Helga Cirino e Luisa Torreão, do A TARDE
Três mil e duzentos policiais militares passaram a cumprir estágio operacional nas ruas de 27 municípios baianos. Só em Salvador são 858. Eles terão cerimônia de formatura no dia 5 de dezembro, mas já começaram a conhecer os desafios que a nova profissão lhes oferece. Com os recém admitidos, o quadro da PM baiana salta para 30,2 mil agentes.
O ingresso dos novatos é uma necessidade para o Estado, que contava com um déficit de 19 mil policiais militares, de acordo com estudo realizado pela Universidade Federal da Bahia (Ufba) e Secretaria da Segurança Pública (SSP), tomando como base a quantidade de PMs na Bahia idealizada para 2000 em um estudo feito em 1990. Agora, o déficit, ainda respeitando-se os números do estudo, cai para cerca de 16 mil policiais e o contingente se iguala ao número de militares do Estado em 2004.
Para o professor da Universidade do Salvador (Unifacs), Carlos Costa Gomes, que coordena o Observatório de Segurança Pública do Território, o estágio prático pelo qual passam os novos policiais “é uma etapa necessária a ser cumprida”. Para ele, a falta de certificado, que só será entregue na formatura, não quer dizer que o aprendiz não tenha o conhecimento necessário. “A gente só verifica se a pessoa é capaz, se houver um estágio probatório”, lembra o professor.
Seguindo raciocínio semelhante, a pesquisadora Helonisa Costa, integrante do Fórum Comunitário de Combate à Violência, entende que “todo profissional tem de passar por um período de prática”. Porém, ela não deixa de demonstrar certa preocupação com a forma como está sendo realizado o processo.
“O que precisamos saber é como esses novatos estão indo para a rua. Eles têm de ser supervisionados por policiais mais experientes para que as ações tomadas não sejam por iniciativa própria”, opina a pesquisadora. Helonisa sugere que os aprendizes não saiam às ruas armados, uma vez que podem colocar em risco a população.
Sobre essa inquietação, a reportagem de A TARDE constatou, nas ruas, que, confirmando os temores de Helonisa Costa, os novos militares estão cumprindo o estágio armados. Pelo menos vários deles foram identificados nas rondas ostentando esse tipo de equipamento.
Ciente de que os desafios dos novos PMs são grandes, em um momento em que a violência cresce no Estado, o professor Carlos Costa Gomes concorda que é preciso haver fiscalização no trabalho dos recém-ingressos, mas pondera: “A prática com restrições eles já devem ter experimentado dentro da academia. É necessário passar por um nível maior de adestramento”.
CONTRA – Mas nem todos os setores da sociedade gostaram da chegada dos novos PMs às ruas. A informação causou polêmica entre integrantes da Associação Nacional de Praças da PM (Anaspra) e Associação dos Praças e Soldados do Estado da Bahia (Aspol), que apontaram supostos riscos para os novatos.
Apesar de todo o processo de aperfeiçoamento dos 3.200 policiais ter seguido as regras e os períodos estimados em cursos anteriores, o presidente da Anaspra, Marcos Prisco, diz que o momento atual faz merecer um treinamento especial.
“Os policiais com anos de casa estão morrendo por aí. O perigo para os novos é muito grande. Eles devem passar por um treinamento mais especializado. Quando eu me formei, havia 32,6 mil homens trabalhando na PM e mesmos com esses 3,2 mil novos não chegaremos a 30 mil”, apresentou seus números Prisco. A opinião é compartilhada pelo diretor da Aspol, economista e sargento da PM, Donavan Soares Moutinho. “Eles [os novatos] são alvos fáceis. Se acontecer alguma coisa, quem vai se responsabilizar?”, questiona o sargento.
O ingresso dos novatos é uma necessidade para o Estado, que contava com um déficit de 19 mil policiais militares, de acordo com estudo realizado pela Universidade Federal da Bahia (Ufba) e Secretaria da Segurança Pública (SSP), tomando como base a quantidade de PMs na Bahia idealizada para 2000 em um estudo feito em 1990. Agora, o déficit, ainda respeitando-se os números do estudo, cai para cerca de 16 mil policiais e o contingente se iguala ao número de militares do Estado em 2004.
Para o professor da Universidade do Salvador (Unifacs), Carlos Costa Gomes, que coordena o Observatório de Segurança Pública do Território, o estágio prático pelo qual passam os novos policiais “é uma etapa necessária a ser cumprida”. Para ele, a falta de certificado, que só será entregue na formatura, não quer dizer que o aprendiz não tenha o conhecimento necessário. “A gente só verifica se a pessoa é capaz, se houver um estágio probatório”, lembra o professor.
Seguindo raciocínio semelhante, a pesquisadora Helonisa Costa, integrante do Fórum Comunitário de Combate à Violência, entende que “todo profissional tem de passar por um período de prática”. Porém, ela não deixa de demonstrar certa preocupação com a forma como está sendo realizado o processo.
“O que precisamos saber é como esses novatos estão indo para a rua. Eles têm de ser supervisionados por policiais mais experientes para que as ações tomadas não sejam por iniciativa própria”, opina a pesquisadora. Helonisa sugere que os aprendizes não saiam às ruas armados, uma vez que podem colocar em risco a população.
Sobre essa inquietação, a reportagem de A TARDE constatou, nas ruas, que, confirmando os temores de Helonisa Costa, os novos militares estão cumprindo o estágio armados. Pelo menos vários deles foram identificados nas rondas ostentando esse tipo de equipamento.
Ciente de que os desafios dos novos PMs são grandes, em um momento em que a violência cresce no Estado, o professor Carlos Costa Gomes concorda que é preciso haver fiscalização no trabalho dos recém-ingressos, mas pondera: “A prática com restrições eles já devem ter experimentado dentro da academia. É necessário passar por um nível maior de adestramento”.
CONTRA – Mas nem todos os setores da sociedade gostaram da chegada dos novos PMs às ruas. A informação causou polêmica entre integrantes da Associação Nacional de Praças da PM (Anaspra) e Associação dos Praças e Soldados do Estado da Bahia (Aspol), que apontaram supostos riscos para os novatos.
Apesar de todo o processo de aperfeiçoamento dos 3.200 policiais ter seguido as regras e os períodos estimados em cursos anteriores, o presidente da Anaspra, Marcos Prisco, diz que o momento atual faz merecer um treinamento especial.
“Os policiais com anos de casa estão morrendo por aí. O perigo para os novos é muito grande. Eles devem passar por um treinamento mais especializado. Quando eu me formei, havia 32,6 mil homens trabalhando na PM e mesmos com esses 3,2 mil novos não chegaremos a 30 mil”, apresentou seus números Prisco. A opinião é compartilhada pelo diretor da Aspol, economista e sargento da PM, Donavan Soares Moutinho. “Eles [os novatos] são alvos fáceis. Se acontecer alguma coisa, quem vai se responsabilizar?”, questiona o sargento.
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