segunda-feira, 8 de setembro de 2008

“Santinho” nem sempre faz milagre

Henrique Gusmão é colecionador dos santinhos e coordena o mural do Bar do Dema, no bairro Sumaré
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Atração à parte em alguns bares e lojas, os murais cheios de “santinhos” dos pleiteantes a cargos eletivos em Vitória da Conquista suscitam de comentários de descrédito a debates inflamados da população. De certo mesmo só o esforço de cada um em aparecer bem na foto, seja devido a uma caprichada maquiagem ou com a ajuda do Photoshop.

Criatividade é o que não falta aos candidatos às cadeiras, 14 ao todo, da Câmara Municipal de Vitória da Conquista. Embora em alguns casos o que se vê é um festival de mediocridade que vai do surrealismo ao risível. No afã de angariar votos muitos fazem promessas mirabolantes devidamente transcritas no seu material de campanha. O santinho é o melhor testemunho de quem nem todos sabem efetivamente qual o papel do vereador e se revestem de “salvadores da pátria” ao prometer soluções para quase todas as demandas que afligem a comunidade.

Se falta emprego, por exemplo, vários candidatos estão aí anunciando que vão transformar a cidade num El dourado do trabalho fácil, bem remunerado e estável. Se falta educação, prometem que nenhuma criança vai ficar fora da escola. Se falta saúde, ninguém mais morrerá de doença. E por aí vai.

Guardados os devidos exageros, a intenção do candidato é ser lembrado pelo eleitor na hora do voto. Ou, quanto mais promessas mirabolantes contidas no verso do santinho, maiores as chances de convencer o eleitor que aquele candidato é bom. No entanto, não há garantia de o que foi prometido será realizado.

E tem ainda os slogans. Os com menos idade usam, claro, esse fato para mostrarem que “a força da juventude é renovadora e transformadora”, mesmo que tenham as mesmas idéias que alimentaram a política brasileira por décadas. Renovação na Câmara, inclusive, é pregada por muitos que ainda não passaram por “lá” e os que já foram consagrados pelo voto afirmam que “vão dar continuidade a um trabalho” que muito tem ajudado a cidade. Têm os que defendem a zona rural, têm os que se voltam para as periferias e tem até aqueles que buscam na divulgação da sua fé religiosa um reforço a mais no pedido de votos. O fato é que todos são “amigos do povo”, pelo menos enquanto durar a campanha.


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