quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Indústrias de processamento de milho se instalam na Bahia

A partir de 2009 a Bahia começará a processar 360 mil toneladas de milho por ano. Apesar de ser o maior fornecedor do grão no Nordeste - a produção estimada na safra 2008/2009 é de 1,95 milhão de toneladas - o estado ainda não havia conseguido verticalizar sua produção. As pioneiras a se instalarem na região serão as indústrias alimentícias São Braz, da Paraíba, e a Coringa, de Alagoas.

Além da proximidade com a matéria-prima, a escolha foi estimulada pelo governo da Bahia que está reunindo esforços para verticalizar sua produção agropecuária por meio de incentivos fiscais e financeiros.

A unidade da Coringa será instalada no Município de Luis Eduardo Magalhães, oeste do estado. A empresa está fazendo um investimento da ordem de R$ 30 milhões e prevê um faturamento anual de R$ 200 milhões com a nova unidade que irá beneficiar 165 mil toneladas de milho.

A São Braz está recebendo o terreno e conseguindo licenciamento ambiental para a construção de unidade na região de Barreiras. De acordo com Eujácio Simões, superintendente de agronegócios da Secretaria de Agricultura da Bahia, a empresa já está estocando o grão e no segundo semestre de 2009 irá iniciar o processamento de 200 mil toneladas por ano.

Simões conta que a Bahia produziu na última safra 1,3 milhão de toneladas de milho e que todo volume era levado para ser processado fora do estado e voltava para ser consumido lá dentro. "Calculamos que com a economia na redução dos custos e a adição de valor agregado vamos evitar uma evasão de divisas de R$ 300 milhões por ano", disse.

Caso as novas unidades usem desde o primeiro ano de operação toda a capacidade de produção elas irão demandar juntas cerca de um terço de atual produção de milho do oeste da Bahia, mas isso não parece animar os produtores da região que deverão reduzir a safra do grão em mais de 100 mil toneladas.

De acordo com Alex Rasia, diretor executivo da Associação dos Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), a possibilidade de processar a matéria-prima na região deve diminuir o peso do custo de logística e melhorar a remuneração do produtor, mas isso é uma visão de longo prazo já que agora o agricultor local enfrenta problemas de endividamento e está mais preocupado em como irá conseguir financiamento para a próxima safra. "Hoje a influência da indústria é pequena para interferir na decisão de plantio do produtor", avalia Rasia.

Mesmo com a crise o superintendente de agronegócio da Bahia mantém as perspectivas otimistas para o desenvolvimento de projetos agroindustriais na região. No entanto, vários dos empreendimentos previstos dependem de crédito, hoje escasso no mercado, para seguir adiante.

Um dos exemplos é o complexo bioenergético da Bahia, fundamental para o aquecimento da demanda por oleaginosas. Hoje no estado há três projetos em fase de captação de recursos, das companhias Bioclean, Global e Biofuel. A Seagri calcula que, em funcionamento, essas indústrias poderiam processar juntas cerca de 1,5 milhão de toneladas de algodão e soja. "Ainda não há previsão para que elas comecem a funcionar, mas todas têm licença ambiental, já foram aprovados os incentivos e já adquiriram terreno", afirma Simões.

Uma das estratégias adotadas no estado para se verticalizar é a organização de visitas de investidores potenciais. Segundo Simões, um dos mercados que se abre é a China, que além de ter demanda é atraída pela logística que facilita a exportação. O superintendente lembra que no primeiro trimestre de 2009 será feita a licitação para a implantação da ferrovia Oeste-Leste que ligará a região de Barreiras a Ilhéus. A expectativa é a de que o primeiro trecho, de 300 quilômetros, fique pronto em 2011. "Deveremos trazer alguns consultores de bancos chineses propensos a negociar. Vamos rodar o interior do estado, passando por Barreiras, Vitória da Conquista, Ilhéus, Juazeiro e Feira de Santana", revelou Simões. Enquanto mantém os olhos voltados para o exterior os produtores do oeste do estado continuam com as terras embargadas e a Operação Veredas iniciou uma nova etapa na última sexta-feira, incluindo mais quatro cidades na sua fiscalização.

Priscila Machado, DCI

Um comentário:

Anônimo disse...

E Vitória da Conquista e municipios próximos - Qual será os investimentos, além da ferrovía?!