Maria Emília e a Bossa Nova
Minha amiga Maria Emília nesta terça feira, 30/09/2008, fêz um comentário sobre a Bossa Nova. Confesso que toda manhã ligo o rádio exclusivamente para ouvi-la. Por incrível que pareça no dia em que isso não ocorre, fico com se tivesse deixado de tomar uma vitamina. Gosto dos seus comentários porque são sempre feitos com isenção. Em tempos normais, a sua voz entra no ar por volta das 9 e 10 da manhã. Com o Horário Eleitoral, os comentários estão sendo feitos por volta das 9 e 35. O fato é que não gosto de perdê-los. Emilia entra no Programa Ponto de Encontro, apresentado pela competente e ágil Sindy Santos. Esta abre a edição cumprimentando os ouvintes, os patrocinadores e em seguida chama uma vinheta e abre espaço para o Agenda Livre, que vem sendo ocupado há anos pela titular e Diretora, nossa amiga Maria Emília.
Com graduação em Economia e Pós-graduação (MBA) também na mesma área, além de outros cursos de aprofundamento e atualização, Emilia discorre sobre os mais diversos temas. Mas sempre com imparcialidade e total eqüidistância dos objetos e fatos comentados. Fala sobre Política, Economia, Sexualidade, Administração Pública, Comportamentos e o escambau. Volta e meia comete alguns deslizes o que, em hipótese alguma, invalidam a qualidade dos seus pontos de vista. Sabiamente ela deu ao seu quadro o nome de Agenda Livre. E como a agenda é livre ela se sente muito à vontade para comentar e opinar sobre tudo que está na ordem do dia em Conquista, no Brasil e no mundo. Eu não perco.
Estou escrevendo hoje sobre o comentário que ela fez sobre a Bossa Nova, porque neste caso confesso [fato raro] não concordar com nossa amiga. Quando ela entrou no assunto perguntou a Sindy se a apresentadora havia assistido ao Programa que a Globo apresentou com a participação de Caetano Veloso e Roberto Carlos. Sindy disse que não e Emilia teceu considerações sobre o apuro técnico do programa e os nomes célebres dos participantes (Caetano e Roberto). Informo a amiga Emilia que comecei a assistir o Programa, mas a partir de determinado momento, comecei a sentir azia. Positivamente nem Roberto, tampouco Caetano, são cantores de Bossa Nova. Os dois me dão azia quando entram nessa Seara. Desliguei o aparelho e sem nenhum remorso, fiz aquilo que minha consciência pediu: Dormi.
Bossa Nova é uma ruptura estética com o formato antigo de se interpretar canções populares. Como dizia o grande maestro Guerra Peixe: “Bossa Nova é um inseticida sonora nos bolerões chorosos de então”. Ora, pois, pois. Nem Roberto nem Caetano possuem cacoetes para esse mister. Bossa Nova é para quem acordou no amanhecer de um novo Brasil. Bossa Nova é a consciência de que não éramos e não somos cantores de ópera. Portanto a forma de dizer canções populares como se fossem óperas, não deveria residir mais no nosso estilo de cantar. A Bossa decretou o fim do cantor tipo estoura peito. Aquele jeitão Caruso de ser, a partir da Bossa, foi abolido. Não por desrespeito ao Caruso, que era um gênio no seu estilo, mas porque era necessário não mais confundir canto popular com canto operístico. Nossos cantores até a década de 50 achavam que o sujeito só era cantor se quebrasse copos com a sua voz e demonstrasse que a sua jugular estava igual a um tubo PVC da Tigre. Puro engano. Você pode ter uma canção popular cantada maravilhosamente, com uma voz aveludada, dando a cada nota a sonoridade que a ela é devida. Nat King Cole provou isso sem ser da Bossa. E foi isso que foi revisto. Abandonamos em boa hora aquela exacerbação canora e ficamos longe dos olhos do cantor furioso. Os cantores de ópera, não sei se já repararam, cantam como se tivesse dando uma bronca na Platéia. Claro que entendemos que ao passo que cantam, interpretam personagens e isso dá eles, expressões faciais diversas.
