Rai Trindade
Do A Tarde
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Financiamentos, bolsa-auxílio, ajuda de custo. Ingressar num curso de nível superior nunca pareceu tão fácil. Diferente de alguns anos atrás, quando existia somente Programa de Crédito Educativo, hoje, o estudante dispõe de outras opções para facilitar o pagamento das mensalidades do curso superior.
As possibilidades são muitas: Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (FIES), o Programa Universidade para Todos (ProUni), além dos programas das próprias instituições que se adequaram às necessidades dos estudantes e criaram métodos próprios de financiamento.
Apesar do acesso facilitado, o que se vê são estudantes endividados ou, no mínimo, desapontados com o que lhes aguarda após a conclusão do curso. É o caso de Adriana Góes, graduada em ciências econômicas pela Faculdade Católica de Ciências Econômicas da Bahia – FACCEBA -, há dois anos. Após duas tentativas, conseguiu financiamento de 70% das mensalidades através do Fies.
"Queria fazer a faculdade, mas não tinha condições de bancar os estudos. A mensalidade custava em torno de R$ 450 e eu pagava cerca de R$ 121. Na época, me pareceu uma excelente opção", lembra.
Hoje, com o débito chega aos R$ 13 mil e Adriana já tentou negociar a dívida, antes do prazo, visando desconto. "Eles me deram até 2014 para pagar e estou tentando quitar o débito, mas me disseram que o valor é o mesmo, ainda que eu pague à vista e antes do tempo previsto. Me sinto um pouco lesada já que no final, na ponta do lápis, as contas não são exatamente as mesmas", desabafa.
Em situação semelhante à de Adriana está Sara Sales, estudante de Sistemas de Informação no Centro Universitário da Bahia – FIB. Ela conseguiu o desconto de metade do valor, logo na primeira tentativa. Sem condições de pagar R$ 540,00 mensalmente, também optou pelo financiamento federal. "Me formo no final de 2009 e ainda não fiz as contas do débito. Botei na ponta do lápis uma prévia, esse ano, e quando vi,estava em cerca de R$ 7 mil, só de juros. Fiquei desanimada.", confessou Sara.
De acordo com a Assessoria de Comunicação da Coordenação Regional da Caixa Econômica Federal, as mudanças fazem parte da regra do Fies, entretanto, quando o estudante antecipa o saldo devedor, obtém desconto nos juros, que varia de 3,5% a 6,5% ao ano,a depender do curso.
Além disso, segundo a assessoria, o valor dos financiamentos também é variável: até 50% do curso para estudantes bolsistas (Bolsas Complementares); 75% do curso regular para cursos prioritários (Licenciatura em Química, Física, Matemática e Biologia; graduação em Engenharia, Medicina e Geologia), e 50% do curso para os demais cursos. Até o dia 30 deste mês, estudantes já contemplados, deverão fazer a renovação do financiamento. Novos contratos estão previstos para outubro, ainda sem data marcada, informou a assessoria.
O FIES foi criado em 2001 em substituição ao Crédito Educativo. Operacionalizado pela Caixa Econômica Federal e ligado ao Ministério da Educação (MEC). O programa financia a graduação de estudantes que não têm condições de arcar integralmente com
os custos de sua formação durante a faculdade. Em linhas gerais, funciona como um empréstimo, o que implica na cobrança de juros e outras taxas operacionais.
Atualmente o Fies custeia até 75% do valor das mensalidades para pagamento após a formatura, quando é mais provável que o estudante já esteja inserido no mercado de trabalho. Para candidatar-se, o aluno deve estar regularmente matriculado em instituições não gratuitas, cadastradas no programa e com avaliação positiva no MEC.
E é justamente o mercado de trabalho, o grande vilão, segundo o economista da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia – SEI -, Edmundo Figueirôa. Para ele, o Programa parte do pressuposto que o estudante já esteja inserido no mercado de trabalho após a conclusão do curso. "O problema é que essa não é a realidade e a depender do curso, a estabilidade profissional é demorada. Entretanto, do ponto de vista econômico, se é considerado somente aquele valor da taxa de juros, é um bom negócio.", assegura o economista.
Outra opção para quem quer estudar é o Programa Universidade para Todos - o ProUni. O projeto prevê a concessão de bolsas de estudo integral ou parcial em cursos de graduação e seqüenciais para estudantes da rede pública ou da rede particular com renda per capita familiar até três salários mínimos. As instituições que oferecem vagas no programa têm como contrapartida a isenção de alguns tributos.
