domingo, 31 de maio de 2009

Invocaram com o chapéu de Mão Branca. E ele se vingou

José Antonio Pedriali, Diário de Maringá
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Edigar Mão Branca (PV-BA), codinome de Edigar Evangelista dos Santos, que se apresenta como “brasileiro, cantador, poeta, radialista e forrozeiro”, está no primeiro mandato e tem uma longa e bem-sucedida carreira artística no Nordeste, sua região natal. O chapéu de couro à Lampião faz parte de sua indumentária assim como a ironia e o chiste são características de seu estilo musical.

Terno, gravata, sandália – acessório também típico do Nordeste – e chapéu de couro: ele foi repreendido ao se apresentar assim em plenário pelo então presidente da Câmara Arlindo Chinaglia (PT-SP), que brandiu o Regimento Interno para acusá-lo de ofender o decoro.

Mão Branca se indignou, protestou, bateu o pé, mas não se animou a dançar um xaxado por que aí já seria demais. A derrota era certa, e ele então recorreu ao Supremo Tribunal Federal para obter uma liminar que o autorizasse a continuar se vestindo de acordo com seus usos e costumes.

O Supremo se esquivou com o argumento de que não tinha autoridade para dançar em forró alheio, e então Mão Branca recorreu aos seus superpoderes de deputado para apresentar projeto de lei que autoriza o uso de chapéu em qualquer lugar, público ou privado, sagrado ou profano.

Sua proposta converteu-se no projeto de lei 728/2007. No dia 5 de março deste ano, 40 etapas depois de ser encaminhado à Mesa Diretora, o projeto de lei obteve do relator da Comissão de Constituição e Justiça, Gonzaga Patriota (PSB-PE), o aval sobre sua “constitucionalidade, juridicidade e técnica legislativa”.

O episódio fez de Mão Branca famoso e enriqueceu seu repertório, inspirando-o a compor “Meu Chapéu”:

Deixe o meu chapéu, deixe o meu chapéu
Esse meu chapéu é meu tesouro
Deixe o meu chapéu, deixe onde ele está
Em qualquer lugar o meu chapéu é de couro
Eles tentaram invocar com meu chapéu
Não tiro, é preconceito, é desaforo
Com tanta coisa no Brasil pra concertar
E eles acham de encrencar logo
com o meu chapéu de couro.
Não tiro não, é desaforo e eles acham de encrencar logo,
com o meu chapéu de couro.
O nordestino se sentiu desrespeitado
Com esse ato que não quero ver de novo
Falei um dia, hoje volto a repetir
É melhor usar chapéu, do que dar chapéu no povo
Não tiro não, falo de novo
É melhor usar chapéu, do que dar chapéu no povo.

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