A cantora fala sobre o novo DVD, a falta que sente da mãe, Elis Regina, e desmistifica a idéia de nova diva da MPB
EDUARDO VIEIRA
eduardoavieira@grupoatarde.com.br
“Canto parecido? Canto. Mas canto parecido porque sou filha dela, não imito”. A declaração de Maria Rita, em entrevista exclusiva por telefone, demonstra a segurança que a cantora tem hoje ao falar, mesmo sem ser questionada, sobre as comparações envolvendo a mãe, Elis Regina, presentes especialmente no ano de 2003, quando lançou o primeiro disco no mercado.
A segurança e a competência, que na verdade acompanham a cantora desde a primeira turnê, também podem ser vistas, de forma mais descontraída e com mais desenvoltura, no DVD Samba Meu, que chega às lojas como registro da turnê iniciada em 2007, logo após o lançamento do álbum homônimo, em setembro, com sambas no repertório.
A turnê percorre atualmente o Brasil e já passou por países como Argentina, Estados Unidos, Portugal e Inglaterra. A agenda ainda conta com shows programados para o Japão, em novembro, entre outras cidades brasileiras. Antes, no próximo dia 24, ela retorna a Salvador para apresentação do Samba Meu, na Concha Acústica, após show, em maio, no Cais Dourado.
No DVD, Maria Rita aparece à vontade, sobretudo com o seu samba.
A mudança, além do quesito musical – já que os dois primeiros álbuns privilegiavam canções mais acústicas, voltadas para a MPB –, é perceptível logo de imediato nos figurinos.
Saem de cena os longos, muitas vezes pretos, e entram roupas bem coloridas e mais sensuais.
“Estou confiante, mais confortável com as minhas inseguranças, com os meus defeitos. Eu sempre fui muito perfeccionista e me escondia por não me achar à altura das minhas próprias expectativas e das expectativas dos outros. E também por eu ter uma percepção de uma maturidade tanto do público quanto da crítica”, diz Maria Rita.
A confiança e o amadurecimento do público passam também pela diminuição, hoje, das comparações e cobranças envolvendo Elis Regina.
“No caso das comparações com a minha mãe, as acusações que eu a imitava propositadamente terminaram, as comparações maldosas acabaram.
As pessoas amadureceram.
Eu nunca julguei ninguém, muito pelo contrário. Eu sempre vi isso como um protecionismo a minha mãe.
Se me ofendia? Lógico que eu ficava incomodada”.
E completa: “Eu não vejo nada da minha mãe, porque me dói, eu choro porque ela não está aqui comigo, porque eu não posso conversar com ela, não posso pedir conselho, deitar no colo dela. Quando eu tô gr ipada não é para o colo dela que eu corro”, diz a intérprete.
REPERTÓRIO – O DVD traz a íntegra do show para o público. A apresentação começa com a dobradinha Samba Meu/ O Homem Falou na abertura, seguida por Tá Perdoado e Maria do Socorro. Do novo disco, ainda entram Novo Amor, Trajetória , O que É o Amor,Cria, Corpitcho, Casa de Noca, Num Corpo Só e Maltra tar não É Direito.
Dos álbuns anteriores, estão Recado, Muito Pouco, Pagu ,Encontros e D espedidas, Caminho das Águas, A Festa , Cara Valente e Conta Outra. O DVD traz, ainda, um clipe da versão de Não Deixe o Samba Morrer, música que está nas rádios.
Trazer as músicas dos discos anteriores para o universo do samba foi um dos desafios de Maria Rita no novo show. “O desafio existiu, mas eu automaticamente assumi que são diferentes. Dei um cenário diferente, uma iluminação diferente, o momento que eu escolho para fazer a troca de figurino também foi pensado.
Pensei nas canções que o público gosta de ouvir, gosta de cantar comigo nos shows”, considera a cantora.
Os arranjos das canções foram adaptados para a nova formação da banda que acompanha Maria Rita na estrada. “Antes eu tinha piano, baixo, bateria e alguns elementos percussivos.
Agora, são dois percussionistas, cavado, bandolim, violão de sete, violão de aço, violão, baixo acústico, piano acústico e bateria. Aumentaram as possibilidades e alguns arranjos realmente sofreram algumas modificações interessantes”, explica.
Entre as novidades, está o arranjo de Caminho das Águas, que contribuiu para que a canção ficasse ainda mais bonita ao vivo, assim como a versão mais acelerada de Muito Pouco, ambas do álbum Segundo. Já a versão de Encontros e Despedidas, gravada no primeiro disco, aparece mais suave.
