Por Jerêmias Macário
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Os debates políticos padronizados nas tvs, com espaços curtos e blocos que mais parecem tijolos cerâmicos empilhados no meio de uma bonita sala, estão ficando desgastados e perdendo o sentido de se tornarem em discussão de propostas sérias entre os candidatos. Viraram shows de platéias, com idéias desconexas, patrulhadas e mutiladas pelo tempo. Do meio para o fim, se resvalam em bate-boca, e as perguntas, na maioria das vezes, não são respondidas. Depois de espremidos, pouca coisa fica de proposta de governo.
A formula dessas discussões precisa ser repensada, reinventada e recriada, talvez abrindo mais tempo para o político se expressar, e sem essa de candidato fazer perguntas para candidato. Outra forma seria a imprensa e até o povo sabatinarem um candidato de cada vez, e exigir que ele responda a pergunta como ela foi feita, e não ficar enrolando como faz nos debates atuais. Tem candidato que combina a estratégia com o outro, para massacrar o adversário que está na frente das pesquisas de opinião (aliás, estas também estão desacreditadas).
Tem até o candidato de aluguel. Tem que sair tudo bonitinho como manda o figurino. Vale mais a maquiagem, inclusive da assessoria. Como está, o candidato perde totalmente a sua personalidade, a sua identidade, para servir ao gosto da audiência e da torcida.
Sem essa de que debate hoje serve para tirar dúvidas de eleitor, ou fazer a pessoa mudar seu voto. Isso pode até acontecer em raros casos. Muitas vezes existem candidatos capacitados, com boas intenções e propostas de trabalho, mas se perdem nesses debates por problemas de comunicação e dificuldades de se expressar. Já outros enganadores e com promessa mirabolantes, terminam se saindo muito bem por ter desenvoltura com a palavra, experiência e mais poder de comunicabilidade. Ai é onde o eleitor se engana e termina sendo traído.
Encaro esses debates no modelo como estão montados como shows de torcidas, e pouco proveito tiro deles. No final, se espalha logo a discussão sobre quem perdeu e quem ganhou no bate-boca. Quem foi mais ferino, geralmente leva a melhor. Conta muito o dom da palavra e não a capacidade e as propostas coerentes, sem falsas e ilusórias promessas que ainda pegam o eleitor sem conscientização política.
MALAS DE DINHEIRO
Como estamos falando de política, em pleno século XXI, ainda continua dando de tudo nas eleições, fazendo lembrar os velhos tempos do coronelismo dos senhores de engenho e das fazendas de café. Permanece o voto de cabresto, mesmo com urnas eletrônicas modernas e digitalizadas. Na reta final das campanhas, aparecem sempre as malas de dinheiro para comprar votos e, acima de tudo, com notas falsas. Até nisso, os políticos sujos na Justiça (centenas deles vão se eleitos) são autênticos. Em pleno sertão de Pernambuco, Severino Cavalcanti, aquele que subornou o dono do restaurante do Congresso, disse ser mais popular que o frei Damião. Num comício, Severino, com foto e tudo de Lula, conseguiu reunir 11 mil pessoas.
A corrida pela prefeitura ou, principalmente, por uma cadeira na câmara municipal foi desproporcional em termos de gastança. Teve vereador que gastou os tubos para renovar seu mandato, ou se eleger pela primeira vez. Quem teve mais dinheiro está levando mais vantagem, com maior volume de marketing na confecção de santinhos, panfletos, carros de som, cartazes, pessoal encarregado da divulgação, comitês, etc.
Foram quase dois meses de poluição sonora e as ruas vão continuar sujas por muito tempo. Quem vai pagar para limpá-las são os eleitores-contribuintes. E depois vem o Judiciário e diz que teve o propósito de realizar uma eleição com igualdades de disputa. Conversa para boi dormir.
Num município do Maranhão, houve até candidato perguntando diretamente a juízes se podia comprar votos, ou dar uma ajuda em forma de alimentos ou bens materiais para os mais necessitados. Muitos eleitores entrevistados ainda acham que o político deve pagar pelo voto.
Aqui na Bahia, filho imita pai na política. O candidato de Santa Cruz Cabrália, Ubaldino Alves Pinto, e seu filho Ubaldino Júnior, de Porto Seguro, tiveram a candidaturas negadas pelo Supremo Tribunal Federal pelo mesmos motivos: contas rejeitadas. No entanto, vão ser votados. O mais lamentável é que contam com forte apoio da população.
Também, o nosso intocável Judiciário não dá bons exemplos de conduta para o povo brasileiro! Estão sabendo da "Operação Abafa" no Tribunal de Justiça da Bahia? Processos de desembargadores que negociaram sentenças estão simplesmente sendo engavetados. Um promotor chegou a declarar que é mais fácil acreditar que a terra não é redonda do que dizer que não há desembargador envolvido na venda de sentenças.
