sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Academia do Papo


Natal e Elomar Figueira, o Meistersinger

Na noite de Natal choveu. Ruas cheias de água, praças cheias de água, pessoas cheias de água. Um bêbado passou e um sujeito perguntou: Tá chovendo, aí, mano? O bêbado respondeu: Tá sim, por quê? O cara falou: Porque você tá “molhado”. O bêbado soluçou e fêz cara de poucos amigos. Entrei no carro e comecei a avaliar o repertório das nossas emissoras de rádio. Na noite de Natal esperava que os temas estivessem mais afinados com o espírito do nascimento de Jesus. Que nada. Uma emissora, de forma despudorada, tocava uma música que falava de um sujeito abandonado pela mulher. Sinceramente, o bom gosto, em alguns casos, parece estar longe de alguns programadores. Para mim, das emissoras FM que ouvi na noite, a que estava mais antenada com o clima do Natal foi a Melodia. Tudo bem. Ano que vem as demais vão melhorar...


Dia seguinte, tornei a ligar o rádio e, surpresa, o repertório melhorou. Na FM 96 até um tema de Antônio Adolfo e Tibério Gaspar nós ouvimos. Sinceramente, nunca pensei de ouvir músicas dessa dupla em uma emissora de Conquista. Acho que Jesus baixou na cabeça ou no coração da rapaziada – os programadores – e eles se emendaram. A Melodia continuou tocando temas sacros e clássicos com Andréa Bocelli, dentre eles, dando à tarde do Natal um clima mais adequado ao nascimento de Jesus.
Enquanto o tempo passava, eu também ia pela tarde. Parei na Tancredo Neves e vi meninos e meninas numa alegria explosiva. Pula Pula, Tobogã, maçã do amor, pipocas, fotografias em cima dos cavalinhos, choros, risadas, mamães puxando filhos, boca suja de chocolate, lágrimas por não querer ir embora. Festa. Muita festa. O Secretário Gildelson Felício fêz uma apreciação interessante. Muitas crianças, de pais menos aquinhoados, são levadas para o jardim e com pouco dinheiro os pais promovem uma festa inesquecível para elas. No meu tempo, quando ali era o Jardim das Borboletas, havia um pequeno Parque quase em frente à Catedral. Subíamos na famosa gangorra que era uma verdadeira prova de força e coragem. Confesso que antes fazíamos uma oração prá Nossa Senhora das Vitórias nos proteger. É que alguns meninos maldosos encarregados de fazer a geringonça (gangorra) movimentar, despendiam o máximo de força para derrubar os que estavam na peça central. Não era coisa muito tranqüila. Muitos meninos despencavam de lá e picavam o chifre no chão. Uma vez quase me arrebentei. Se não fosse meio arisco teria quebrado pelo menos um braço. Mas saí ileso...
Ontem o que assistimos eram crianças brincando em equipamentos que ofereciam segurança e mamães e papais super atentos aos acontecimentos. Tudo isso, claro, na Tancredo Neves. Na Praça Barão do Rio Branco, quando passei quem estava acabando de testar o som era o Dércio Marques. Dei uma paradinha e quando o Quinteto da Paraíba começou a fazer sua equalização tive necessidade de ir embora.
À noite, soube que o grande Elomar Figueira se apresentou. Não sem antes promover um espetáculo de ordem pessoal. É que na abertura do concerto a apresentadora pediu aos espectadores que não utilizassem máquinas com flash, para não tirar a atenção do grande bardo. Um dos nossos fotógrafos, J. C. D’Almeida, desatento à advertência mandou sua máquina em cima do nosso meistersinger e aí a coisa pegou. O Elomar indignado com aquele relâmpago inesperado levantou-se e disse que ia embora. Foi um pega-pra-capar danado. Conversa vai, conversa vem e o nosso trovador resolveu voltar. Claro que um pequeno grupo mandou-lhe uma vaia que o mestre cantor soube calar com a sua arte. Talento é talento.
Não choveu e o encerramento do concerto se deu conforme previsto: Bravíssimo. Algumas pessoas continuaram fazendo críticas ao nosso artista, mas no fundo, sabiam estar diante de um artista superior. Posso dizer que as pessoas ainda hoje são pouco tolerantes com artistas mais sofisticados. Os artistas pop, os grandes maestros e os grandes nomes da arte em geral, têm uma imperiosa e natural necessidade interior e exterior de se mostrarem diferentes das pessoas comuns. E são mesmos...
Outro fato é que nós, conquistenses ou “conquistados” [meu caso] somos cheios de calundus. Elomar, um dos mais célebres dos conquistenses não poderia ser diferente. O Bode é calunduzeiro. De minha parte recomendo: quem não gostar pegue a trouxa e vá embora. Esse temperamento é próprio dele. Não é máscara não! Se houver dúvida de sua parte, procure depoimentos de amigos e parentes. Todo mundo sabe que na cabeça desse trovador rola um montão de literatura, filosofia, imagens, paisagens, personagens, carrosséis, corcéis e mosaicos, que ora o fazem dócil, ora reticente e em alguns casos, surpreendentemente contundente. Ele é assim mesmo. De uma coisa, porém, ninguém pode acusá-lo: Falta de talento. Isso jamais lhe faltou. E é por causa disso que ele está no Panteão do que há de melhor na música brasileira. Pela força estética de sua obra inovadora adquiriu respeito nacional e internacional. Seu processo de criação é um cadinho do que há de mais original e autêntico em nosso cancioneiro. Sua voz é um processo melódico espargindo raios de profecia, sapiência, sementes e frutos de grande meditação. Salve o Menino Jesus, salve Elomar Figueira Melo e o seu Maestro-parceiro João Omar de Carvalho. Feliz Ano Novo, um abraço cordial e até a próxima.
Paulo Pires
(*) Professor UESB-FAINOR.

