terça-feira, 22 de setembro de 2009

Vitória da Derrota


Por Tony Bellotto

A vida de um rock star no Brasil não é biscoito. Nem a de um amante de bons shows. Num sábado desses saí do Rio de Janeiro num voo que partiu às 7 horas e 45 minutos do Santos Dumont com destino a Congonhas. Até aí tudo bem. O que me intriga é por que eu tive de ir até São Paulo se meu destino era Ilhéus, na Bahia? Me pareceu um retrocesso. Chegamos em São Paulo, eu e Charles Gavin - os Titãs ‘cariocas’ por adoção - e nos juntamos aos Titãs paulistas. Pegamos um voo para Ilhéus. Ali nos esperava um ônibus que nos conduziria até Vitória da Conquista, nosso destino final, onde nos apresentaríamos no tradicional e badalado Festival de Inverno.

Vitória da Conquista, uma das maiores e mais prósperas cidades da Bahia, terra de gado, pecuária, cultura e turismo, antiga morada de gloriosos aimorés e pataxós, hoje habitada por baianos dinâmicos e modernos, muitos deles admiradores dos Titãs. Estávamos ansiosos por encontrar velhos e novos fãs numa cidade onde não tocávamos há muito tempo. A vitória da derrota começou a se manifestar no momento do pouso no aeroporto de Ilhéus, que leva o belo nome de Jorge Amado: as péssimas condições de tempo - chuva e vento forte -não permitiram que o piloto pousasse.

Foram duas tentativas (e duas arremetidas), e mais uma terceira tentativa no aeroporto de Comandatuba. Resultado: mais uma arremetida. Comandatuba também estava inviável. Rumamos para Salvador, onde o tempo estava bom. Os axés, os santos e as baianas nos forneceram um reconfortante acarajé no aeroporto, mas infelizmente não foi possível fretar um avião para levar-nos - mais a equipe técnica e equipamento de palco - até Vitória da Conquista. A opção foi encarar os quinhentos e doze quilômetros de carro.

Àquela altura, umas três horas da tarde, ainda havia tempo hábil para que chegássemos ao nosso destino. Depois de rodados mais de cem quilômetros, próximos à Feira de Santana, caímos num engarrafamento monstruoso na BR 116. Parecia que estávamos na Marginal Tietê, em São Paulo, em plena sexta-feira às seis e meia da tarde. Ah, mundo globalizado. Em algum ponto da estrada abriu-se uma cratera, e qual uma maldição nos impediu de fazer o show, pois não conseguimos avançar mais que dez quilômetros em três horas.

Simplesmente não conseguimos chegar à Vitória da Conquista. Nós e o público, separados por mais de quinhentos quilômetros, fomos dormir com um gosto amargo na boca. E com a certeza de que às vezes os ossos do ofício são duros de roer.

Guia Quatro Rodas, o inseparável companheiro dos Titãs pelas estradas e cidades brasileiras. Imprescindível para quem quer se aventurar pelo Impávido Colosso.

Um comentário:

Anônimo disse...

Jozinha está certa, o que me parece é ser mais um aproveitador querendo tirar partido da necessidade da cidade em ter um novo aeroporto para se lançar na política.