Por Jerêmias Macário
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É muito boa a proposta do Circo de Cultura do Sudoeste que foi realizado em Vitória da Conquista, de 31 de outubro a 2 de novembro, pelo segundo ano consecutivo. Reconhecemos o grande esforço dos idealizadores Geslaney Brito, Iara Assessú, Jarbas Andrade. Euvaldo Gomes, Yana Aparecida Luz, Eleusa Couto, Maria Fernanda Lima e Date Santana que, com pouco patrocínio da comunidade, transformaram a idéia em realidade.
Está aí o início de tudo que pode se tornar num grande evento, isto se o poder público e o setor privado entrarem firme no que tange ao financiamento. Estamos falando de grana mesmo. No embalo do Circo de Cultura pode ser também realizada a I Bienal Literária do Sudoeste. Defendo que os governos têm que subsidiar a cultura.
Para o movimento ter mais resultados práticos, precisa se pensar na divisão dos trabalhos. Quem idealiza, cria e produz, não consegue e não sabe fazer as outras etapas fundamentais do projeto, quais sejam, a divulgação e a distribuição. Na maioria das vezes, por falta de uma boa divulgação e distribuição do produto, o criador fica no meio do caminho de sua obra.
Para ser mais claro, todo projeto cultural dessa natureza, tem que ter alguém, ou uma empresa que fique responsável pela captação de recursos dos patrocinadores. É a chamada área comercial que irá viabilizar o projeto e se encarregar da parte de divulgação e distribuição. De forma nenhuma, me proponho a ensinar a quem já sabe muito bem disso. Trata-se apenas de uma observação no sentido de que o Circo de Cultura se torne no maior evento cultural do sudoeste e da Bahia.
Esperamos que as Secretarias Estadual e Municipal de Cultura, a Petrobrás, empresas e órgãos públicos se juntem à iniciativa privada para dar uma maior dimensão ao Circo de Cultura, incluindo entre as diversas linguagens artísticas, uma Bienal do Livro do Sudoeste. Não é preciso, no início, chamar medalhões de fora. Vamos valorizar os autores, os talentos regionais e do Estado, para mostrarem seus trabalhos e experiências. A entrada de nomes de fora deve acontecer naturalmente com o crescimento e divulgação do evento.
Quero ainda dizer que foi boa a idéia de incluir as diversas expressões artísticas, mas aos debates deveriam ter sido acrescentados outros temas, como a mídia (Impressa, Eletrônica e Virtual) que foi bastante criticada na Mesa Redonda sobre Produção Cultural no Planalto de Conquista, um assunto que vou me reportar mais adiante neste artigo. Tinham que ser engajados com maior ênfase a questão da Cultura Popular, o Folclore e a Fotografia. Poderia ser mais explorado o Audiovisual (foram realizados debates sobre os Cangaceiros de Glauber Rocha, a produção cinematográfica local e exibição de curtas).
Muito bem lembrado os 100 Anos da Morte de Machado de Assis, com o professor Pedro Dolabela e outros. O encontro com escritores e poetas conquistenses, oficinas para crianças, danças e, é claro, o show com os cantores e compositores locais, como Alisson Menezes, Paulo Macedo, Dão Barros, Papalo Monteiro, Walter Sales, Geslaney Brito, Quinteto de Blues, Gutemberg Vieira e outros grupos mereceram destaque e deram vida e sustentação mais ainda ao Circo de Cultura. Faltou mais divulgação e aqui a imprensa local deixou muito a desejar. Sobraram as críticas contra ela.
No debate sobre Produção Cultural no Planalto de Conquista, o professor Dirley Bonfim deu seu testemunho sobre o visível retrocesso na educação, mas apontou boa parte da sua artilharia contra a mídia que, segundo ele, manipula e impõe suas regras em interesse próprio. Disse que vivemos uma ditadura da mídia que não abre espaços para a cultura.
De fato, temos uma imprensa manipuladora, especialmente a chamada grande mídia, mas ela é só uma das crias do sistema capitalista no poder. Não existe só a ditadura da mídia. Por nossa culpa e de toda sociedade, em razão do silêncio dos intelectuais, está aí também a ditadura do ensino privado, da saúde particular, da propaganda consumista, do patrimonialismo, a ditadura dos banqueiros, financistas e dos partidos políticos. A mídia não é a única culpada de tudo. Na verdade, ela é a cara da nossa realidade de uma Nação de baixo nível cultural.
O professor baiano e presidente da Fundação Biblioteca Nacional, Muniz Sodré, indagado sobre a violência generalizada, disse que a sociedade é que tem de fazer um pacto profundo e olhar as próprias vísceras, as próprias culpas, seus próprios erros, para ver se resolve isso. O mesmo vale para a questão levantada sobre a mídia. Não quer dizer que ela não seja também responsabilizada. Tem que se comprometer com os fatos sociais e entrar nesse pacto. Com relação aos partidos políticos, Muniz afirma que são máquinas burocráticas que estão ali para cumprir os ritos eleitorais.
Para ele, as esperanças desapareceram do horizonte, e o que se quer hoje é o imediato para pagar a conta dos supermercados. Ter R$100,00 ou R$120,00 vale mais que uma grande esperança que nunca vem. Na sua opinião, não existe uma política de transformação, nem de grande reforma social. Na sua visão, temos que acreditar que existe outro caminho que é o socialismo.
A juventude de hoje não quer aprender e expandir seus conhecimentos, mas apenas terminar o curso da sua área específica e entrar no mercado para fazer parte do sistema. Não se lê, e o que está do outro lado não tem interesse. Por sua vez, o governo tem na cultura uma peça decorativa que recebe restos de verbas que sobram dos outros ministérios. Os parlamentares querem as coisas como estão. O Estado continua sendo regido pelos mesmos descendentes daquelas classes sociais a quem foram dadas as capitanias gerais, como destacou o professor Muniz. A esquerda queria um Estado ideal que nunca chegou.
O secretário da Cultura, Gildelson Felício, observou que praticamente não existe imprensa escrita em Conquista. Não deixa de ser uma verdade. Ela continua refém dos poderes públicos e seu conteúdo não vai muito além da informação oficial. De um modo geral, a mídia de Conquista não se evoluiu como se esperava. Mesmo com o avanço tecnológico da computação, houve um retrocesso. Dentre as cidades do seu porte como Feira de Santana, Juazeiro, Ilhéus e Itabuna, Conquista é a única que não conta com um jornal diário.
Mesmo sem muitos recursos, Gildelson fez uma amostragem geral sobre os programas culturais e eventos desenvolvidos pela Prefeitura Municipal, mas a verdade é que ainda não temos uma política cultural definida. A I Conferência Cultural realizada pelo Estado apenas passou por aqui, e a maioria nem se lembra mais dela.
Está aí o início de tudo que pode se tornar num grande evento, isto se o poder público e o setor privado entrarem firme no que tange ao financiamento. Estamos falando de grana mesmo. No embalo do Circo de Cultura pode ser também realizada a I Bienal Literária do Sudoeste. Defendo que os governos têm que subsidiar a cultura.
Para o movimento ter mais resultados práticos, precisa se pensar na divisão dos trabalhos. Quem idealiza, cria e produz, não consegue e não sabe fazer as outras etapas fundamentais do projeto, quais sejam, a divulgação e a distribuição. Na maioria das vezes, por falta de uma boa divulgação e distribuição do produto, o criador fica no meio do caminho de sua obra.
Para ser mais claro, todo projeto cultural dessa natureza, tem que ter alguém, ou uma empresa que fique responsável pela captação de recursos dos patrocinadores. É a chamada área comercial que irá viabilizar o projeto e se encarregar da parte de divulgação e distribuição. De forma nenhuma, me proponho a ensinar a quem já sabe muito bem disso. Trata-se apenas de uma observação no sentido de que o Circo de Cultura se torne no maior evento cultural do sudoeste e da Bahia.
Esperamos que as Secretarias Estadual e Municipal de Cultura, a Petrobrás, empresas e órgãos públicos se juntem à iniciativa privada para dar uma maior dimensão ao Circo de Cultura, incluindo entre as diversas linguagens artísticas, uma Bienal do Livro do Sudoeste. Não é preciso, no início, chamar medalhões de fora. Vamos valorizar os autores, os talentos regionais e do Estado, para mostrarem seus trabalhos e experiências. A entrada de nomes de fora deve acontecer naturalmente com o crescimento e divulgação do evento.