Mas por que a Bossa Nova é o mais internacional dos nossos estilos musicais? Ora, ora. Porque é a música brasileira mais bem composta. Simplesmente isso. Melodias lindíssimas, letras simples e encaixadíssimas, autores com base musical excelente (a maioria dos autores de Bossa Nova são oriundos de formação clássica) e uma visão de mundo prá frente. O movimento surgiu no momento em que fomos campeões do mundo no futebol, no basquetebol, nos ringues Eder Jofre foi campeão Peso Galo, Maria Esther Bueno ganhou o grande prêmio de Tênis de Wimbledon, demos um salto na industrialização, tivemos Marta Rocha e Adalgisa Colombo botando prá quebrar nas passarelas internacionais. Isso significa que em termos musicais também tínhamos que nos livrar de uma música quadrada e cheia de lágrimas. Partimos para a Bossa e nos demos muito bem. Os artistas estrangeiros (alguns verdadeiros gênios) quando nos ouviram ficaram encantados. E olhem que não estamos falando de gente do segundo time, não. Estamos nos referindo a Quincy Jones, Dizzy Gillespie, Miles Davis, Dave Brubeck e outros gigantes da música internacional. Com um aval dessa envergadura, a nossa música conquistou espaço e se tornou desde então uma referência no mundo da música Pop. Bob Dylan, grande poeta e baladeiro americano, em seu último livro, fala da Bossa Nova com um respeito admirável. Dylan, todo mundo sabe, quando fala, fala prá valer. Depois continuarei falando sobre a nossa Bossa. Claro que não aquela interpretada por Roberto e Caetano. Deus nos livre! Mas sim aquela que levou Tom Jobim a ser recepcionado em Viena, a Capital-Mãe da Música, e ser tratado como um verdadeiro semideus. Um abraço e até a próxima. Depois falo o que Tom Jobim disse e fêz na entrevista. Foi o maior barato! Bom dia Maria Emília!
Minha amiga Maria Emília nesta terça feira, 30/09/2008, fêz um comentário sobre a Bossa Nova. Confesso que toda manhã ligo o rádio exclusivamente para ouvi-la. Por incrível que pareça no dia em que isso não ocorre, fico com se tivesse deixado de tomar uma vitamina. Gosto dos seus comentários porque são sempre feitos com isenção. Em tempos normais, a sua voz entra no ar por volta das 9 e 10 da manhã. Com o Horário Eleitoral, os comentários estão sendo feitos por volta das 9 e 35. O fato é que não gosto de perdê-los. Emilia entra no Programa Ponto de Encontro, apresentado pela competente e ágil Sindy Santos. Esta abre a edição cumprimentando os ouvintes, os patrocinadores e em seguida chama uma vinheta e abre espaço para o Agenda Livre, que vem sendo ocupado há anos pela titular e Diretora, nossa amiga Maria Emília.
Com graduação em Economia e Pós-graduação (MBA) também na mesma área, além de outros cursos de aprofundamento e atualização, Emilia discorre sobre os mais diversos temas. Mas sempre com imparcialidade e total eqüidistância dos objetos e fatos comentados. Fala sobre Política, Economia, Sexualidade, Administração Pública, Comportamentos e o escambau. Volta e meia comete alguns deslizes o que, em hipótese alguma, invalidam a qualidade dos seus pontos de vista. Sabiamente ela deu ao seu quadro o nome de Agenda Livre. E como a agenda é livre ela se sente muito à vontade para comentar e opinar sobre tudo que está na ordem do dia em Conquista, no Brasil e no mundo. Eu não perco.