SAMBA – Maria Rita já flertava com canções de samba nos dois primeiros discos, quando gravou músicas como Cara Valente, de Marcelo Camelo, e Recado, de Rodrigo Maranhão.
A proximidade com o som vem desde cedo. “Eu era muito nova e, bem no início da adolescência, ganhei um walkman do meu pai [o músico César Camargo Mariano]. Eu não ganhava mesada e ficava ouvindo rádio popular, então papai me deu um walkman e uma fita cassete do Djavan. É a lembrança mais remota que eu tenho, consciente, d´eu curtindo samba, eu comigo mesma, sem influências externas”, relembra a artista.
Segundo Maria Rita, o samba trouxe importantes resultados para a sua carreira, que extrapolam o universo musical. “O samba possibilitou as pessoas verem um lado mais moleca, mais bagunceira, mais popular do que os outros trabalhos permitiam.
E tá ajudando a acabar um pouco com a imagem de diva intocável.
Aquela chata que não faz show para público pequeno, que custa caro.
Acho que ficou uma imagem meio nojentinha. Aquela metida a besta. Aquela coisa arrogante. Então, o samba me trouxe grandes presentes”, diz.
Maria Rita também considera que a relação com a imprensa melhorou, especialmente a aproximação com emissoras de televisão e rádio. Mas a linha entre a vida pessoal e profissional é sempre observada neste momento.
“Eu tenho isso bem seguro e sou criticada, mas não deixo essas críticas me atingirem. Evito ao máximo sair com o meu filho. É legal? Não.
Eu perco todos os lançamentos de filmes infantis, de teatro, que eu poderia ir com ele. Mas eu não me sinto confortável. Eu acho que estaria desrespeitando, expondo o meu filho, impondo a ele uma roda da qual talvez ele não queira fazer parte. Este é o lado chato da história”, afirma.
De acordo com a cantora, é justamente no palco que a relação de intimidade deve estar mais presente.
“Eu me exponho tanto, me dôo tanto, que eu já me sinto no direito de não alimentar mais nada da minha vida pessoal. O que eu canto é muito pessoal.
Eu choro, eu sangro, eu suo. Não tô preocupada com a beleza. Tô preocupada com a entrega. Então, me permito isso. Mas eu já estou mais tranqüila do que há um ano meio”, conclui.
Samba Meu Maria Rita War ner R$ 54,90 www.maria-rita.com
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EDUARDO VIEIRA
eduardoavieira@grupoatarde.com.br
“Canto parecido? Canto. Mas canto parecido porque sou filha dela, não imito”. A declaração de Maria Rita, em entrevista exclusiva por telefone, demonstra a segurança que a cantora tem hoje ao falar, mesmo sem ser questionada, sobre as comparações envolvendo a mãe, Elis Regina, presentes especialmente no ano de 2003, quando lançou o primeiro disco no mercado.
A segurança e a competência, que na verdade acompanham a cantora desde a primeira turnê, também podem ser vistas, de forma mais descontraída e com mais desenvoltura, no DVD Samba Meu, que chega às lojas como registro da turnê iniciada em 2007, logo após o lançamento do álbum homônimo, em setembro, com sambas no repertório.
A turnê percorre atualmente o Brasil e já passou por países como Argentina, Estados Unidos, Portugal e Inglaterra. A agenda ainda conta com shows programados para o Japão, em novembro, entre outras cidades brasileiras. Antes, no próximo dia 24, ela retorna a Salvador para apresentação do Samba Meu, na Concha Acústica, após show, em maio, no Cais Dourado.
No DVD, Maria Rita aparece à vontade, sobretudo com o seu samba.
A mudança, além do quesito musical – já que os dois primeiros álbuns privilegiavam canções mais acústicas, voltadas para a MPB –, é perceptível logo de imediato nos figurinos.
Saem de cena os longos, muitas vezes pretos, e entram roupas bem coloridas e mais sensuais.
“Estou confiante, mais confortável com as minhas inseguranças, com os meus defeitos. Eu sempre fui muito perfeccionista e me escondia por não me achar à altura das minhas próprias expectativas e das expectativas dos outros. E também por eu ter uma percepção de uma maturidade tanto do público quanto da crítica”, diz Maria Rita.
A confiança e o amadurecimento do público passam também pela diminuição, hoje, das comparações e cobranças envolvendo Elis Regina.
“No caso das comparações com a minha mãe, as acusações que eu a imitava propositadamente terminaram, as comparações maldosas acabaram.
As pessoas amadureceram.
Eu nunca julguei ninguém, muito pelo contrário. Eu sempre vi isso como um protecionismo a minha mãe.
