, prédio próximo à agência.

Como o pequeno município de 19.663 habitantes (IBGE/ 2007) não possui brigada contra incêndio, foi acionado o 7º Grupamento de Bombeiro Militar (GBM), sediado em Vitória da Conquista. Assim que os bombeiros chegaram, pouco puderam fazer senão conter alguns focos e isolar o local para evitar o acesso de curiosos. Mesmo depois dos trabalhos dos bombeiros, ainda era possível localizar sinais de fumaça nos fundos da agência. Durante a noite, os vigilantes do banco ficaram a postos, e a Polícia Militar fez rondas na área. Isso porque surgiu um boato de que o cofre continha uma fortuna intacta e que serviria para pagamento da folha dos funcionários da prefeitura.

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