Por Francisco Silva Filho
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Não chegou a ser um discurso no plenário do Senado em Brasília. Foi, outrossim, uma conversa, um bate-papo descontraído nos corredores do Senado, típico daqueles das segundas-feiras vazias no plenário, onde, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) em conversa informal com colegas senadores aventou a possibilidade de apresentar um projeto de plebiscito para saber se a população quer manter aberta as duas Casas Legislativas, ou seja, o Congresso Nacional. Essa sua pretensa intenção, causou ao senador do Distrito Federal uma intensa dor de cabeça, onde, se viu obrigado a se explicar na seção de ontem (07/04) no plenário do Senado.
Não me causou qualquer surpresa a reação esboçada pelos seus pares no Senado e na Câmara Federal. Menos surpresa ainda, a admoestação sofrida pelo Cristovam Buarque pelo senador e amigo Roberto Freire (PPS-PE). Ao confidente Paulo Paim (PT-RS), a quem o senador Cristovam Buarque creditou a sua vontade posta em um possível plebiscito, ouviu dele, que entendia que isto não seria uma proposta de golpe, mas, um grande equívoco.
Ontem (07/04/2009), o senador Cristovam teve de voltar à tribuna para explicar sua sugestão. A proposta de plebiscito foi feita em meio à polêmica causada por sua emenda à Constituição que prevê a criação de uma bancada de deputados para representar brasileiros imigrantes. Apesar de ter sido aprovada com os votos favoráveis de 59 senadores, a proposta de emenda gerou repercussão altamente negativa.
Ao tratar da imagem do Senado depois da sequência de escândalos, o pedetista é o segundo senador a falar sobre fechamento do Congresso – o primeiro foi Heráclito Fortes (DEM) ao comentar as denúncias de irregularidades no Senado. Na realidade, dos atuais 513 deputados e 81 senadores, pouquíssimos são os que têm arroubos e dor na consciência de saberem que eles estão lá na realidade para representarem um povo que os elegeu. A proposta do Cristovam, com certeza está estribada na necessidade de se repensar o Congresso. O povo, se consultado e devidamente orientado para o entendimento do bem da ética e da moralidade da coisa pública, com certeza optará pelo fechamento do Congresso.
A população brasileira hoje, tão descrente dos reais propósitos desses senhores que se postam acima do bem e do mal, os têm visto como um mal necessário. E se eu lhes afirmarem que uma democracia pode viver sem essas duas casas, vocês me acreditariam? Será que o Congresso Nacional virou para os adeptos do regime democrático um tabu, e por isso mesmo, indiscutível tal como é a Bíblia para os cristãos? Será que não está na hora de revermos os nossos conceitos? Eu diria ao senador Cristovam Buarque, que não se puna por ter colocado a sua idéia de forma tão descontraída como foi o caso; que ele não precisa se desculpar dizendo aquilo em que ele não acredita como foi o caso ontem em seu discurso, onde ele dizia o seguinte: “Não é possível imaginar um futuro sem democracia no Brasil. Não é possível imaginar democracia sem o Congresso. Mas não se enganem: o Congresso não dura para sempre se não tiver legitimidade diante da opinião pública, se não for capaz de virar o centro das aspirações, dos desejos, da pauta do povo. Se não for feito a cada quatro anos, por pessoas com a credibilidade que seja capaz de atrair a juventude para continuar essa tarefa tão dura que é ser parlamentar”. Desculpe-me senador, não acho que seja dura essa tarefa de ser parlamentar; dura é a nossa condição de eleitor em ter que encontrar uma pessoa que reúna as qualidades necessárias para que nos represente com o devido zelo que merecemos, isso sim é que é dureza!
Pois muito bem, o que posso depreender desse estado de coisas, no caso do Congresso Nacional, é que aqueles senhores e, o Roberto Freire intransigentemente se postou numa defesa incondicional à patrulha ideológica a qualquer idéia que venha por fim um Congresso, onde, historicamente, os brasileiros entram com o cachimbo e eles, os parlamentares com o fumo; e tome-lhe fumo! O parlamentar que representa o Distrito Federal, o nosso Cristovam Buarque, recebeu dezenas de e-mails favoráveis à proposta dele, mas, também recebeu outros tantos contrários à idéia posta, com severas críticas. Eu vejo as críticas recebidas pelo senador como sendo nada mais do que o receio desses sanguessugas do erário público perderem a sua mamata, onde, anualmente as duas casas consomem em desperdício um pouco mais de R$ 6 bilhões.