Se me ofendia? Lógico que eu ficava incomodada”.
E completa: “Eu não vejo nada da minha mãe, porque me dói, eu choro porque ela não está aqui comigo, porque eu não posso conversar com ela, não posso pedir conselho, deitar no colo dela. Quando eu tô gr ipada não é para o colo dela que eu corro”, diz a intérprete.
REPERTÓRIO – O DVD traz a íntegra do show para o público. A apresentação começa com a dobradinha Samba Meu/ O Homem Falou na abertura, seguida por Tá Perdoado e Maria do Socorro. Do novo disco, ainda entram Novo Amor, Trajetória , O que É o Amor,Cria, Corpitcho, Casa de Noca, Num Corpo Só e Maltra tar não É Direito.
Dos álbuns anteriores, estão Recado, Muito Pouco, Pagu ,Encontros e D espedidas, Caminho das Águas, A Festa , Cara Valente e Conta Outra. O DVD traz, ainda, um clipe da versão de Não Deixe o Samba Morrer, música que está nas rádios.
Trazer as músicas dos discos anteriores para o universo do samba foi um dos desafios de Maria Rita no novo show. “O desafio existiu, mas eu automaticamente assumi que são diferentes. Dei um cenário diferente, uma iluminação diferente, o momento que eu escolho para fazer a troca de figurino também foi pensado.
Pensei nas canções que o público gosta de ouvir, gosta de cantar comigo nos shows”, considera a cantora.
Os arranjos das canções foram adaptados para a nova formação da banda que acompanha Maria Rita na estrada. “Antes eu tinha piano, baixo, bateria e alguns elementos percussivos.
Agora, são dois percussionistas, cavado, bandolim, violão de sete, violão de aço, violão, baixo acústico, piano acústico e bateria. Aumentaram as possibilidades e alguns arranjos realmente sofreram algumas modificações interessantes”, explica.
Entre as novidades, está o arranjo de Caminho das Águas, que contribuiu para que a canção ficasse ainda mais bonita ao vivo, assim como a versão mais acelerada de Muito Pouco, ambas do álbum Segundo. Já a versão de Encontros e Despedidas, gravada no primeiro disco, aparece mais suave.
SAMBA – Maria Rita já flertava com canções de samba nos dois primeiros discos, quando gravou músicas como Cara Valente, de Marcelo Camelo, e Recado, de Rodrigo Maranhão.
A proximidade com o som vem desde cedo. “Eu era muito nova e, bem no início da adolescência, ganhei um walkman do meu pai [o músico César Camargo Mariano]. Eu não ganhava mesada e ficava ouvindo rádio popular, então papai me deu um walkman e uma fita cassete do Djavan. É a lembrança mais remota que eu tenho, consciente, d´eu curtindo samba, eu comigo mesma, sem influências externas”, relembra a artista.
Segundo Maria Rita, o samba trouxe importantes resultados para a sua carreira, que extrapolam o universo musical. “O samba possibilitou as pessoas verem um lado mais moleca, mais bagunceira, mais popular do que os outros trabalhos permitiam.
E tá ajudando a acabar um pouco com a imagem de diva intocável.
Aquela chata que não faz show para público pequeno, que custa caro.
Acho que ficou uma imagem meio nojentinha. Aquela metida a besta. Aquela coisa arrogante. Então, o samba me trouxe grandes presentes”, diz.
Maria Rita também considera que a relação com a imprensa melhorou, especialmente a aproximação com emissoras de televisão e rádio. Mas a linha entre a vida pessoal e profissional é sempre observada neste momento.
“Eu tenho isso bem seguro e sou criticada, mas não deixo essas críticas me atingirem. Evito ao máximo sair com o meu filho. É legal? Não.
Eu perco todos os lançamentos de filmes infantis, de teatro, que eu poderia ir com ele. Mas eu não me sinto confortável. Eu acho que estaria desrespeitando, expondo o meu filho, impondo a ele uma roda da qual talvez ele não queira fazer parte. Este é o lado chato da história”, afirma.
De acordo com a cantora, é justamente no palco que a relação de intimidade deve estar mais presente.
“Eu me exponho tanto, me dôo tanto, que eu já me sinto no direito de não alimentar mais nada da minha vida pessoal. O que eu canto é muito pessoal.
Eu choro, eu sangro, eu suo. Não tô preocupada com a beleza. Tô preocupada com a entrega. Então, me permito isso. Mas eu já estou mais tranqüila do que há um ano meio”, conclui.
Samba Meu Maria Rita War ner R$ 54,90 www.maria-rita.com
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