8 comentários:

Anônimo disse...

Elomar é a madonna do Sertão, será que precisamos dele para referencia de alguma coisa ligado a identidade do ser conquisente? Quando Orlando Celino pintou as feiçoes de Joao Gonçalves inspirado em Elomar talvez tivesse dado conta do vexame que ele deu na praça publica.

Mais uma vez uuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu pra voce ELOMAR

Anônimo disse...

Elomar é a madonna do Sertão, será que precisamos dele para referencia de alguma coisa ligado a identidade do ser conquisente? Quando Orlando Celino pintou as feiçoes de Joao Gonçalves inspirado em Elomar talvez tivesse dado conta do vexame que ele deu na praça publica.

Mais uma vez uuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu pra voce ELOMAR

Anônimo disse...

realmente a praça esta linda. pena que escolhi o horario errado para comparecer la. tinha muita gente,nao pude aproveitar mais.fui pra casa cedo.

ate..

Anônimo disse...

as pessoas nao falam mais do verdadeiro espirito de natal, que é o nascimento de Jesus Cristo.
fala-se em papi noel, presentes, alegria...

acho o natal triste. alias, eu mim sinto deprimida neste dia. mesmo sabendo da importancia do dia do nacimento de Cristo...

Anônimo disse...

Assino em baixo!

Anônimo disse...

assino em baixo!

Anônimo disse...

nao entendi o porque de nao fotografar o elomar, ele tem sensibilidde ao flash? por ele ser um cantor e esta em praça publica, as fotos sao inevitaveis.
Se for frescura, deve deixar de ir em lugar publico e ficar em casa.

ate

Anônimo disse...

olhe nao moro mas ai na bahia mas morei ai em vitoria 28anos,Elomar e um genio da musica naoe um homen para ser vaiado,fico triste com oq ouve,por ele e pelo povo conquiste embora saiba ,q quem gosta de musica de verdade jamais vaiaria,elomar alias vai e coisa e quem nao tem educaçao,elomar fiqueira e um genio da musica brasileira ,viva elomar ..