A Arte do Saber Escrever

Por Ezequiel Sena

As belas coisas não acontecem por acaso. Semana passada, chegou às minhas mãos um especial convite acompanhado do esboço do mais novo livro do jornalista conquistense Renato Senna. Este, sim, que é um escritor pra ninguém botar defeito, suas narrativas deixam a gente babando por enxergar vasta criatividade. Agora ele vai garimpar os recursos necessários para a edição e correr contra o tempo, pois a sua ansiedade é visível. O título já nos dá uma noção do que é a obra “Talento versus Gaveta.” Tudo em detalhes do que é preciso para aprender a escrever. As idéias não se limitam ao óbvio, pelo contrário, intercalam com bom humor traços fortes da nossa realidade e evidencia a arte de como colocar no papel o que pensa sem, contudo, aguçar a parte genérica e fútil. É bem capaz de se tornar em um “Best seller”. Paulo Coelho, o guru da escrita, que se cuide para não perder a majestade para o nosso conterrâneo.


Exageros e brincadeiras à parte, mas falando sério, surpreendeu-me sobremaneira o convite do Renato para eu fazer a orelha de seu mais recente livro, Talento versus Gaveta. A princípio, hesitei, e julguei que fosse pilhéria, mas depois percebi que a convocação era pra valer. Como assumir tamanha responsabilidade? Algo tão importante assim? Sinceramente, não tive alternativa, senão aceitar. Peguei os originais e comecei a dar uma olhadela nas primeiras páginas, o suficiente para que me envolvesse de corpo e alma no ineditismo da obra – já que nunca li nada igual ou parecido –, e como observa o autor na Introdução: “O plano deste livro não inclui a gramática nem prioriza a técnica de redação em si, o que existe vasta bibliografia. O livro Talento versus Gaveta é dirigido às pessoas que consideram escrever uma tarefa penosa”; – assim, de forma obsequiosa, passei a ler.
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Agradabilíssimo e oportuno o título Talento versus Gaveta, e não poderia ser diferente, principalmente para os que primam pela boa leitura e por uma boa escrita. Muito feliz as suas proposições, e bem delineadas em seu conteúdo: um verdadeiro arsenal de idéias e ensinamentos. Com sensibilidade ímpar, o autor emociona o leitor quando expões seus pontos de vista. Revela uma capacidade estética e argúcia privilegiada ao produzir este livro. Na verdade é o testemunho de uma realidade literária reforçada com as experiências das pesquisas didáticas. É evidente que isso lhe custou anos de pesquisa e disciplina. As citações de grandes autores valorizam ainda mais o brilho do trabalho.
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Acredito que o livro, ainda que bastante enxuto, seja bem vindo aos que pretendem se iniciar no exercício da boa escrita, pois constitui, antes de tudo, uma obra calcada no procedimento empírico, no cotidiano – abre mão de exemplos meramente decorativos e concentra-se na observação, geração, elaboração e organização das idéias. Poderia dizer que os exemplos apresentados pudessem até mesmo ser classificados como simples normas redacionais, uma vez que espelham com clareza os assuntos selecionados pela sua atualidade e, sobretudo, pela ligação com a experiência quotidiana. Muitos de seus conceitos deveriam estar na imprensa falada e escrita, e cumpriria muito bem a exigência da comunicação acessível ao grande público; tanto pelo rigor técnico, quanto a fluência que deve ter a informação escrita especializada.
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Talento versus Gaveta cumpre a finalidade de ampliar o conhecimento textual e contextual além da comunidade acadêmica, uma vez que não me parece uma obra voltada apenas para estudantes e profissionais de jornalismo. Alguns parágrafos explicitam muito bem questões orientadoras, a exemplo da página 45, subtitulada: – Seja flexível com a lógica – “Quando senta para escrever, geralmente o escritor se preparou para isto, consumindo tempo e neurônios, com a realização de pesquisas e a elaboração das idéias. Mas como herrar é umano, podem ter ocorrido falhas na pesquisa e sistematização dos dados, havendo o risco de o texto empacar devido a esse problema. É como um circuito elétrico: se os fios não estiverem bem conectados, existe a possibilidade de interrupção da rede”.
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Quem gosta de ler e escrever vai se deliciar com uma dinâmica cuidadosamente trabalhada com orientações precisas e necessárias ao convívio literário. As páginas iniciais são suficientes para traduzir a leveza e a suavidade de uma narrativa capaz de capturar a atenção do leitor para a inusitada espreitada das páginas seguintes, por vislumbrar nitidamente temas inteligentes, sensíveis, e diretos. Características predominantes da obra, do início ao fim. O Talento versus Gaveta vem para cumprir sua função didática e paradidática, levando-nos a reflexões profundas sobre cada um dos problemas da boa escrita. Aproveito a frase do Seu Pedro (jornalista Pedro Diedrichs) “não é a roupa que faz ao homem abrir portas; é a veste e a linguagem próprias para cada ocasião” para concluir este texto e torcer para que se concretizem em realidade as aspirações do Renato.