sábado, 20 de setembro de 2008

Na reta final das promessas

Por Jeremias Macário
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Estamos chegando na reta final do horário eleitoral gratuito (nada de graça) para os partidos políticos e seus respectivos candidatos ao legislativo e ao executivo. Está chegando o momento deles fazerem seus agradecimentos e gentilezas ao eleitor, reforçando o pedindo de votos e promessas, algumas as mais enganosas possíveis.

Os programas, boa parte monótona, deixaram uns irritados e outros perplexos pelos discursos invertidos, principalmente de muitos vereadores que trocaram a noção de legislar por executar. Mas, com essa cultura que se arrasta desde os tempos do coronelismo, ou do colonialismo, só podia dar nisso. E, por incrível que pareça, foi assim que o povo se acostumou ao longo dos anos.
Para o povo, com pouca instrução e educação, e sem a noção do verdadeiro papel do parlamentar, o vereador a uma Câmara Municipal tem que mostrar obras. Seguindo esse roteiro maluco e destrambelhado, boa parte dos candidatos disseram que vão fazer postos de saúde, escolas, estradas e melhorar a saúde e a educação do seu município.
No arrastão da desinformação e da falta de conhecimento político, muita gente acha mesmo que o vereador deve comprar o voto, dando dinheiro, cesta básica, telha, cimento, festa de aniversário, caixão de defunto e até pagar uma cervejinha no bar. Por essas e outras é que não existe a cobrança do eleitor para com o candidato que votou e se elegeu.
O eleitor que vendeu seu voto não tem nenhuma moral de cobrar nada depois do parlamentar, pois este já pagou através de favores, espécie e bens materiais. É triste, mas ainda se vota por favores, ou porque fulano ou fulana é uma boa pessoa boa e simpática. Pouco se olha a qualidade para exercer a função. Ainda persiste o voto de cabresto. Com esse comportamento, vamos continuar distante do desenvolvimento almejado para a nossa cidade.
Conversando com alguns vereadores, confessaram que receberam muitas propostas de compras de voto. No horário reservado aos vereadores, o que mais se viu foi um festival de promessas com inversão de valores em realçao à função de um parlamentar e a de um executivo. E é isso que vai persistir durante os mais quatro anos de mandato na Câmara Municipal.
Pelo andar da carruagem das pesquisas, o nível não vai melhorar e o vereador vai continuar mais preocupado em resolver interesses de indivíduos e grupos, que propriamente legislar, fiscalizar, aprovar e discutir projetos. O interesse individual vai continuar acima do coletivo.
Sem nenhum preconceito, o vereador deve ser uma pessoa capacitada e com nível de conhecimento e saber razoáveis para desempenhar sua função. É claro que antes de tudo deve ter ética e honestidade. Para dizer a verdade, ainda não é desta vez que vamos ter uma Câmara à altura da terceira maior cidade baiana que é Vitória da Conquista.
Queremos uma Câmara mais atuante nas discussões e nos embates sobre os problemas do município. A renovação deve chegar a 30%. Não é de forma alguma o ideal. Lamentavelmente, ainda existe uma grande apatia e distanciamento entre povo e Câmara, e um exemplo bem visível está nas sessões realizadas durante os dois dias da semana. A Câmara prescisa de reformulação, renovação de seus conceitos e conteúdos.
Bem, quanto aos programas dos candidatos ao executivo, de um modo geral foram mornos e sem muita coisa que despertasse a atenção, a não ser que surja algo importante nesta reta final das eleições. As propostas e promessas de trabalho dos candidatos se situaram em nível genérico, na base do vamos construir, melhorar, realizar, resolver, desenvolver, providenciar, sem especificar pontos, apontar dados concretos e origem dos recursos para as citadas obras e serviços.
De um modo geral, não houve planejamento de projetos específicos, com detalhes e convencimento de realizações. O programa de Herzem Gusmão (PSDB), que começou a bater desde o início, correu livre sem sofrer estocadas mais fortes. Profissionalmente foi o mais bem estruturado, com recursos de mais movimento, e alinhado com peças atrativas. Foi mais imaginativo e criativo. Mas, não adianta ser só bonitinho e bem feito. De qualquer forma, procurou dar o recado e atingir o alvo.
O de Esmeraldino Correia (PDT), faltou uma uma injeção de dinamismo, com discurso mais afinado para o cargo que está pleiteando. Careceu de mais atrativos e convencimento para o eleitor. O seu formato deveria ter sido reformulado desde o início. No bom sentido, faltou mais agressividade. Sem desmerecer o trabalho da equipe jovem de jornalismo, bem que os textos e as locuções poderiam ser melhorados e lapidados. Faltou mais garra e confiabilidade, mas foi ético, só que não soube atingir o alvo ou alvos.
O candidato se prendeu muito à sua ocupação passada como comandante do Batalhão, e a determinados segmentos isolados. Desperdiçou tempo. Governar uma prefeitura do tamanho de Conquista, com interesses variados de grupos, é bem diferente de dirigir uma empresa ou entidade. Numa empresa, você dar uma ordem e ela é cumprida. Numa prefeitura, não é assim.
O program do PT, de Guilherme Menezes, se fixou muito nos apoios de peso e realizações do passado. Somente agora, na reta final, vem apresentando propostas, e isso é bom porque é o que a comunidade mais está querendo ouvir. Pelo menos até aqui, não respondeu nem revidou diretamente aos ataques de Herzem Gusmão, que procurou passar a imagem de que Guilherme iria ficar exercendo seu cargo de deputado em Brasília.
O mais positivo é que não houve baixaria, pelo menos até aqui. É normal candidato bater no seu adversário na linha administrativa. Como numa luta de boxe, existem golpes legais e os de baixo nível. O golpista desleal deve ser punido pelo Tribunal Eleitoral e pelo eleitor consciente.
No geral, as equipes, umas mais profissionais que outras, procuraram seguir o receituário marqueteiro político, sem apresentar novidades. Aliás, ainda não inventaram um novo marketing político, além da maquiagem dos candidatos. O esquema é o de sempre colocar um personagem que não corresponde à realidade brasileira.
Teve candidato que pousou de bom moço, mesmo tendo telhado de vidro. Os programas até que apresentaram cenas divertidas e engraçadas em algumas ocasiões, mas não deixam saudades. Esperamos que os próximos tenham mais qualidade, criatividade, conteúdo e que as mensagens sejam mais realistas.
Ainda não reinventaram o marketing político. Permanece a mesmice, a imitação e a montonia de sempre. O marketingo político no Brasil reflete a cara do nosso eleitorado, ainda sem um nível satisfatório de conscientização política.. Mas, isso acontece não somente no marketing. Observem e acompanhem o dia-a-dia da nossa mídia.

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