Estou escrevendo hoje sobre o comentário que ela fez sobre a Bossa Nova, porque neste caso confesso [fato raro] não concordar com nossa amiga. Quando ela entrou no assunto perguntou a Sindy se a apresentadora havia assistido ao Programa que a Globo apresentou com a participação de Caetano Veloso e Roberto Carlos. Sindy disse que não e Emilia teceu considerações sobre o apuro técnico do programa e os nomes célebres dos participantes (Caetano e Roberto). Informo a amiga Emilia que comecei a assistir o Programa, mas a partir de determinado momento, comecei a sentir azia. Positivamente nem Roberto, tampouco Caetano, são cantores de Bossa Nova. Os dois me dão azia quando entram nessa Seara. Desliguei o aparelho e sem nenhum remorso, fiz aquilo que minha consciência pediu: Dormi.
Bossa Nova é uma ruptura estética com o formato antigo de se interpretar canções populares. Como dizia o grande maestro Guerra Peixe: “Bossa Nova é um inseticida sonora nos bolerões chorosos de então”. Ora, pois, pois. Nem Roberto nem Caetano possuem cacoetes para esse mister. Bossa Nova é para quem acordou no amanhecer de um novo Brasil. Bossa Nova é a consciência de que não éramos e não somos cantores de ópera. Portanto a forma de dizer canções populares como se fossem óperas, não deveria residir mais no nosso estilo de cantar. A Bossa decretou o fim do cantor tipo estoura peito. Aquele jeitão Caruso de ser, a partir da Bossa, foi abolido. Não por desrespeito ao Caruso, que era um gênio no seu estilo, mas porque era necessário não mais confundir canto popular com canto operístico. Nossos cantores até a década de 50 achavam que o sujeito só era cantor se quebrasse copos com a sua voz e demonstrasse que a sua jugular estava igual a um tubo PVC da Tigre. Puro engano. Você pode ter uma canção popular cantada maravilhosamente, com uma voz aveludada, dando a cada nota a sonoridade que a ela é devida. Nat King Cole provou isso sem ser da Bossa. E foi isso que foi revisto. Abandonamos em boa hora aquela exacerbação canora e ficamos longe dos olhos do cantor furioso. Os cantores de ópera, não sei se já repararam, cantam como se tivesse dando uma bronca na Platéia. Claro que entendemos que ao passo que cantam, interpretam personagens e isso dá eles, expressões faciais diversas.
Mas por que a Bossa Nova é o mais internacional dos nossos estilos musicais? Ora, ora. Porque é a música brasileira mais bem composta. Simplesmente isso. Melodias lindíssimas, letras simples e encaixadíssimas, autores com base musical excelente (a maioria dos autores de Bossa Nova são oriundos de formação clássica) e uma visão de mundo prá frente. O movimento surgiu no momento em que fomos campeões do mundo no futebol, no basquetebol, nos ringues Eder Jofre foi campeão Peso Galo, Maria Esther Bueno ganhou o grande prêmio de Tênis de Wimbledon, demos um salto na industrialização, tivemos Marta Rocha e Adalgisa Colombo botando prá quebrar nas passarelas internacionais. Isso significa que em termos musicais também tínhamos que nos livrar de uma música quadrada e cheia de lágrimas. Partimos para a Bossa e nos demos muito bem. Os artistas estrangeiros (alguns verdadeiros gênios) quando nos ouviram ficaram encantados. E olhem que não estamos falando de gente do segundo time, não. Estamos nos referindo a Quincy Jones, Dizzy Gillespie, Miles Davis, Dave Brubeck e outros gigantes da música internacional. Com um aval dessa envergadura, a nossa música conquistou espaço e se tornou desde então uma referência no mundo da música Pop. Bob Dylan, grande poeta e baladeiro americano, em seu último livro, fala da Bossa Nova com um respeito admirável. Dylan, todo mundo sabe, quando fala, fala prá valer. Depois continuarei falando sobre a nossa Bossa. Claro que não aquela interpretada por Roberto e Caetano. Deus nos livre! Mas sim aquela que levou Tom Jobim a ser recepcionado em Viena, a Capital-Mãe da Música, e ser tratado como um verdadeiro semideus. Um abraço e até a próxima. Depois falo o que Tom Jobim disse e fêz na entrevista. Foi o maior barato! Bom dia Maria Emília!
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