Luciana Lima, Agência Brasil
O cenário político de todo estado da Bahia pelo resultado das urnas das eleições municipais, aponta para três forças equivalentes encabeçadas pelo PMDB, o PT e o DEM. É a primeira vez que um cenário “tripolar” se consolida no estado, de acordo com o cientista político Paulo Fábio Dantas Neto, professor da Universidade Federal da Bahia.
De acordo com o professor, antes, na década de 80, havia uma única força, controlada pelo senador Antônio Carlos Magalhães, morto no ano passado. Já na década de 90, o PT se consolidou como força de oposição ao carlismo formando um cenário de bipolaridade.
O novo elemento, para Dantas, é o PMDB forte que saiu das urnas, que, além da capital, lançou suas bases na área mais rural do estado, principalmente a partir de 2006, período que coincide com a ida de Geddel Vieira Lima para a base do governo de Luiz Inácio Lula da Silva e, principalmente, para o Ministério da Integração Nacional.
“Se até dois anos atrás nós falávamos em duas forças disputando a política baiana, agora podemos falar de três. O PMDB se credenciou para isso, de 2006 para cá”, destacou o cientista político.
O PMDB elegeu 114 prefeitos, 80 deles em municípios com menos de 15 mil eleitores e conseguiu ainda a capital.
“O peso do PMDB nas prefeituras das maiores cidades baianas é um peso bem menor do que o que ele tem nos pequenos municípios. Os municípios pequenos são mais dependentes do governo federal e estadual. Acho que a possibilidade do PMDB manter esses prefeitos sob o seu comando está relacionada à sua continuidade no governo”, avaliou Dantas.
Já o PT, considerando ainda seus aliados de esquerda como o PCdoB, o PSB e outros partidos menores, elegeu 103 prefeitos e, proporcionalmente, em cidade maiores que as cidades em que o PMDB venceu as eleições.
Em 2004, o DEM elegeu 150 prefeitos na Bahia. Durante a campanha de 2006, muitos desses prefeitos abandonaram o DEM e apoiaram o governador Jaques Wagner, que, até então, tinha menos de 50 prefeituras.
“Na atual coalisão de governo, o PT e o PMDB expressam pólos que estão equilibrados em termos de prefeituras. O PMDB com um número maior e presente em pequenos municípios e o PT com um número um pouco menor, mas presente nos grandes municípios. E o DEM, que, embora tenha perdido muitos municípios pequenos, nos 19 maiores colégios eleitorais da Bahia, recuperou o nível que tinha em 2004, antes de perder o governo do estado”, explicou o professor.
“O que se pode concluir é que tem espaço de oposição na Bahia, e é o DEM”, avaliou Dantas, considerando “que o partido do carlismo além de nove dos maiores municípios da Bahia têm elementos fundamentais no jogo político: tradição, articulação em município-chave e ainda candidatos naturais forte ao governo. Se quiser, o DEM tem o nome de Paulo Souto que é um candidato com chances, tem um nome natural que é o próprio presidente do partido”.
Dantas apontou ainda as opções para 2010. “Assim como o PT tem nome, o do próprio Jaques Wagner, o PMDB também tem o nome do ministro Geddel Vieira Lima”, destacou.
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