sábado, 8 de novembro de 2008

Pacientes do interior sofrem por vaga na capital

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Pacientes do interior do estado que precisam de atendimento especializado em Salvador chegam a esperar meses por uma vaga em hospitais da capital. Há casos em que para garantir o direito à transferência, é necessária a intervenção da Justiça. Mesmo assim, alguns pacientes morrem na fila de espera.

Dona Marlene está internada há um mês num hospital em Juazeiro. Ela precisa ser transferida para Salvador, onde deve fazer uma cirurgia no coração. Para viajar, a paciente precisa de um marca-passo, ainda não disponibilizado nem pelo município de Campo Formoso, de onde ela veio, nem pelo estado.

'Fazer o quê? Deus é quem resolve as coisas para a gente', diz a filha Maria Neide Souza.

Em Juazeiro, a cada mês, cerca de 80 pacientes precisam fazer tratamento fora da cidade. A demora na transferência faz com que alguns procurem ajuda do Ministério Público para garantir que sejam transferidos.

Foi o caso da família de uma menina de 3 anos que morreu à espera de uma transferência para Salvador, onde deveria tratar um câncer no intestino. 'Ela ia pra lá para se alimentar pela veia, que aqui em Juazeiro não podia', diz a mãe da menina, Aldeci Silva.

'Se é colocado na lei, é preciso fazer valer. Então, o Conselho Tutelar está aqui para cobrar', declara Silvany Alves, do Conselho Tutelar de Juazeiro.

A desinformação sobre as obrigações de municípios e estado aumenta ainda mais a angústia de quem precisa de um tratamento. Em setembro do ano passado, o auxiliar de enfermagem Osnário Alano foi fazer um cateterismo em Salvador. Foram 900 quilômetros de Barreiras até a capital, junto com um acompanhante. Além da distância, encarou a falta de dinheiro.

Em Vitória da Conquista, a prefeitura se responsabiliza pelos 70 pacientes, em média, enviados para Salvador, todos os meses. 'Ao ser registrado, esse paciente é orientado, tem que levar sua documentação, relatório médico, seu documento de identidade, comprovante de residência', explica a secretária da Saúde de Vitória da Conquista, Suzana Ribeiro

Os municípios são responsáveis pelo transporte dos pacientes. Na Bahia, o tratamento fora do domicílio é regulado por uma central estadual, em Salvador, que cadastra os pedidos de transferência e as vagas nos hospitais da capital.

'Como a quantidade de solicitações é maior do que a disponibilidade de leitos, ocorre uma certa demora', afirma o coordenador da Central Estadual de Regulação, Ricardo Gouveia.

A cada mês, nem metade das mais de 1.600 solicitações chega a ser atendida, muitas vezes, porque há falhas no pedido da transferência. 'Não nos adianta chegar um relatório com informações insuficientes porque quando o paciente chegar aqui, o recurso que nós conseguimos pra ele pode ser inferior à necessidade dele', explica Gouveia.

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