x
Juscelino Souza, A Tarde
x
Em cenário imaginário, sem limitação ou localização geográfica, passa a maior parte de Sertanílias, um romance de cavalaria escrito pelo compositor e violonista baiano Elomar Figueira Mello. Um livro com letras graúdas, de leitura confortável, que será lançado no próximo dia 8, às 18 horas, na Aliança Francesa, com noite de autógrafos às 20 horas, no Grande Sertão.
Isolado, arredio, rodeado de uma aura inacessível e anti-social, avesso a parafernálias eletrônicas, Elomar nos recebe numa pequena sala numa manhã amena de terça, a poucos dias do embarque para a Europa. Neste sábado, ele seria um dos destaques do Teatro Municipal da Guarda (TMG), em Portugal.
Sertanílias pode ser resumido como o resgate do gênero de romance de cavalaria e consegue ser, ao mesmo tempo, atemporal e contemporâneo. O escritor concorda. “Meu texto, quer romance, quer canção, quer na ópera, sempre foi atemporal. Eu não tolero a temporalidade, ainda mais o presente que eu tenho pavor, horror, asco, nojo”.
SERTANO – No Sertão Profundo, à beira de uma lagoa quadrada, no Baixio dos Pelegos – por onde passam tropas e tropeiros e vaqueiros contam causos de aleivosias, assombração e pantomima –, mora Sertano, um anti-herói que não derrama sangue, que não mata, mas também não morre; não ama e, se é amado, que seja pelos inseparáveis amigos da lida: Tinga, Terêncio, Celestino e Caçula.
Homem rico, herdeiro de terras e gado, convive harmoniosamente com vaqueiros outros, igualmente possuidores de terras e de gado e que cuidam das suas coisas. A terra de Sertano se assemelha a um paraíso socialista de Primeiro Mundo, onde ninguém tem ordenado ou é empregado de ninguém. “Nada a ver com comunismos, socialismos e suas laias”, frisa Elomar.
Na sua pré-fala, corruptela para prefácio, Elomar descreve Sertano e sua indumentária nada convencional de forma telúrica. O anti-herói porta uma pistola de pirata e um facão cimitarrado (sabre oriental de lâmina larga e recurva, e que tem um só gume). “É um guerreiro muito adestrado para combates e campos de justas, vivendo em seu imenso mundo hermética e inviolavelmente lacrado por uma delgada película que deve ter a espessura imaterial de um plano, porém, com a impenetrabilidade da quarta dimensão – segundo um regime apenas teocrático”, completa.
Sem pretensões de se tornar um fenômeno de vendas, Sertanílias é leitura obrigatória dentro ou fora do “casulo” academicista, porém seus traços “multilinguagem” exigem que o leitor lance mão de recursos de pesquisa a fim de entender passagens em francês, latim, espanhol, grego e o instigante dialeto “sertanez”, cunhado na caatinga.
CULTO – Não demora muito e logo nos deparamos com as proezas do anti-herói Sertano, um vaqueiro culto que lê Virgílio, Flaubert e Herculano sem recorrer a dicionários e que sabe das coisas, um bocado delas que habita mundos de físicas e matemáticas conhecidas e não conhecidas. Tudo se passa no Brasil, não se sabe onde. Uma pista nos conduz ao Rio São Francisco, onde as personagens encontram um príncipe, figuras encantadas e até a temível cobra grande.
“O Brasil é um mosaico cultural fantástico”, deixa escapar o autor, durante um bate-papo com a equipe de A TARDE. As boas lembranças do tempo em que histórias sobre criaturas do nosso folclore antecipam a hora do sono, quando criança, quebraram o gelo daquele encontro. Nada de fotografia, nada de gravador. Apenas papel, caneta e muita atenção para assimilar a essência do romance, nas palavras do próprio Elomar.
