Paulo Ludovico
Quem quiser contar qualquer caso - ou seria causo - do passado escolar de Conquista, certamente terá que falar do velho Ginásio de Conquista. Lá, foi diretor o Padre Luiz Soares Palmeira, o temível Padre Palmeira. A história de um e de outro (do padre e da escola) em certos momentos, se confundem, chega a ser uma só, tanto que, o velho ginásio ficou conhecido, também, como: o Ginásio do Padre.
Padre Palmeira era o típico professor dos tempos passados. Sujeito inteligente e dono de uma cultura que impressionava. Mas, bem o sabem os que estudaram ali, o "bicho" era sisudo e bruto, "igualmente" a uma cancela. Daquele tipo que não leva desaforo pra casa. Aqui mesmo, neste espaço, cheguei a contar uma rusga entre o velho Palmeira e o prefeito Edvaldo Flores (aquela, motivada pela morte de um burro).
Anda vivinho por aí, muito cabra bom, outrora aluno do Ginásio do Padre. Cada um se lembra bem das idas e vindas daquele diretor. Gilberto Cardoso (apelido: de Tostão), Humberto Flores (é bom nem tocar no apelido desse, é caso encerrado e não se fala mais nisso), Elquisson Soares, Ubirajara Fernandes são apenas alguns dos que estudaram no antigo ginásio. Ah! Minha saudosa mãe, também foi aluna do Padre Palmeira.
O Padre Palmeira, além de estar à frente como Diretor da instituição, também ia à sala de aula. E não havia um só vivente, daquelas turmas, que não temia a "ira do padre". A cena era sempre a mesma, o padre dando aula e a turma ali, caladinha, pode-se até dizer que um chegava a ouvir o pensamento do outro, tal era o silêncio. Bom orador, o padre diretor sempre fazia valer o seu ponto de vista (e mesmo que não fosse bom, quem ousaria se opor?). E é nesse clima que o ano letivo se arrasta. Naqueles tempos, não sei precisar exatamente quando, Conquista devia ser um marasmo só. Mas, o que fazer?
Num certo dia, comum igual a tantos outros, o Padre Palmeira se prepara para mais uma aula. Os alunos, mesmo com todo o temor e respeito próprios da época, têm a infeliz idéia de azucrinar a vida do sacerdote (em qualquer grupo, sempre tem aquele indivíduo mais ousado). Minutos antes da aula, os meninos, aqueles mais "encapetados" (também em toda escola tem um, falo de cátedra), trazem, das cercanias do ginásio (área onde muitos animais viviam soltos), um burro e o deixam em pé, “plantadinho” na sala de aula, justamente na sala para onde se dirigiria o Padre Palmeira. Toca a sineta (pelo menos assim o suponho) e lá vem o professor. Os alunos, escondidos do lado de fora, esperam pra ver no que a brincadeira ia dar. Alguns até já se arrependiam, mas... O padre entra na sala e fecha a porta. Passa o tempo, nada acontece. Lá se veio meia hora de aula e... nada. Alguns alunos começam a sair de suas posições, olham pra porta fechada e tudo calmo. Decepcionados, pois eles queriam ver o Padre Palmeira enfurecido, se entreolham e... a porta continua fechada. O que teria havido com o velho Palmeira? Não seria mais o mesmo? Porque ele agia como se nada tivesse acontecido? Assim passa todo o período de aula. Com indagações mil e intrigados, todos retornam às suas casas.
No dia seguinte, a mesma rotina, logo pela manhã, aula, e o que é pior, com o Padre Palmeira. O que acontecera no dia anterior já fazia parte do passado. De se estranhar, só o fato de a porta da sala de aulas se encontra fechada. Sem dar muita importância ao detalhe, eles conversavam até que, a porta se abre e o Padre convida a todos para entrar. No interior da sala, em todas as carteiras, estrategicamente arrumadas, havia uma prova e de um assunto que ainda não tinha sido dado. Indignação generalizada. Como poderia ser aplicada uma prova sem aviso e, ainda por cima, de um assunto ainda não visto? Um dos alunos, talvez o líder da sala, arrisca uma pergunta ao padre:
- Padre, me desculpe, mas o senhor não se enganou? Pergunto, porque esta prova não foi marcada e, além disso, o assunto não foi visto.
O Padre Palmeira, com seu jeito de intelectual e de quem é dono da situação, disse em voz firme:
- Marquei a prova sim e o assunto foi dado também. Por sinal, dei o assunto e marquei a prova na aula de ontem, quando o colega dos senhores estava presente. Perguntem a ele.
