terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Taxa de abate irregular é de 90% na região sudoeste

Juscelino Souza, A Tarde

Seguindo o rastro de irregularidades no abate de carne, que na região sudoeste chega a 90%, está o município de Iguaí, a 497 km de Salvador, onde foi detectado um dos inúmeros exemplos de agressão à saúde pública. Por causa da precariedade, o matadouro foi interditado há uma semana pela Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab). A recomendação foi feita pela promotora de justiça, Tamar Oliveira Luz Dias. Como alternativa foi proposta a regionalização do abate, como em Vitória da Conquista, a 130 km de Iguaí, mas os abatedores protestam, dizendo que o peço final do produto sofrerá reajuste.

Sem as mínimas condições de higiene, no local – que mais se assemelha a uma pocilga – os fiscais do órgão se depararam com vísceras espalhadas, atraindo urubus, cães e ratos. "As condições são as piores possíveis", destacou o coordenador regional da Adab, Rozalvo Almeida.


Todos os dejetos eram despejados diretamente nas águas do Rio Gongogi, que corre nos fundos do matadouro de Iguaí, que respondia por mais de 500 empregos diretos e indiretos. Concluído em novembro de 1962, o local jamais passou por reformas ou limpeza, o que explica as teias de aranha no madeiramento do telhado, mau cheiro nos currais e sala de desossa e entulhos em toda a parte. "Com a regionalização do abate podem se instalar câmeras frigoríficas ou contêineres aqui e distribuir a carne com inspeção municipal ou federal para os açougueiros", continuou Almeida. "Ou eles se enquadram, ou terão problemas com a Justiça".

Doenças – Almeida falou da importância em se fazer frente ao abate clandestino para evitar, por exemplo, a transmissão de doenças por meio do consumo de carne não-inspecionada. "Algumas doenças podem atacar o consumidor a partir de animais infectados, como a tuberculose e a brucelose". O consumidor também pode ser acometido de doenças parasitárias, como as teníases, devido ao consumo de carnes bovinas ou suínas com cisticercose; e as toxinfecções alimentares, ocasionadas pelo consumo de carnes contaminadas com bactérias patogênicas.

O Ministério Público Estadual sustentou que a prefeitura descumpriu um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), que estipulava prazo de 180 dias, com mais 10 de carência, para que o município regularizasse a situação. O período venceu e nada foi feito, resultando no lacre do local e multa de R$ 1 mil por dia em caso de rompimento dos cadeados ou abate desautorizado. O prazo expirou em 27 de novembro passado, quase um ano após a assinatura do TAC.

O governo do Estado da Bahia, por meio da Secretaria da Agricultura, sinalizou este ano que irá promover a construção de novos matadouros-frigoríficos, além dos previstos em Itororó, Poções e Brumado. De acordo com a diretoria de Inspeção de Produtos de Origem Animal da Adab, graças à parceria com o MP foram realizados diagnósticos do abate em 210 municípios, resultando na interdição de 99 matadouros e locais de abates clandestinos somente em 2007.


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