“Sertano foge desse clichê clássico de herói, porque todo herói de romance de cavalaria, que não seja de aventura, geralmente é imbatível, um super-homem; pega a moça mais bonita, bala não pega nele, a espada não fura e ele sempre mata o outro. Esses romances sempre são banhados, torrencialmente, de sangue”.
Isolado, arredio, rodeado de uma aura inacessível e anti-social, avesso a parafernálias eletrônicas, Elomar nos recebe numa pequena sala numa manhã amena de terça, a poucos dias do embarque para a Europa. Neste sábado, ele seria um dos destaques do Teatro Municipal da Guarda (TMG), em Portugal.
Sertanílias pode ser resumido como o resgate do gênero de romance de cavalaria e consegue ser, ao mesmo tempo, atemporal e contemporâneo. O escritor concorda. “Meu texto, quer romance, quer canção, quer na ópera, sempre foi atemporal. Eu não tolero a temporalidade, ainda mais o presente que eu tenho pavor, horror, asco, nojo”.
SERTANO – No Sertão Profundo, à beira de uma lagoa quadrada, no Baixio dos Pelegos – por onde passam tropas e tropeiros e vaqueiros contam causos de aleivosias, assombração e pantomima –, mora Sertano, um anti-herói que não derrama sangue, que não mata, mas também não morre; não ama e, se é amado, que seja pelos inseparáveis amigos da lida: Tinga, Terêncio, Celestino e Caçula.
Homem rico, herdeiro de terras e gado, convive harmoniosamente com vaqueiros outros, igualmente possuidores de terras e de gado e que cuidam das suas coisas. A terra de Sertano se assemelha a um paraíso socialista de Primeiro Mundo, onde ninguém tem ordenado ou é empregado de ninguém. “Nada a ver com comunismos, socialismos e suas laias”, frisa Elomar.
Na sua pré-fala, corruptela para prefácio, Elomar descreve Sertano e sua indumentária nada convencional de forma telúrica. O anti-herói porta uma pistola de pirata e um facão cimitarrado (sabre oriental de lâmina larga e recurva, e que tem um só gume). “É um guerreiro muito adestrado para combates e campos de justas, vivendo em seu imenso mundo hermética e inviolavelmente lacrado por uma delgada película que deve ter a espessura imaterial de um plano, porém, com a impenetrabilidade da quarta dimensão – segundo um regime apenas teocrático”, completa.
Sem pretensões de se tornar um fenômeno de vendas, Sertanílias é leitura obrigatória dentro ou fora do “casulo” academicista, porém seus traços “multilinguagem” exigem que o leitor lance mão de recursos de pesquisa a fim de entender passagens em francês, latim, espanhol, grego e o instigante dialeto “sertanez”, cunhado na caatinga.
CULTO – Não demora muito e logo nos deparamos com as proezas do anti-herói Sertano, um vaqueiro culto que lê Virgílio, Flaubert e Herculano sem recorrer a dicionários e que sabe das coisas, um bocado delas que habita mundos de físicas e matemáticas conhecidas e não conhecidas. Tudo se passa no Brasil, não se sabe onde. Uma pista nos conduz ao Rio São Francisco, onde as personagens encontram um príncipe, figuras encantadas e até a temível cobra grande.
“O Brasil é um mosaico cultural fantástico”, deixa escapar o autor, durante um bate-papo com a equipe de A TARDE. As boas lembranças do tempo em que histórias sobre criaturas do nosso folclore antecipam a hora do sono, quando criança, quebraram o gelo daquele encontro. Nada de fotografia, nada de gravador. Apenas papel, caneta e muita atenção para assimilar a essência do romance, nas palavras do próprio Elomar.
“Sertano foge desse clichê clássico de herói, porque todo herói de romance de cavalaria, que não seja de aventura, geralmente é imbatível, um super-homem; pega a moça mais bonita, bala não pega nele, a espada não fura e ele sempre mata o outro. Esses romances sempre são banhados, torrencialmente, de sangue”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário