domingo, 4 de outubro de 2009

Direto da Praça

Por Paulo Pires
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Rio olímpico, Brasil feliz


O anúncio feito pelo Comitê Olímpico Internacional de que a cidade escolhida para sediar as Olimpíadas de 2016 será o Rio de Janeiro, deixou a data de 02 de outubro de 2009 como um marco histórico para o povo brasileiro. Com toda sinceridade, há muito não assistia a um certame que puxasse de nossas almas tanto entusiasmo e tanto sentimento de brasilidade. A foto principal do Uol Notícias traz o presidente Lula, junto com Pelé, o presidente do Comitê Olímpico brasileiro Arthur Nuzman, o ministro dos esportes Orlando Silva e mais uma dezena de membros de nossa comitiva em verdadeiro estado de delírio. Todos com os olhos marejados...


O presidente Lula, homem inteligente e sortudo (bota sorte nisso!) disse com o seu improviso cintilante que a Vitória do Rio não se deve apenas ao projeto que apresentou. Projetos bons todas as cidades apresentaram. O Brasil, porém, disse o Sapo Barbudo, não se ateve apenas a esse aspecto: O Rio de Janeiro foi a única cidade que apresentou alma! Isso mesmo! A cidade demonstrou paixão, alegria, desejo. Esse negócio de projeto é muito bom, necessário, indispensável e extremamente profissional. Mas não basta ter projeto, tem que ter alma, tem que ter desejo, amor pelo que se quer ou se pretende fazer. Por isso notaram que nossa força vinha de dentro. Prá começar diria que nossa comitiva já chegou ao Comitê com os olhinhos brilhando e adicionou a isso um sorriso matreiro que antecipava ser muito difícil sair daquele auditório sem uma vitória acachapante da cidade maravilhosa. Deu no que deu!

O governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes (ambos cariocas da gema) ficaram impressionados com o espírito carioca e de brasilidade demonstrado pelo “paraíba” Lula da Silva. Prá quem não sabe no Rio de Janeiro todos os nordestinos são chamados de paraíbas. Quis o senhor bom Deus que justamente um cabeça chata Paraíba vindo dos cafundós de Pernambuco se associasse a uma plêiade de orgulhosos e charmosos cariocas, para se transformar no comandante da vitória da terra de Estácio de Sá. Passamos com calma e delicadeza o trator das nossas emoções sobre a cavalaria espanhola, a infantaria japonesa e a marinha americana. Bira Bigode que assistia ao evento, após nossa vitória, tomou uma talagada de cerveja e gritou: “Que Beleza!”.

A coisa foi comovente. O país se deu conta de que realmente é preciso levantar a cabeça e falar alto. O presidente Lula que não é besta colocou em sua comitiva o Estado Maior do nosso Exército Esportivo. O resultado foi o que se viu. Quando vi o ex-presidente da Fifa João Havelange fazendo seu discurso em francês, o Arthur Nuzman falando ora em francês ora em inglês e o governador Cabral e o prefeito Paes discursando em inglês, disse cá comigo: Vai dar Brasil.

Prá arrematar, o Sapo Lula que não fala francês nem inglês, fêz um discurso que arrepiou o mais indiferente dos membros do Comitê. O homem botou fé em suas palavras e deixou ver aos presentes que o Brasil agora não pertence mais ao clube das republiquetas de bananas da América Latina. O Brasil hoje tem Economia, Política, Democracia, Ciência e Cultura contribuindo de forma humana e ambiental para que o Planeta seja um território onde as relações entre as etnias e as diversidades culturais sejam ao invés de antagônicas, harmônicas para coexistência de um mundo melhor.

Mas o Lula, pela elevada intuição que possui, sabia como colocar as palavras de modo que elas tocassem os eleitores do processo. Tinha certeza que os membros do Comitê ficariam sensibilizados com as suas colocações. Seu primeiro e forte argumento seria a própria distribuição geográfica das Olimpíadas. A maior parte delas sempre realizada na Europa, Ásia e América do Norte. A América do Sul, aos olhos do Comitê Olímpico, parecia um lugar habitado por almas invisíveis. Lula pediu um voto de confiança e assegurou que o Brasil não decepcionará o mundo. Ressaltou que fazia seu pedido não em seu nome pessoal, posto que à época será apenas um cidadão brasileiro e não mais o presidente do País. O ex-presidente da Fifa João Havelange, disse com segurança que gostaria que o Rio fosse a eleita porquanto em 2016 ele completará cem anos de idade. Encerrou seu discurso e a ocasião convidando a todos para o seu aniversário. Saiu do púpito sob estrondosos aplausos. O Rio ganhou, o Brasil ganhou. Antes o presidente do nosso Banco Central, senhor Meirelles, anunciou que conforme relatório do Banco Mundial na data das nossas Olimpíadas seremos a quinta Economia do mundo. Nada mal para um País que há sete anos não tinha crédito prá comprar uma caixa de fósforo.

4 comentários:

AFRANIO GARCEZ disse...

Meu Caro Mestre Paulo Pires. Este seu artigo é exemplar, pois aborda diversos tópicos, desde a sociologia, antropologia, história, e economia. Verdade é que, o Rio de Janeiro, pode assim como o Brasil como um todo sair do seu "eterno berço esplendido", e passar a ser um verdadeiro gigante. Também lhe assiste razão, quando você afirma que o Lula é um homem de sorte, o que eu concordo plenamente. Somente eu espero que os políticos e politiqueiros de plantão, não venha a usar tal aontecimento para tirar dividendos políticos, o que se sabe que é certo. Também que as empreiteiras não venha a roubar o erário público, com o velho costume de superfaturar obras públicas, deviar recursos, e outras "cositas mais". Por enquanto, a população continua vibrando com este acontecimento, só resta esperar que ela acorde do seu sono letárgico. Aliás, o Lula é um homem de tanta sorte, que a população já se esqueceu até mesmo que quem deu um verdadeiro sustentáculo a economia brasileira foi o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e tal fato é tão verdadeiro, que se não tivesse intervido na nossa economia, eu duvido se a crise financeira que atravessa o mundo já não teria quebrado o Brasil. Como sempre você foi muito feliz, e oportuno ao escrever este artigo. Parabéns.
Afranio Garcez.

Anônimo disse...

..., possivel até mesmo - Alguém sugerir novamente, o terceiro mandato para o presidente Lula!.O governo tem jogado muito para americano e inglês ver!. "Sim, nós podemos...".A realidade da maioria dos brasileiros - Pobres, nesse país de pouca tradição olímpica - Em que os atletas,bem como a maioria da população, são verdadeiros heróis da sobrevivência e da resistência.VIVA O BRASIL!.

Paulo Pires disse...

Terceiro mandato, jamais!

Anônimo disse...

"Alguém" sugerir o terceiro mandato ao presidente Lula - Não faz referência direta ao autor(como invariavelmente,de bons textos),desse texto!.