Por Jeremias Macário
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Até o início dos anos 60 se respirava cultura no Brasil, e os colégios públicos eram detentores dos melhores níveis de ensino. Em Salvador, por exemplo, o Colégio Central da Bahia era notável pela sua educação, e o corpo docente de primeira linha. Dele saíram nomes importantes da intelectualidade, da política, das artes e da literatura baiana e nacional, como Glauber Rocha, Calazans Neto, João Carlos Teixeira Gomes, Florisvaldo Mattos, Fernando da Rocha Peres (os dois últimos meus professores), dentre outros. Naquele tempo se devorava jornais, revistas e livros na busca pelo saber e pelo conhecimento. Aí veio o golpe militar de 1964 e tudo se desmoronou. Os generais procuraram logo atrofiar nossas mentes, e o país mergulhou nas trevas do ensino que se prolonga até hoje.
Durante a ditadura militar, de 1964 até final dos anos 80 (mais de 20 anos), o que vimos foi uma propaganda impregnada de fascismo e nacionalismo exacerbado, desconectando as novas gerações da educação e da cultura. Tudo foi bem planejado para tornar o povo alienado e não pensar. A ordem era não protestar e não se manifestar. Coma a educação podada, foi o tempo dos slogans “Brasil! Ame-O ou Deixe-O”!, “Avante Brasil”!
Passados os anos de chumbo, veio a onda da democratização a partir da Constituição de 1988, mas tínhamos uma juventude sem rumo e senso crítico, mais levada pelos interesses escusos dos políticos mal-intencionados, do que pela própria conscientização dos seus destinos. Com a empolgação da democratização, e embalados pelos conceitos modernizantes da época, caímos nas armadilhas de uma reforma vesga onde o aluno finge que aprende e o professor finge que ensina. Lembro que no meu antigo Curso Ginasial quando um professor não ensinava bem, nos reuníamos para exigir do diretor do colégio a troca por outro mestre competente. Ninguém faz mais isso nos tempos atuais. Apenas o fifó de um candeeiro para iluminar a escuridão.
Com a desvalorização do professor, a queda da hierarquia dentro das salas de aulas, o encurtamento do tempo de estudo e as facilidades na aprendizagem, a educação caiu no fundo do poço. A matemática e a língua portuguesa foram as maiores vítimas, e o raciocínio lógico se evaporou. A cata de votos, os políticos e os governantes nunca mais priorizaram a educação. Como nos tempos dos militares, eles acharam e ainda acham que assim está bom demais para manipular o voto e deixar tudo como está.
Sem educação de qualidade, boa parte da população não consegue sair da pobreza e despertar para a conscientização política. Outra parte de maior poder aquisitivo, devido ao baixo nível de ensino e cultura, também não sabe escolher o candidato certo e preparado. A conclusão é que a maioria não sabe votar, e o voto nem sempre termina sendo um instrumento de mudança como se propaga.
O voto que seria a arma democrática para virar o jogo resultou em desesperança e ilusão. Na falta de uma boa educação, persistiu até hoje a cultura do voto de favores, de interesses e simpatia. Como o eleito não é cobrado, tudo continua como Dantes na Casa de Abrantes. Por outro lado, os bons caem nas amarras do sistema e do pensamento único onde fazer oposição é fora de moda. Quem vai nos proteger?
Bem, a degradação na educação emperra o nosso real desenvolvimento (não estou falando de crescimento econômico) e deixa o povo apático e desinformado diante dos desvios de conduta. Sem consciência política é bem mais fácil ser enganado. Sem organização para protestar e mudar a situação, a corrupção e a impunidade parecem não ser problemas nosso.
Sobre o nível de ensino no país, vejamos o que dizem os números do IBGE( Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Apenas 20,4% dos jovens com idade de cursar a universidade conseguem ingressar no ensina superior. O pior ainda é que 73,3% só encontram espaço em instituições privadas. A educação brasileira precisa é de mais investimentos e mais faculdades públicas, e não de cotas e do tal Prouni.