Quero ainda dizer que foi boa a idéia de incluir as diversas expressões artísticas, mas aos debates deveriam ter sido acrescentados outros temas, como a mídia (Impressa, Eletrônica e Virtual) que foi bastante criticada na Mesa Redonda sobre Produção Cultural no Planalto de Conquista, um assunto que vou me reportar mais adiante neste artigo. Tinham que ser engajados com maior ênfase a questão da Cultura Popular, o Folclore e a Fotografia. Poderia ser mais explorado o Audiovisual (foram realizados debates sobre os Cangaceiros de Glauber Rocha, a produção cinematográfica local e exibição de curtas).
Muito bem lembrado os 100 Anos da Morte de Machado de Assis, com o professor Pedro Dolabela e outros. O encontro com escritores e poetas conquistenses, oficinas para crianças, danças e, é claro, o show com os cantores e compositores locais, como Alisson Menezes, Paulo Macedo, Dão Barros, Papalo Monteiro, Walter Sales, Geslaney Brito, Quinteto de Blues, Gutemberg Vieira e outros grupos mereceram destaque e deram vida e sustentação mais ainda ao Circo de Cultura. Faltou mais divulgação e aqui a imprensa local deixou muito a desejar. Sobraram as críticas contra ela.
No debate sobre Produção Cultural no Planalto de Conquista, o professor Dirley Bonfim deu seu testemunho sobre o visível retrocesso na educação, mas apontou boa parte da sua artilharia contra a mídia que, segundo ele, manipula e impõe suas regras em interesse próprio. Disse que vivemos uma ditadura da mídia que não abre espaços para a cultura.
De fato, temos uma imprensa manipuladora, especialmente a chamada grande mídia, mas ela é só uma das crias do sistema capitalista no poder. Não existe só a ditadura da mídia. Por nossa culpa e de toda sociedade, em razão do silêncio dos intelectuais, está aí também a ditadura do ensino privado, da saúde particular, da propaganda consumista, do patrimonialismo, a ditadura dos banqueiros, financistas e dos partidos políticos. A mídia não é a única culpada de tudo. Na verdade, ela é a cara da nossa realidade de uma Nação de baixo nível cultural.
O professor baiano e presidente da Fundação Biblioteca Nacional, Muniz Sodré, indagado sobre a violência generalizada, disse que a sociedade é que tem de fazer um pacto profundo e olhar as próprias vísceras, as próprias culpas, seus próprios erros, para ver se resolve isso. O mesmo vale para a questão levantada sobre a mídia. Não quer dizer que ela não seja também responsabilizada. Tem que se comprometer com os fatos sociais e entrar nesse pacto. Com relação aos partidos políticos, Muniz afirma que são máquinas burocráticas que estão ali para cumprir os ritos eleitorais.
Para ele, as esperanças desapareceram do horizonte, e o que se quer hoje é o imediato para pagar a conta dos supermercados. Ter R$100,00 ou R$120,00 vale mais que uma grande esperança que nunca vem. Na sua opinião, não existe uma política de transformação, nem de grande reforma social. Na sua visão, temos que acreditar que existe outro caminho que é o socialismo.
A juventude de hoje não quer aprender e expandir seus conhecimentos, mas apenas terminar o curso da sua área específica e entrar no mercado para fazer parte do sistema. Não se lê, e o que está do outro lado não tem interesse. Por sua vez, o governo tem na cultura uma peça decorativa que recebe restos de verbas que sobram dos outros ministérios. Os parlamentares querem as coisas como estão. O Estado continua sendo regido pelos mesmos descendentes daquelas classes sociais a quem foram dadas as capitanias gerais, como destacou o professor Muniz. A esquerda queria um Estado ideal que nunca chegou.
O secretário da Cultura, Gildelson Felício, observou que praticamente não existe imprensa escrita em Conquista. Não deixa de ser uma verdade. Ela continua refém dos poderes públicos e seu conteúdo não vai muito além da informação oficial. De um modo geral, a mídia de Conquista não se evoluiu como se esperava. Mesmo com o avanço tecnológico da computação, houve um retrocesso. Dentre as cidades do seu porte como Feira de Santana, Juazeiro, Ilhéus e Itabuna, Conquista é a única que não conta com um jornal diário.
Mesmo sem muitos recursos, Gildelson fez uma amostragem geral sobre os programas culturais e eventos desenvolvidos pela Prefeitura Municipal, mas a verdade é que ainda não temos uma política cultural definida. A I Conferência Cultural realizada pelo Estado apenas passou por aqui, e a maioria nem se lembra mais dela.
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