Quem quiser contar qualquer caso - ou seria causo - do passado escolar de Conquista, certamente terá que falar do velho Ginásio de Conquista. Lá, foi diretor o Padre Luiz Soares Palmeira, o temível Padre Palmeira. A história de um e de outro (do padre e da escola) em certos momentos, se confundem, chega a ser uma só, tanto que, o velho ginásio ficou conhecido, também, como: o Ginásio do Padre.
Padre Palmeira era o típico professor dos tempos passados. Sujeito inteligente e dono de uma cultura que impressionava. Mas, bem o sabem os que estudaram ali, o "bicho" era sisudo e bruto, "igualmente" a uma cancela. Daquele tipo que não leva desaforo pra casa. Aqui mesmo, neste espaço, cheguei a contar uma rusga entre o velho Palmeira e o prefeito Edvaldo Flores (aquela, motivada pela morte de um burro).
Anda vivinho por aí, muito cabra bom, outrora aluno do Ginásio do Padre. Cada um se lembra bem das idas e vindas daquele diretor. Gilberto Cardoso (apelido: de Tostão), Humberto Flores (é bom nem tocar no apelido desse, é caso encerrado e não se fala mais nisso), Elquisson Soares, Ubirajara Fernandes são apenas alguns dos que estudaram no antigo ginásio. Ah! Minha saudosa mãe, também foi aluna do Padre Palmeira.
O Padre Palmeira, além de estar à frente como Diretor da instituição, também ia à sala de aula. E não havia um só vivente, daquelas turmas, que não temia a "ira do padre". A cena era sempre a mesma, o padre dando aula e a turma ali, caladinha, pode-se até dizer que um chegava a ouvir o pensamento do outro, tal era o silêncio. Bom orador, o padre diretor sempre fazia valer o seu ponto de vista (e mesmo que não fosse bom, quem ousaria se opor?). E é nesse clima que o ano letivo se arrasta. Naqueles tempos, não sei precisar exatamente quando, Conquista devia ser um marasmo só. Mas, o que fazer?
Num certo dia, comum igual a tantos outros, o Padre Palmeira se prepara para mais uma aula. Os alunos, mesmo com todo o temor e respeito próprios da época, têm a infeliz idéia de azucrinar a vida do sacerdote (em qualquer grupo, sempre tem aquele indivíduo mais ousado). Minutos antes da aula, os meninos, aqueles mais "encapetados" (também em toda escola tem um, falo de cátedra), trazem, das cercanias do ginásio (área onde muitos animais viviam soltos), um burro e o deixam em pé, “plantadinho” na sala de aula, justamente na sala para onde se dirigiria o Padre Palmeira. Toca a sineta (pelo menos assim o suponho) e lá vem o professor. Os alunos, escondidos do lado de fora, esperam pra ver no que a brincadeira ia dar. Alguns até já se arrependiam, mas... O padre entra na sala e fecha a porta. Passa o tempo, nada acontece. Lá se veio meia hora de aula e... nada. Alguns alunos começam a sair de suas posições, olham pra porta fechada e tudo calmo. Decepcionados, pois eles queriam ver o Padre Palmeira enfurecido, se entreolham e... a porta continua fechada. O que teria havido com o velho Palmeira? Não seria mais o mesmo? Porque ele agia como se nada tivesse acontecido? Assim passa todo o período de aula. Com indagações mil e intrigados, todos retornam às suas casas.
No dia seguinte, a mesma rotina, logo pela manhã, aula, e o que é pior, com o Padre Palmeira. O que acontecera no dia anterior já fazia parte do passado. De se estranhar, só o fato de a porta da sala de aulas se encontra fechada. Sem dar muita importância ao detalhe, eles conversavam até que, a porta se abre e o Padre convida a todos para entrar. No interior da sala, em todas as carteiras, estrategicamente arrumadas, havia uma prova e de um assunto que ainda não tinha sido dado. Indignação generalizada. Como poderia ser aplicada uma prova sem aviso e, ainda por cima, de um assunto ainda não visto? Um dos alunos, talvez o líder da sala, arrisca uma pergunta ao padre:
- Padre, me desculpe, mas o senhor não se enganou? Pergunto, porque esta prova não foi marcada e, além disso, o assunto não foi visto.
O Padre Palmeira, com seu jeito de intelectual e de quem é dono da situação, disse em voz firme:
- Marquei a prova sim e o assunto foi dado também. Por sinal, dei o assunto e marquei a prova na aula de ontem, quando o colega dos senhores estava presente. Perguntem a ele.
Um comentário:
Tratando-se de educação em V. da Conquista - Segundo relatam, o padre Palmeira, foi sem dúvida um dos mais proeminentes educadores baianos!.RGS.
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