No Estado da Bahia, o Projeto Faz Universitário tinha uma formatação semelhante a do ProUni, concedendo bolsas parciais ou integrais compensadas com isenção tributária. Desde o ano passado, porém, não há novos contemplados. O Programa foi suspenso para reformulação, no entanto, os estudantes credenciados continuam a receber o benefício. Ainda de acordo com a secretaria, essa reformulação prevê o redirecionamento dos recursos utilizados pelo Faz Universitário para atendimento ao estudante da rede pública, através de bolsa-auxílio.
Algumas instituições de ensino superior também criaram alternativas de financiamento, diminuindo formalidades e oferecendo mais vantagens ao estudante. A jornalista Ivana Soares Flores, por exemplo, aderiu ao financiamento da própria instituição, a Associação para o Desenvolvimento Social – Adeso -, nos dois últimos anos do curso. Graduada pela Faculdades Integradas Ipitanga – Unibahia -, em 2005, Ivana conta que ficou sem trabalhar já na etapa final.
"Não queria trancar a faculdade, mas estava se tornando inviável manter os estudos com mensalidades de R$ 450. Como já havia perdido o prazo do Fies, pedi financiamento na Adeso.", conta Flores. A jornalista disse, ainda, que a relação com a faculdade também foi considerada. "O processo todo de adesão foi menos formal, o que não significa ter sido mais fácil, porque muitos alunos queriam ingressar no programa. Consegui 60% de financiamento, o valor máximo.", lembra.
Bruno de Jesus Oliveira, supervisor de crédito e cobrança da Unibahia, explica que o financiamento institucional tem especificidades que atraem os estudantes. "A principal delas é que nosso programa não tem juros, por exemplo, e os alunos têm, ao invés de quatro, até oito anos para quitar o débito. Além disso, nosso processo seletivo é menos rígido", esclarece.
Hoje, o programa de financiamento da Unibahia se chama Crédito Educativo e funciona nos moldes da Adeso.
SERVIÇO:
Financiamento estudantil
FIES
Renovação de contratos: até 30 de setembro
Inscrições/novos contratos: a partir de outubro (ainda sem data prevista)
Consulte informações no endereço: http://www3.caixa.gov.br/fies/
Programa de Concessão de Bolsas
ProUni
Inscrições para próximo processo seletivo no final do semestre.
Consulte informações no endereço: http://portal.mec.gov.br/prouni/
As possibilidades são muitas: Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (FIES), o Programa Universidade para Todos (ProUni), além dos programas das próprias instituições que se adequaram às necessidades dos estudantes e criaram métodos próprios de financiamento.
Apesar do acesso facilitado, o que se vê são estudantes endividados ou, no mínimo, desapontados com o que lhes aguarda após a conclusão do curso. É o caso de Adriana Góes, graduada em ciências econômicas pela Faculdade Católica de Ciências Econômicas da Bahia – FACCEBA -, há dois anos. Após duas tentativas, conseguiu financiamento de 70% das mensalidades através do Fies.
"Queria fazer a faculdade, mas não tinha condições de bancar os estudos. A mensalidade custava em torno de R$ 450 e eu pagava cerca de R$ 121. Na época, me pareceu uma excelente opção", lembra.
Hoje, com o débito chega aos R$ 13 mil e Adriana já tentou negociar a dívida, antes do prazo, visando desconto. "Eles me deram até 2014 para pagar e estou tentando quitar o débito, mas me disseram que o valor é o mesmo, ainda que eu pague à vista e antes do tempo previsto. Me sinto um pouco lesada já que no final, na ponta do lápis, as contas não são exatamente as mesmas", desabafa.
Em situação semelhante à de Adriana está Sara Sales, estudante de Sistemas de Informação no Centro Universitário da Bahia – FIB. Ela conseguiu o desconto de metade do valor, logo na primeira tentativa. Sem condições de pagar R$ 540,00 mensalmente, também optou pelo financiamento federal. "Me formo no final de 2009 e ainda não fiz as contas do débito. Botei na ponta do lápis uma prévia, esse ano, e quando vi,estava em cerca de R$ 7 mil, só de juros. Fiquei desanimada.", confessou Sara.
De acordo com a Assessoria de Comunicação da Coordenação Regional da Caixa Econômica Federal, as mudanças fazem parte da regra do Fies, entretanto, quando o estudante antecipa o saldo devedor, obtém desconto nos juros, que varia de 3,5% a 6,5% ao ano,a depender do curso.
