quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Cursos à distância: 49 mil já aderiram na Bahia

Cerca de 48.600 alunos na Bahia estão matriculados em cursos de graduação e pós-graduação a distância. Em Salvador, esse número chega a 10.760. Para quem deseja ingressar nessa lista, é preciso estar atento na hora de escolher um curso de qualidade. Na semana passada, o Ministério da Educação (MEC) desativou 1.337 pólos de educação oferecidos por instituições de ensino em Tocantins, Paraná e Santa Catarina. Todas apresentavam irregularidades como ausência de coordenadores, falta de laboratórios de informática e bibliotecas.

Nesta quinta, no Dia Nacional de Educação a Distância, os educadores da área comemoram o aumento de alunos matriculados e dão dicas para quem deseja ingressar em um dos cursos. Na rede pública, a previsão é que nos próximos três anos, 30 mil universitários escolham essa modalidade de ensino. Sete instituições públicas oferecem cursos dessa espécie na Bahia, contra três particulares. Com mensalidades que oscilam entre R$ 150 e R$ 220, as privadas conseguem abocanhar 43.600 alunos, contra cinco mil das estaduais e federais.

Na próxima etapa de fiscalização do MEC, a única que passará por avaliação será a Faculdade de Tecnologia e Ciência (FTC). Com 50 mil alunos espalhados em 21 estados, a FTC é a quinta instituição em números de alunos no País. “Existe cerca de um milhão de alunos no Brasil que aderiram ao EAD. E pelo menos 95% está nas faculdades pagas”, comenta o presidente da Associação Nacional de Instituições Privadas de Educação a Distância, Reinaldo Borba.

Para quem planeja ingressar nesse ramo, Borba aconselha que o passo inicial é saber se possui o perfil certo para estudar com esse método. Ao contrário das faculdades presenciais, esse tipo de ensino prioriza a autonomia do estudante, que precisa ser organizado para seguir as regras dos cursos. Além das aulas presenciais, que podem acontecer uma vez por semana à noite, ou nos finais de semana, é preciso ter iniciativa para fazer pesquisas e ampliar o leque de conhecimento mesmo sem a pressão de professores.

ESTUDANTES – A maioria dos estudantes do EAD está fora da faixa etária adolescente dos universitários e não tem tempo para assistir aula durante o dia, como é o caso da secretária Marilda Bastos, 48 anos. No quarto semestre de Biologia, Marilda optou pelo EAD por medo de se deslocar todos os dias até uma faculdade. “Prefiro me dedicar aos estudos em casa. É mais seguro”, assinala.

Após 25 anos longe dos estudos, Marilda lembra que teve de largar a faculdade de Arquitetura pela impossibilidade de conciliar com o trabalho. Agora, dedica ao menos duas horas do dia para os estudos e, após se formar, sonha em exercer as duas profissões. “Quero ser secretária de dia e dar aulas de biologia à noite”, afirma.

Apesar das críticas que alguns educadores mantêm sobre a EAD, o vice-coordenador do Núcleo de EAD da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), Silvar Ribeiro, lembra que no último Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), em nove dos 13 cursos a distância que foram avaliados, os estudantes com aulas desse tipo foram melhores avaliados do que os que fazem a graduação presencial. “Sairá com uma boa formação do EAD o aluno que souber gerenciar seu estudo”, comenta Ribeiro.

Para a educadora especialista em sociologia da educação, Iraci Picanso, é preciso ter cuidado com a proliferação de tantos cursos a distância. Vistos como uma tendência natural da educação no século XXI, Iraci lembra ser necessário estimular a busca do conhecimento com os recursos da internet, e não apenas aderir a esse tipo de método de ensino pelo comodismo. “Deve-se buscar a formação do cidadão e do profissional. Não adianta aderir a esse tipo de curso apenas como meio de buscar a informação de forma fácil”, pontua.

Do A Tarde

Nenhum comentário: