segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Dengue faz quarta vítima

Mário Bittencourt, A Tarde

O menino Felipe Yukio, 11 anos, morreu na madrugada de ontem em decorrência de dengue hemorrágica. O garoto vivia no bairro Antonio Tito, situado próximo ao centro de Porto Seguro, município do extremo sul baiano, localizado a 709 km de Salvador. É a terceira criança que morre este ano pelo mesmo motivo na cidade. As outras vítimas da doença foram Jéssica Santos Cardoso, 2 anos, e uma criança de 6 anos, cuja identidade ainda está sob sigilo. A morte de Felipe é a quarta causada pela doença no Estado este ano. A primeira vítima de 2009 foi um recém-nascido de Jequié.


Suspeita-se também de que a morte de Kris Daniel, 6 anos, ocorrida no dia 2 deste mês, tenha sido por dengue hemorrágica, mas só os exames laboratoriais confirmarão o diagnóstico. No caso de Felipe, a sorologia também ainda não foi realizada, mas o atestado de óbito da criança, assinado pelo médico Marcelo Caetano do Vale, aponta que ele sofreu um choque pulovêmico por consequência da dengue hemorrágica. O choque é caracterizado quando o coração é incapaz de fornecer sangue suficiente para o corpo devido a perda de sanguínea ou distúrbio circulatório.


O menino começou a passar mal na última terça-feira, apresentando forte dor de cabeça e, segundo familiares, foi medicado com dipirona em um posto de saúde. Permaneceu com o quadro de saúde estável até sexta, quando não estava conseguindo se alimentar e no seu vômito e fezes havia sangue.


DIAGNÓSTICO – “Uma médica do posto disse que o vômito era normal”, disse a mãe do garoto, Cecília Shizue Naka, 41, segundo a qual o prenome da profissional era Celeste. O menino deu entrada no Hospital Luís Eduardo Magalhães, em Porto Seguro, às 13h da sexta-feira, com o número de plaquetas baixo.


De acordo com a mãe do menino, devido ao agravamento do seu estado de saúde, ele teve de ser levado com urgência para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). “Não fizeram nada para aumentar o número de plaquetas. Sabiam que ele precisava, mas deixaram passar o tempo. Me disseram que as plaquetas só podiam vir de Salvador, sendo que em Eunápolis tem um hemocentro”, relatou.


O garoto morreu na madrugada de ontem e foi enterrado às 17h no Cemitério Municipal de Porto Seguro, onde vários amigos da Escolinha de Futebol do Bach (o menino atuava como goleiro) e do Colégio Mader, onde estudava, compareceram para prestar as últimas homenagens.


O sentimento de muitos que lá estavam era de dor e revolta com uma morte que, na opinião deles, poderia ter sido evitada. “Foi falta de cuidado”, disse a diretora do Colégio Mater, Helena Melo. A mãe do menino disse que vai ao Ministério Público Estadual pedir providências para que os culpados pela morte do filho sejam punidos. “Não é possível que isto fique acontecendo e esses médicos não tomem providência”, disse.


Para a Justiça deverá ir também o caso da morte de Jéssica Santos Cardoso. O laudo do Laboratório Central da Bahia (Lacen) indica que ela morreu de dengue hemorrágica. Já a Secretaria Municipal de Saúde de Porto Seguro informa que foi de pneumonia. O tio da menina, Eliude Vieira do Nascimento, 33 anos, disse que entrará com processo contra a prefeitura, alegando negligência.


O secretário de Saúde de Porto Seguro, Roberto Cherem – que vinha contestando os laudos do Lacen – reconheceu ontem que a morte de Felipe foi causada pela doença. No entanto, ressaltou “vamos fazer exames para confirmar”.


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