Além disso, segundo a assessoria, o valor dos financiamentos também é variável: até 50% do curso para estudantes bolsistas (Bolsas Complementares); 75% do curso regular para cursos prioritários (Licenciatura em Química, Física, Matemática e Biologia; graduação em Engenharia, Medicina e Geologia), e 50% do curso para os demais cursos. Até o dia 30 deste mês, estudantes já contemplados, deverão fazer a renovação do financiamento. Novos contratos estão previstos para outubro, ainda sem data marcada, informou a assessoria.
O FIES foi criado em 2001 em substituição ao Crédito Educativo. Operacionalizado pela Caixa Econômica Federal e ligado ao Ministério da Educação (MEC). O programa financia a graduação de estudantes que não têm condições de arcar integralmente com
os custos de sua formação durante a faculdade. Em linhas gerais, funciona como um empréstimo, o que implica na cobrança de juros e outras taxas operacionais.
Atualmente o Fies custeia até 75% do valor das mensalidades para pagamento após a formatura, quando é mais provável que o estudante já esteja inserido no mercado de trabalho. Para candidatar-se, o aluno deve estar regularmente matriculado em instituições não gratuitas, cadastradas no programa e com avaliação positiva no MEC.
E é justamente o mercado de trabalho, o grande vilão, segundo o economista da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia – SEI -, Edmundo Figueirôa. Para ele, o Programa parte do pressuposto que o estudante já esteja inserido no mercado de trabalho após a conclusão do curso. "O problema é que essa não é a realidade e a depender do curso, a estabilidade profissional é demorada. Entretanto, do ponto de vista econômico, se é considerado somente aquele valor da taxa de juros, é um bom negócio.", assegura o economista.
Outra opção para quem quer estudar é o Programa Universidade para Todos - o ProUni. O projeto prevê a concessão de bolsas de estudo integral ou parcial em cursos de graduação e seqüenciais para estudantes da rede pública ou da rede particular com renda per capita familiar até três salários mínimos. As instituições que oferecem vagas no programa têm como contrapartida a isenção de alguns tributos.
No Estado da Bahia, o Projeto Faz Universitário tinha uma formatação semelhante a do ProUni, concedendo bolsas parciais ou integrais compensadas com isenção tributária. Desde o ano passado, porém, não há novos contemplados. O Programa foi suspenso para reformulação, no entanto, os estudantes credenciados continuam a receber o benefício. Ainda de acordo com a secretaria, essa reformulação prevê o redirecionamento dos recursos utilizados pelo Faz Universitário para atendimento ao estudante da rede pública, através de bolsa-auxílio.
Algumas instituições de ensino superior também criaram alternativas de financiamento, diminuindo formalidades e oferecendo mais vantagens ao estudante. A jornalista Ivana Soares Flores, por exemplo, aderiu ao financiamento da própria instituição, a Associação para o Desenvolvimento Social – Adeso -, nos dois últimos anos do curso. Graduada pela Faculdades Integradas Ipitanga – Unibahia -, em 2005, Ivana conta que ficou sem trabalhar já na etapa final.
"Não queria trancar a faculdade, mas estava se tornando inviável manter os estudos com mensalidades de R$ 450. Como já havia perdido o prazo do Fies, pedi financiamento na Adeso.", conta Flores. A jornalista disse, ainda, que a relação com a faculdade também foi considerada. "O processo todo de adesão foi menos formal, o que não significa ter sido mais fácil, porque muitos alunos queriam ingressar no programa. Consegui 60% de financiamento, o valor máximo.", lembra.
Bruno de Jesus Oliveira, supervisor de crédito e cobrança da Unibahia, explica que o financiamento institucional tem especificidades que atraem os estudantes. "A principal delas é que nosso programa não tem juros, por exemplo, e os alunos têm, ao invés de quatro, até oito anos para quitar o débito. Além disso, nosso processo seletivo é menos rígido", esclarece.
Hoje, o programa de financiamento da Unibahia se chama Crédito Educativo e funciona nos moldes da Adeso.
SERVIÇO:
Financiamento estudantil
FIES
Renovação de contratos: até 30 de setembro
Inscrições/novos contratos: a partir de outubro (ainda sem data prevista)
Consulte informações no endereço: http://www3.caixa.gov.br/fies/
Programa de Concessão de Bolsas
ProUni
Inscrições para próximo processo seletivo no final do semestre.
Consulte informações no endereço: http://portal.mec.gov.br/prouni/
Um comentário:
Mais que o valor real do diploma(referindo-se ao custo), é o valor empregatício desse mesmo diploma - sua procura no mercado de trabalho e até mesmo na condição de profissional liberal!. J. Dean Pereira.
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