Por Afranio Garcez
Atualmente parece que estou sofrendo de um mal, que se chama “lembranças de um tempo feliz”, e quando eu leio as crônicas do Professor Paulo Pires, aí então, é que a saudade vem com vontade. Agora mesmo, eu estou me lembrando de como era realizada a Festa da Padroeira de nossa cidade, e como era divertida e alegre. Realizava-se tal festividade, que tinha início no dia 01 de Agosto e o seu ápice no dia 15 de Agosto, primeiro com um belo e ensurdecedor barulho causado logo cedinho, pelos rojões e foguetes.
A procissão era realizada pelas principais ruas da cidade, com grande acompanhamento de políticos, personalidades da sociedade, e principalmente do povo. Já o lado profano da festa era realizado no antigo e saudoso “Jardim das Borboletas”, onde eram montadas as barraquinhas e se vendia de tudo. Desde os acarajés de Dona Dió, até as bebidas, como os refrescos, refrigerantes e mesmo a cervejas. Era montado um serviço de alto-falante que transmitia as músicas que eram tocadas na Rádio Clube de Conquista, e que estavam nas paradas de sucesso. O encarregado de organizar os festejos, sempre era uma personalidade de alto poder aquisitivo, e o dinheiro arrecadado era revertido para a Diocese, e as obras de caridade. Mas o bom mesmo dos festejos, era freqüentar as barraquinhas, onde muitos namoros começaram e acabaram até mesmo em casamento. Todo mundo se respeitava. Não havia ocorrências policiais. Todos participavam, desde os mais humildes, como já afirmei antes, até os mais abastados. Sentavam-se numa mesa de uma barraca montada no “Jardim das Borboletas”, e juntos em família, ou apenas os meninos já crescidos como eram chamados os adolescentes de então, e começava a alegria, isso por um período que durava até mesmo após o dia 15 de Agosto, quando era oficialmente encerrada as comemorações para a Padroeira de Vitória da Conquista. Havia uma fonte bem perto da chamada “cidade dos pássaros”, uma espécie de mini zoológico, e quando esta fonte era ligada, além de jogar as suas águas por todos os lados, ela ficava ainda mais linda com o contraste dos jogos de luzes que havia na parte inferior da mesma. Assim era os festejos em homenagem a festa à padroeira de Vitória da Conquista, nos meados dos anos 70. Houve até algum tempo, em que o movimento tinha aumentado tanto, que foi a solução também se utilizar da Praça Barão do Rio Branco. Serenatas, boêmia, namoradas, respeito, convivência com outras pessoas era tudo tão belo e normal.
Na “Sorveteria Lindóya” (isso mesmo com direito ao ipsolone e tudo o mais) se vendia o melhor sorvete que já tive o prazer de tomar em minha vida, e lá também se vendia uma variedade de picolés, uns na forma redonda, outros da maneira tradicional, outros com várias cores e sabores. O cine Teatro Conquista, e O Cine Ritz, este último situado no mesmo prédio onde até pouco tempo funcionou a Rádio Clube de Conquista, sempre andava com seus espaços repletos, e lá no Cine Teatro Conquista, somente havia um único jeito de adentrarmos sem pagar a entrada, que era falar com “Zezão”, o simpático bilheteiro, que após nós pedir paciência, nos deixava “pular a catraca” sem nada pagar. Uma das mais belas vezes desta festividade foi quando o festeiro oficial foi o já falecido Dr. Carlos Fernando Sá Nascimento esteve à frente, e conseguiu o que a todos parecia impossível, adquirir um moderno relógio e colocá-lo na torre da Igreja Matriz, e é o mesmo que ainda está lá até os dias de hoje. Também não faltava o velho e tradicional programa de calouros patrocinado pela Rádio Clube, que era denominado “Alegria nos Bairros”, na voz marcante de J. Menezes e outros. Havia ainda as quermesses promovidas pelas senhoras da nossa sociedade, e cuja renda era revertida para o “Lar Santa Catarina de Sena” etc. Naquela época parece-me que a manutenção dos costumes e da cultura era mais bem cuidada que hoje. Havia espaços. Com o passar dos anos a festa profana foi perdendo suas características e chegamos ao ponto em que estamos vendo como hoje é realizado os festejos em homenagem a Padroeira de Conquista, Nossa Senhora das Vitórias.
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
Os festejos em homenagem a Padroeira
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2 comentários:
Afranio Garcez, voce não sabe o quanto nós faz bem ler artigos como este que nós lembra como erámos felizes e não sabiamos. E tudo que está escrito é verdade, somente faltou pequenos detalhes, como a presença à frente da procissão dos saudosos Dom Climério, e do Padre Benedito (assassinado covardemente). O seu talento como advogado já é por demais reconhecido, bem como como cidadão, a sua cultura também, e na somatória peço que escreva mais sobre fatos e costumes de nossa cidade. Marcos Almeida Santos.
Se saudades matasse eu teria morrido ao ler este belo artigo escrito pelo Advogado Afranio Garcez, que aliás é pessoa muito conhecida e culta, de tradicional família conquistense. Tudo o que ele escreveu realmente acontecia, mas algo me chamou a atenção e eu pergunto: "Onde foi parar a Estátua da Vênus de Milo", que embora citada no artigo, foi retirada da Praça, para transformá-la em Praça Tancredo Neves, pois acho, que tal adereço bem que poderia ter sido aproveitado para ornamentar outra Praça de nossa cidade. Se alguém souber que nos informe. É pela qualidade dos seu colaboradores, que o seu blog, Sr. ANDERSON é um dos melhores de nossa cidade. Ricardo Gôuveia Ferraz.
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