Na Bahia, os dados são mais vergonhosos. Entre os 644 mil estudantes na faixa etária de 18 a 24 anos, 79,6% estão fora dos cursos superiores. Destes, 50% ainda estão no ensino médio e 20,9% não terminaram sequer o fundamental. Na avaliação, a Bahia está à frente apenas dos Estados de Alagoas e Sergipe. No nosso Estado, somente 20,4% dos jovens entre 18 e 24 anos cursam o ensino superior. Piores que esse índice só Alagoas e Piauí, com 18,2% e 17,7%, respectivamente. São Paulo, com 62,3% e Santa Catarina, com 61,4% apresentam os melhores números, seguidos do Distrito Federal, com 61,1%. Em Salvador (quase três milhões de habitantes), só existem sete bibliotecas públicas e outras dez comunitárias caindo aos pedaços e fechando às portas por falta de ajuda do poder público.
Mas, a política do governo é disseminar por aí cursos e mais cursos profissionalizantes. É uma maldade das grandes, tendo em vista que muitos saem do ensino médio sem saber ler e escrever. O negócio agora é criar eletricistas, torneiros e mecânicos analfabetos funcionais, sem nenhuma formação acadêmica.
É por essas e outras que os jovens estão cada vez mais acomodados e se afastando da política. Nestas eleições, 20% dos jovens de 16 a 17 anos no Brasil não vão votar. Na Bahia, os dados de uma pesquisa de opinião constataram que 44% não vão às urnas. E foram os estudantes que brigaram para que o Congresso votasse a lei permitindo que o adolescente de 16 anos votasse. Os políticos adoraram a idéia e ficamos com a incoerência: Quando o jovem de 16 anos vota, ele é um cidadão consciente, mas quando comete uma infração, trata-se apenas de uma criança, sem discernimento entre o certo e o errado.
Com as estatísticas bombando os índices econômicos e dizendo que em 18 anos o nível da igualdade social vai se comparar ao dos países ricos, ninguém enxerga a calamidade na educação. Temos U$200 bilhões em reservas e previsão de crescer entre 5 a 6% neste ano, mas com um déficit público de R$1,3 trilhão e um déficit em transações correntes (operações com o exterior, como balança comercial, despesas com viagens internacionais, entre outras) de U$28,8 bilhões.
Mesmo assim, estamos todos contentes e vibrando porque temos mais brasileiros na classe média, no conceito baixo de um salário mínimo a R$1.300,00. Logo, logo não haverá mais pobreza, mesmo com os piores índices de educação que jogamos debaixo do tapete, e seremos todos felizes para sempre na escuridão do saber, da leitura e do conhecimento. Não estamos decepcionados como o artista Raul Seixas.
Durante a ditadura militar, de 1964 até final dos anos 80 (mais de 20 anos), o que vimos foi uma propaganda impregnada de fascismo e nacionalismo exacerbado, desconectando as novas gerações da educação e da cultura. Tudo foi bem planejado para tornar o povo alienado e não pensar. A ordem era não protestar e não se manifestar. Coma a educação podada, foi o tempo dos slogans “Brasil! Ame-O ou Deixe-O”!, “Avante Brasil”!
Passados os anos de chumbo, veio a onda da democratização a partir da Constituição de 1988, mas tínhamos uma juventude sem rumo e senso crítico, mais levada pelos interesses escusos dos políticos mal-intencionados, do que pela própria conscientização dos seus destinos. Com a empolgação da democratização, e embalados pelos conceitos modernizantes da época, caímos nas armadilhas de uma reforma vesga onde o aluno finge que aprende e o professor finge que ensina. Lembro que no meu antigo Curso Ginasial quando um professor não ensinava bem, nos reuníamos para exigir do diretor do colégio a troca por outro mestre competente. Ninguém faz mais isso nos tempos atuais. Apenas o fifó de um candeeiro para iluminar a escuridão.
Com a desvalorização do professor, a queda da hierarquia dentro das salas de aulas, o encurtamento do tempo de estudo e as facilidades na aprendizagem, a educação caiu no fundo do poço. A matemática e a língua portuguesa foram as maiores vítimas, e o raciocínio lógico se evaporou. A cata de votos, os políticos e os governantes nunca mais priorizaram a educação. Como nos tempos dos militares, eles acharam e ainda acham que assim está bom demais para manipular o voto e deixar tudo como está.
