domingo, 5 de abril de 2009

SUS terá tratamento com ervas medicinais na Bahia


Para que haja maior controle no uso terapêutico das ervas, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) lançou para consulta pública uma lista com 71 espécies de planta que poderão ser usadas como medicamentos fitoterápicos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

A resolução regulamentará a notificação de espécies vegetais, com indicações terapêuticas baseadas na literatura científica.

Como, até o momento, as ervas para chás comercializadas no País são regulamentadas como alimentos, não podem apresentar indicações terapêuticas nas embalagens



No Rio de Janeiro, a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) também constatou a necessidade de fornecer mais dados à população e prepara uma cartilha para ser divulgada no Estado. Foram consideradas para esse trabalho 20 das plantas mais citadas pelos vendedores de ervas do Mercado de Madureira, no Rio de Janeiro.

NÚCLEO – Entre as ações locais, está a criação do Núcleo de Fitoterapia do Estado da Bahia, por meio da Superintendência de Assistência Farmacêutica da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), que tem o objetivo de implantar a fitoterapia no Sistema Único de Saúde (SUS).

“Para essa implantação ocorrer de forma adequada, estamos capacitando profissionais das secretarias municipais do Estado, desenvolvemos cartilhas sobre os benefícios e riscos dos chás e o uso racional das plantas medicinais”, explica a coordenadora do núcleo, Mara Zélia de Almeida, que também é professora da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e coordenadora do Programa Farmácia da Terra.

De acordo com ela, a primeira parte do curso ocorreu em Ilhéus com a capacitação de representantes de nove municípios. O projeto para a implantação da fitoterapia no SUS prevê também a capacitação de indígenas, sem-terra e quilombolas para o
cultivo de plantas medicinais voltadas para o uso humano. “O nosso objetivo é ensinar e capacitar esses grupos a cultivar as plantas da maneira adequada e, ao mesmo tempo, gerar trabalho e renda”, esclarece Mara Zélia.

No momento, estão sendo identificadas as possíveis áreas para a criação dos hortos. O projeto inicial está sendo realizado no Terreiro Manso Dandalunda, que tem uma área de 38 mil metros quadrados.

Também será feito um levantamento da relação estadual de plantas medicinais e fitoterápicos e do livro em que se coloca todas as plantas usadas, doses e orientações necessárias para os profissionais de saúde e servidores da rede básica. “Esse material vai subsidiar o atendimento e orientar os profissionais no tratamento com o uso da fitoterapia”, diz.

Mara Zélia lembra que o Ministério da Agricultura tem uma lista de plantas, flores e frutos que são permitidos para ser usados como alimento. “Essa lista existe, mas infelizmente não é seguida. A relação do que pode ser consumido é restrita, mas sabemos que há inúmeras plantas que são comercializadas”, lamenta, acrescentando que uma ação estadual pode regular os produtos que são vendidos em feiras e lojas naturais.

AVANÇO – Na opinião da professora, trata-se de um momento histórico para a fitoterapia no Brasil. “O tratamento com plantas medicinais é algo comprovadamente eficaz e utilizado há muitos anos. A implantação da fitoterapia no SUS é um avanço importante e necessário para a Bahia. O que estamos iniciando agora já é algo consolidado em outros lugares do País, como Rio de Janeiro, Distrito Federal, Vitória, no Espírito Santo. Nesses lugares, já existem vários postos que oferecem o tratamento com fitoterápicos”, afirma.
Veja lista das 71 plantas no blog Ciência & Vida pelo site www. atarde. com. br

( A Tarde )

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