Maiza de Andrade, A Tarde
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Numa iniciativa que poderia ser considerada “epidemiologia popular”, a que se referem autores como Joan Martinez Alier, em seu livro O Ecologismo dos Pobres, o pároco de Caetité e Lagoa Real (a 757 km e 731 km da capital), Osvaldino Alves, decidiu buscar junto às famílias informações sobre os casos de câncer ocorridos na região.
“A Secretaria de Saúde daqui não cuida disso. Não se conhece o número de casos, apesar de o senso comum ter a percepção de que o índice de câncer aumentou”, diz ele. Em contato com 131 comunidades de Caetité e 35 de Lagoa Real, ele pediu aos fiéis para listarem casos de óbitos por câncer, na família, e os atestados como de causa ignorada, caso tenham tido sintomas da doença.
Osvaldino destaca, ainda, o fato de a região não ter um centro de diagnóstico e tratamento de doenças oncológicas. “Os casos são levados para Vitória da Conquista e não há preocupação em notificá-los em Caetité”, afirmou. Outra preocupação dele é com a falta de conhecimento das pessoas dos riscos a que estão expostas, pelo fato de o urânio estar presente no subsolo da região. “As pessoas não têm noção do risco ou do não-risco”.
Segundo ele, os motivos do “silêncio” sobre o urânio se explica, de um lado pelo temor de represálias aos trabalhadores da empresa exploradora do minério (INB) e de seus familiares, e, de outro, “pelo marketing” em torno da idéia de que o urânio não oferece riscos e a situação está sob controle. “Por que não tratar esse assunto com a atenção que merece, até para evitar mal-entendidos?”, questiona.
À frente da Comissão Pastoral de Meio Ambiente, o padre Osvaldino chama a atenção para o caso de cerca de mil pessoas que vivem nas comunidades próximas à mineração, pobres, sem energia elétrica e que consomem água sem qualidade. “A presença deles (INB) ali, como empresa estatal, deveria ajudar as pessoas”, diz o religioso, que reclama monitoramento regular da água e que a população seja “devidamente informada”.
VIGILÂNCIA – Coordenadora de vigilância epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde de Caetité, Werla Aparecida Alves dos Santos Brito confirma o alto índice de mortes por causas ignoradas no município, que em 2007 chegou a 33,3% dos óbitos registrados em certidões. “O câncer é a terceira causa de mortalidade no município de Caetité. As causas indeterminadas estão em primeiro”, diz ela.
Com a metade da população vivendo nas áreas rurais do município, onde, segundo ela, não há médicos, a definição da causa da morte é, na maior parte das vezes, apontada por oficiais de cartórios de registros que, por não terem informações médicas, acabam recorrendo à opção “causa indefinida” para lavrar o documento. A declaração de óbito passou a ser obrigatória para a realização de todos os sepultamentos.
Werla também confirma que a percepção das pessoas da comunidade é de que esteja aumentando o índice de câncer, “mas não há estudos concretos para a gente se respaldar”, diz ela. A falta de estrutura das unidades hospitalares para diagnóstico e tratamento do câncer também é confirmada por Werla, que atribui a isso o baixo índice de internações por doenças neoplásicas, que é de 0,3%, apesar de a doença ser a terceira em causa de morte no município.
“A Secretaria de Saúde daqui não cuida disso. Não se conhece o número de casos, apesar de o senso comum ter a percepção de que o índice de câncer aumentou”, diz ele. Em contato com 131 comunidades de Caetité e 35 de Lagoa Real, ele pediu aos fiéis para listarem casos de óbitos por câncer, na família, e os atestados como de causa ignorada, caso tenham tido sintomas da doença.
Osvaldino destaca, ainda, o fato de a região não ter um centro de diagnóstico e tratamento de doenças oncológicas. “Os casos são levados para Vitória da Conquista e não há preocupação em notificá-los em Caetité”, afirmou. Outra preocupação dele é com a falta de conhecimento das pessoas dos riscos a que estão expostas, pelo fato de o urânio estar presente no subsolo da região. “As pessoas não têm noção do risco ou do não-risco”.
Segundo ele, os motivos do “silêncio” sobre o urânio se explica, de um lado pelo temor de represálias aos trabalhadores da empresa exploradora do minério (INB) e de seus familiares, e, de outro, “pelo marketing” em torno da idéia de que o urânio não oferece riscos e a situação está sob controle. “Por que não tratar esse assunto com a atenção que merece, até para evitar mal-entendidos?”, questiona.
À frente da Comissão Pastoral de Meio Ambiente, o padre Osvaldino chama a atenção para o caso de cerca de mil pessoas que vivem nas comunidades próximas à mineração, pobres, sem energia elétrica e que consomem água sem qualidade. “A presença deles (INB) ali, como empresa estatal, deveria ajudar as pessoas”, diz o religioso, que reclama monitoramento regular da água e que a população seja “devidamente informada”.
VIGILÂNCIA – Coordenadora de vigilância epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde de Caetité, Werla Aparecida Alves dos Santos Brito confirma o alto índice de mortes por causas ignoradas no município, que em 2007 chegou a 33,3% dos óbitos registrados em certidões. “O câncer é a terceira causa de mortalidade no município de Caetité. As causas indeterminadas estão em primeiro”, diz ela.
Com a metade da população vivendo nas áreas rurais do município, onde, segundo ela, não há médicos, a definição da causa da morte é, na maior parte das vezes, apontada por oficiais de cartórios de registros que, por não terem informações médicas, acabam recorrendo à opção “causa indefinida” para lavrar o documento. A declaração de óbito passou a ser obrigatória para a realização de todos os sepultamentos.
Werla também confirma que a percepção das pessoas da comunidade é de que esteja aumentando o índice de câncer, “mas não há estudos concretos para a gente se respaldar”, diz ela. A falta de estrutura das unidades hospitalares para diagnóstico e tratamento do câncer também é confirmada por Werla, que atribui a isso o baixo índice de internações por doenças neoplásicas, que é de 0,3%, apesar de a doença ser a terceira em causa de morte no município.
Um comentário:
O Paróco, pontuou muito bem, quando disse;o municipio deveria possuir postos de saúde bem equipados, para submeter regularmente os moradores de toda a região a exames médicos especializados. J Dean.
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