Sem educação de qualidade, boa parte da população não consegue sair da pobreza e despertar para a conscientização política. Outra parte de maior poder aquisitivo, devido ao baixo nível de ensino e cultura, também não sabe escolher o candidato certo e preparado. A conclusão é que a maioria não sabe votar, e o voto nem sempre termina sendo um instrumento de mudança como se propaga.
O voto que seria a arma democrática para virar o jogo resultou em desesperança e ilusão. Na falta de uma boa educação, persistiu até hoje a cultura do voto de favores, de interesses e simpatia. Como o eleito não é cobrado, tudo continua como Dantes na Casa de Abrantes. Por outro lado, os bons caem nas amarras do sistema e do pensamento único onde fazer oposição é fora de moda. Quem vai nos proteger?
Bem, a degradação na educação emperra o nosso real desenvolvimento (não estou falando de crescimento econômico) e deixa o povo apático e desinformado diante dos desvios de conduta. Sem consciência política é bem mais fácil ser enganado. Sem organização para protestar e mudar a situação, a corrupção e a impunidade parecem não ser problemas nosso.
Sobre o nível de ensino no país, vejamos o que dizem os números do IBGE( Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Apenas 20,4% dos jovens com idade de cursar a universidade conseguem ingressar no ensina superior. O pior ainda é que 73,3% só encontram espaço em instituições privadas. A educação brasileira precisa é de mais investimentos e mais faculdades públicas, e não de cotas e do tal Prouni.
Na Bahia, os dados são mais vergonhosos. Entre os 644 mil estudantes na faixa etária de 18 a 24 anos, 79,6% estão fora dos cursos superiores. Destes, 50% ainda estão no ensino médio e 20,9% não terminaram sequer o fundamental. Na avaliação, a Bahia está à frente apenas dos Estados de Alagoas e Sergipe. No nosso Estado, somente 20,4% dos jovens entre 18 e 24 anos cursam o ensino superior. Piores que esse índice só Alagoas e Piauí, com 18,2% e 17,7%, respectivamente. São Paulo, com 62,3% e Santa Catarina, com 61,4% apresentam os melhores números, seguidos do Distrito Federal, com 61,1%. Em Salvador (quase três milhões de habitantes), só existem sete bibliotecas públicas e outras dez comunitárias caindo aos pedaços e fechando às portas por falta de ajuda do poder público.
Mas, a política do governo é disseminar por aí cursos e mais cursos profissionalizantes. É uma maldade das grandes, tendo em vista que muitos saem do ensino médio sem saber ler e escrever. O negócio agora é criar eletricistas, torneiros e mecânicos analfabetos funcionais, sem nenhuma formação acadêmica.
É por essas e outras que os jovens estão cada vez mais acomodados e se afastando da política. Nestas eleições, 20% dos jovens de 16 a 17 anos no Brasil não vão votar. Na Bahia, os dados de uma pesquisa de opinião constataram que 44% não vão às urnas. E foram os estudantes que brigaram para que o Congresso votasse a lei permitindo que o adolescente de 16 anos votasse. Os políticos adoraram a idéia e ficamos com a incoerência: Quando o jovem de 16 anos vota, ele é um cidadão consciente, mas quando comete uma infração, trata-se apenas de uma criança, sem discernimento entre o certo e o errado.
Com as estatísticas bombando os índices econômicos e dizendo que em 18 anos o nível da igualdade social vai se comparar ao dos países ricos, ninguém enxerga a calamidade na educação. Temos U$200 bilhões em reservas e previsão de crescer entre 5 a 6% neste ano, mas com um déficit público de R$1,3 trilhão e um déficit em transações correntes (operações com o exterior, como balança comercial, despesas com viagens internacionais, entre outras) de U$28,8 bilhões.
Mesmo assim, estamos todos contentes e vibrando porque temos mais brasileiros na classe média, no conceito baixo de um salário mínimo a R$1.300,00. Logo, logo não haverá mais pobreza, mesmo com os piores índices de educação que jogamos debaixo do tapete, e seremos todos felizes para sempre na escuridão do saber, da leitura e do conhecimento. Não estamos decepcionados como o artista Raul Seixas.
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