Aliás, por falar em desperdício de dinheiro público e, o Congresso Nacional é o principal sangradouro, esse dinheiro que hoje essas duas casas consomem por ano, daria para construir à razão de R$ 30 mil por unidade, 200 mil casas anualmente para serem distribuídas gratuitamente aos sem teto e àqueles que vêem mês a mês a sua renda diminuída com o pagamento de aluguel. Ainda sobre as coisas do Congresso Nacional, o falecido deputado Clodovil Hernandez deixou na gaveta um projeto de lei onde visa diminuir o número de deputados para apenas 257 - ainda é muito, melhor é não ter mesmo! Esse projeto viria a calhar muito bem, pois, o problema ontem levantado sobre a extinção da verba “auxílio moradia” a que esses sanguessugas têm direito, estaria assim resolvido, haja vista, os apartamentos funcionais destinados à moradia desses “impolutos” representantes, cairia exatamente na conta dos apartamentos existentes; e nos livraríamos desse novo achaque de novas construções ou mesmo de obras que visem dividir os atuais apartamentos de 200m2, transformando-os em dois de cem metros quadrados.
Se o povo se mobilizar, pintar a cara, mostrar a sua indignação com esses desmandos advindos daquela casa donde, deveria ser o esteio de todos os nossos males internos bem como dos externos, o Congresso tenderá a tirar os seus ouvidos de mercadores, e acabará por dar a devida atenção ao povo de que tanto precisam a cada quatro anos, no caso de deputados, e cada oito anos no caso dos senadores. Dessa forma, diante da proposta do senador Cristovam Buarque onde se pretende extinguir a casa, e a proposta do falecido deputado Clodovil Hernandez onde se pretende diminuir o efetivo; com certeza, melhor será aprovar o projeto de lei do falecido deputado paulista. Enquanto nós outros, fiquemos então a sonhar com um novo modelo de representação onde o Congresso seja visto como um mal que jamais deveria ter existido e que já foi muito tarde!
Francisco Silva Filho – Curitiba-PR
Não me causou qualquer surpresa a reação esboçada pelos seus pares no Senado e na Câmara Federal. Menos surpresa ainda, a admoestação sofrida pelo Cristovam Buarque pelo senador e amigo Roberto Freire (PPS-PE). Ao confidente Paulo Paim (PT-RS), a quem o senador Cristovam Buarque creditou a sua vontade posta em um possível plebiscito, ouviu dele, que entendia que isto não seria uma proposta de golpe, mas, um grande equívoco.
Ontem (07/04/2009), o senador Cristovam teve de voltar à tribuna para explicar sua sugestão. A proposta de plebiscito foi feita em meio à polêmica causada por sua emenda à Constituição que prevê a criação de uma bancada de deputados para representar brasileiros imigrantes. Apesar de ter sido aprovada com os votos favoráveis de 59 senadores, a proposta de emenda gerou repercussão altamente negativa.
Ao tratar da imagem do Senado depois da sequência de escândalos, o pedetista é o segundo senador a falar sobre fechamento do Congresso – o primeiro foi Heráclito Fortes (DEM) ao comentar as denúncias de irregularidades no Senado. Na realidade, dos atuais 513 deputados e 81 senadores, pouquíssimos são os que têm arroubos e dor na consciência de saberem que eles estão lá na realidade para representarem um povo que os elegeu. A proposta do Cristovam, com certeza está estribada na necessidade de se repensar o Congresso. O povo, se consultado e devidamente orientado para o entendimento do bem da ética e da moralidade da coisa pública, com certeza optará pelo fechamento do Congresso.
A população brasileira hoje, tão descrente dos reais propósitos desses senhores que se postam acima do bem e do mal, os têm visto como um mal necessário. E se eu lhes afirmarem que uma democracia pode viver sem essas duas casas, vocês me acreditariam? Será que o Congresso Nacional virou para os adeptos do regime democrático um tabu, e por isso mesmo, indiscutível tal como é a Bíblia para os cristãos? Será que não está na hora de revermos os nossos conceitos? Eu diria ao senador Cristovam Buarque, que não se puna por ter colocado a sua idéia de forma tão descontraída como foi o caso; que ele não precisa se desculpar dizendo aquilo em que ele não acredita como foi o caso ontem em seu discurso, onde ele dizia o seguinte: “Não é possível imaginar um futuro sem democracia no Brasil. Não é possível imaginar democracia sem o Congresso. Mas não se enganem: o Congresso não dura para sempre se não tiver legitimidade diante da opinião pública, se não for capaz de virar o centro das aspirações, dos desejos, da pauta do povo. Se não for feito a cada quatro anos, por pessoas com a credibilidade que seja capaz de atrair a juventude para continuar essa tarefa tão dura que é ser parlamentar”. Desculpe-me senador, não acho que seja dura essa tarefa de ser parlamentar; dura é a nossa condição de eleitor em ter que encontrar uma pessoa que reúna as qualidades necessárias para que nos represente com o devido zelo que merecemos, isso sim é que é dureza!
