terça-feira, 7 de outubro de 2008

Carlismo enfraquece a cada eleição


Menos de um ano e meio depois da morte do senador Antonio Carlos Magalhães, o chamado movimento carlista vai encolhendo definitivamente na Bahia. Maior força política local durante décadas, o carlismo foi reduzido a 42 prefeituras, conquistadas pelo DEM nas eleições de domingo. Em 2004, o PFL, partido de onde derivou o DEM, elegera 155 prefeitos.

Quatro anos depois, o espólio de ACM se fragmentou entre 23 partidos, que conseguiram eleger prefeitos na Bahia. Mas os maiores nacos desse poder já têm dois novos donos: PMDB e PT, vencedores do maior número de prefeituras.



Não é a toa que os dois partidos se enfrentarão no segundo turno de Salvador, onde o prefeito João Henrique Carneiro (PMDB) tenta a reeleição contra o petista Walter Pinheiro. Sintomaticamente, o herdeiro direto do carlismo, o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM), terminou em terceiro lugar, embora tenha obtido votação expressiva.

Na distribuição de forças pelo Estado, porém, a hegemonia é do PMDB, que conseguiu conquistar 107 cidades. Para o PT, foram 63 municípios.

A eleição de domingo, na prática, consagrou a tendência de fortalecimento dos dois grupos. Antonio Carlos Magalhães já tinha visto seu bloco ser batido pelo PT na corrida pelo governo em 2006. ACM apoiara, na ocasião, a reeleição do então governador Paulo Souto, seu aliado, enquanto os petistas lançaram Jaques Wagner.

Impulsionado pela popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Bahia, Wagner bateu Souto, desalojando o carlismo dos maiores núcleos regionais de poder. Essa vitória garantiu a ele a liderança local do grupo petista.

A nomeação de Geddel Vieira Lima, do PMDB, para o comando do Ministério da Integração Nacional serviu para pavimentar o caminho de consolidação do segundo novo núcleo de poder alternativo ao carlismo. Titular de um ministério poderoso e influente, Geddel viu prefeitos migrarem rapidamente do carlismo em direção ao PMDB e assumiu a liderança absoluta do partido no Estado.

No domingo, Wagner afirmou que o carlismo acabou sendo derrotado pela superação de seu modo de agir. "A pá de cal do carlismo foi a modernidade. A conjuntura política moderna não suporta mais alguém que mande na política", disse, no domingo, comemorando a vitória do PT em cidades importantes como Vitória da Conquista e Camaçari.
Marcelo de Moraes, Estadão

Um comentário:

Anônimo disse...

Só até surgir outro - não necessariamente com o mesmo estilo.O povo já está, há muito doutrinado e manso, pronto para nova liderança!.J. Dean Pereira.