A formula dessas discussões precisa ser repensada, reinventada e recriada, talvez abrindo mais tempo para o político se expressar, e sem essa de candidato fazer perguntas para candidato. Outra forma seria a imprensa e até o povo sabatinarem um candidato de cada vez, e exigir que ele responda a pergunta como ela foi feita, e não ficar enrolando como faz nos debates atuais. Tem candidato que combina a estratégia com o outro, para massacrar o adversário que está na frente das pesquisas de opinião (aliás, estas também estão desacreditadas).
Tem até o candidato de aluguel. Tem que sair tudo bonitinho como manda o figurino. Vale mais a maquiagem, inclusive da assessoria. Como está, o candidato perde totalmente a sua personalidade, a sua identidade, para servir ao gosto da audiência e da torcida.
Sem essa de que debate hoje serve para tirar dúvidas de eleitor, ou fazer a pessoa mudar seu voto. Isso pode até acontecer em raros casos. Muitas vezes existem candidatos capacitados, com boas intenções e propostas de trabalho, mas se perdem nesses debates por problemas de comunicação e dificuldades de se expressar. Já outros enganadores e com promessa mirabolantes, terminam se saindo muito bem por ter desenvoltura com a palavra, experiência e mais poder de comunicabilidade. Ai é onde o eleitor se engana e termina sendo traído.
Encaro esses debates no modelo como estão montados como shows de torcidas, e pouco proveito tiro deles. No final, se espalha logo a discussão sobre quem perdeu e quem ganhou no bate-boca. Quem foi mais ferino, geralmente leva a melhor. Conta muito o dom da palavra e não a capacidade e as propostas coerentes, sem falsas e ilusórias promessas que ainda pegam o eleitor sem conscientização política.
MALAS DE DINHEIRO
Como estamos falando de política, em pleno século XXI, ainda continua dando de tudo nas eleições, fazendo lembrar os velhos tempos do coronelismo dos senhores de engenho e das fazendas de café. Permanece o voto de cabresto, mesmo com urnas eletrônicas modernas e digitalizadas. Na reta final das campanhas, aparecem sempre as malas de dinheiro para comprar votos e, acima de tudo, com notas falsas. Até nisso, os políticos sujos na Justiça (centenas deles vão se eleitos) são autênticos. Em pleno sertão de Pernambuco, Severino Cavalcanti, aquele que subornou o dono do restaurante do Congresso, disse ser mais popular que o frei Damião. Num comício, Severino, com foto e tudo de Lula, conseguiu reunir 11 mil pessoas.
A corrida pela prefeitura ou, principalmente, por uma cadeira na câmara municipal foi desproporcional em termos de gastança. Teve vereador que gastou os tubos para renovar seu mandato, ou se eleger pela primeira vez. Quem teve mais dinheiro está levando mais vantagem, com maior volume de marketing na confecção de santinhos, panfletos, carros de som, cartazes, pessoal encarregado da divulgação, comitês, etc.
Foram quase dois meses de poluição sonora e as ruas vão continuar sujas por muito tempo. Quem vai pagar para limpá-las são os eleitores-contribuintes. E depois vem o Judiciário e diz que teve o propósito de realizar uma eleição com igualdades de disputa. Conversa para boi dormir.
Num município do Maranhão, houve até candidato perguntando diretamente a juízes se podia comprar votos, ou dar uma ajuda em forma de alimentos ou bens materiais para os mais necessitados. Muitos eleitores entrevistados ainda acham que o político deve pagar pelo voto.
Aqui na Bahia, filho imita pai na política. O candidato de Santa Cruz Cabrália, Ubaldino Alves Pinto, e seu filho Ubaldino Júnior, de Porto Seguro, tiveram a candidaturas negadas pelo Supremo Tribunal Federal pelo mesmos motivos: contas rejeitadas. No entanto, vão ser votados. O mais lamentável é que contam com forte apoio da população.
Também, o nosso intocável Judiciário não dá bons exemplos de conduta para o povo brasileiro! Estão sabendo da "Operação Abafa" no Tribunal de Justiça da Bahia? Processos de desembargadores que negociaram sentenças estão simplesmente sendo engavetados. Um promotor chegou a declarar que é mais fácil acreditar que a terra não é redonda do que dizer que não há desembargador envolvido na venda de sentenças.
Um comentário:
Texto muito interessante.Realmente esses tais"debates", são muito enfadonhos - estão mais para ensaios intérmitentes, do que própriamente debates!.não posso afirmar, cor certeza - ma, é possível que cabrestos eletrônicos existam.As novas técnologias tem própiciados muito so avanços também em outras áreas - inclusive o crímes através da internet. RGS(pesquisador).
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