Pois muito bem, o que posso depreender desse estado de coisas, no caso do Congresso Nacional, é que aqueles senhores e, o Roberto Freire intransigentemente se postou numa defesa incondicional à patrulha ideológica a qualquer idéia que venha por fim um Congresso, onde, historicamente, os brasileiros entram com o cachimbo e eles, os parlamentares com o fumo; e tome-lhe fumo! O parlamentar que representa o Distrito Federal, o nosso Cristovam Buarque, recebeu dezenas de e-mails favoráveis à proposta dele, mas, também recebeu outros tantos contrários à idéia posta, com severas críticas. Eu vejo as críticas recebidas pelo senador como sendo nada mais do que o receio desses sanguessugas do erário público perderem a sua mamata, onde, anualmente as duas casas consomem em desperdício um pouco mais de R$ 6 bilhões.
Aliás, por falar em desperdício de dinheiro público e, o Congresso Nacional é o principal sangradouro, esse dinheiro que hoje essas duas casas consomem por ano, daria para construir à razão de R$ 30 mil por unidade, 200 mil casas anualmente para serem distribuídas gratuitamente aos sem teto e àqueles que vêem mês a mês a sua renda diminuída com o pagamento de aluguel. Ainda sobre as coisas do Congresso Nacional, o falecido deputado Clodovil Hernandez deixou na gaveta um projeto de lei onde visa diminuir o número de deputados para apenas 257 - ainda é muito, melhor é não ter mesmo! Esse projeto viria a calhar muito bem, pois, o problema ontem levantado sobre a extinção da verba “auxílio moradia” a que esses sanguessugas têm direito, estaria assim resolvido, haja vista, os apartamentos funcionais destinados à moradia desses “impolutos” representantes, cairia exatamente na conta dos apartamentos existentes; e nos livraríamos desse novo achaque de novas construções ou mesmo de obras que visem dividir os atuais apartamentos de 200m2, transformando-os em dois de cem metros quadrados.
Se o povo se mobilizar, pintar a cara, mostrar a sua indignação com esses desmandos advindos daquela casa donde, deveria ser o esteio de todos os nossos males internos bem como dos externos, o Congresso tenderá a tirar os seus ouvidos de mercadores, e acabará por dar a devida atenção ao povo de que tanto precisam a cada quatro anos, no caso de deputados, e cada oito anos no caso dos senadores. Dessa forma, diante da proposta do senador Cristovam Buarque onde se pretende extinguir a casa, e a proposta do falecido deputado Clodovil Hernandez onde se pretende diminuir o efetivo; com certeza, melhor será aprovar o projeto de lei do falecido deputado paulista. Enquanto nós outros, fiquemos então a sonhar com um novo modelo de representação onde o Congresso seja visto como um mal que jamais deveria ter existido e que já foi muito tarde!
Francisco Silva Filho – Curitiba-PR
3 comentários:
No inicio do texto fiquei meio confuso no que o Senhor Francisco queria dizer, mais depois entrei no artigo e fui até o final pois ficou muito bom. Parabéns!
Chico,
Muito feliz a sua escolha para esta crônica, trata-se de uma das maiores personalidades que enche de orgulha este País – CRISTOVAM RICARDO CAVALCANTI BUARQUE, humanista, escritor, economista, engenheiro, educador e professor universitário – perfil só comparável aos grandes homens que foram seus parceiros e amigos - Darcy Ribeiro, Jeferson Perez e Ulisses Guimarães. Imaginar uma nação com pessoas tão brilhantes como estas e, mesmo assim, temos tantos contrastes na política.
Um abraço,
Ezequiel Sena
O Francisco, ou melhor, Dr. Francisco conseguiu reproduzir a psicologia do discurso feito pelo senador Cristovam Buarque. O pronunciamento do senador começou claudicante,hesitante, trôpego, mas depois que pegou pressão provoco a mesma estupefação que o leitor anterior sentiu ao iniciar a leitura do artigo. Isso é que chamamos fidelidade ao discurso.
Parabéns Chico.
Paulo Pires
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