O esportista Roberto Ferreira não é mais Diretor Técnico da Federação Bahiana de Futebol. Por motivo de saúde ele entregou o cargo no mês de janeiro ao presidente da FBF, Ednaldo Rodrigues.
De volta à Conquista, Roberto falou ao Portal do Esporte Conquistense.
Leia abaixo a entrevista
Portal – Como aconteceu o convite da FBF?
Roberto – Em 2004, o presidente Ednaldo Rodrigues me convidou para assumir uma função na Federação. Naquela época eu era chefe da Divisão de Esportes da Prefeitura e em conversa com o Prefeito na época, com amigos e familiares, achamos por bem que eu deveria atender esta solicitação para ir trabalhar na Federação. Para mim, especialmente, considero como um atleta que é convocado para a seleção, porque eu já desenvolvia um trabalho no esporte há mais de 20 anos, desde quando comecei no Colégio Paulo VI com o professor Zilton Silva Santana, que foi a pessoa que me abriu as portas quando eu era ainda adolescente para começar este trabalho.
E como foi esse período?
Foi um tempo muito importante. Adquirimos muito conhecimento, aprimorando toda aquela prática que tínhamos aqui, ainda amadorística, aprendi muito e trabalhamos de maneira muito profissional. Ednaldo me deu uma oportunidade muito grande na minha vida profissional na área de administração esportiva, porque ele não só me levou para uma das federações mais organizadas e estruturadas do país, que mereceu elogios até do presidente da CBF e imprensa do sul o país, mas também de descobrir o potencial de trabalho que eu tinha e muitas vezes me sentia despreparado para executar aquela função.
E quando você descobriu definitivamente este potencial?
O ponto fundamental foi num evento realizado em São Paulo, onde estariam reunidos dirigentes de Federações, da CBF, Árbitros, Clubes, Atletas de renome e Imprensa, para discutir o futebol brasileiro. Quem participaria era o presidente da FBF e de última hora surgiu um imprevisto e ele me convidou para representar a Federação neste evento. Ele fez alguns questionamentos e perguntou se eu tinha condição de representá-lo e eu fui firme para ele dizendo que tinha. Quando saí da sala dele, deu aquela tremedeira, mas são os desafios da vida e tinha que enfrentar este.
Que evento foi esse e como ele te ajudou?
Foi uma reunião para avaliar o futebol no Brasil, naquela época que teve toda aquele problema com a arbitragem, que houve suborno, e o que poderia ser feito para retomar o caminho certo. Cerca de 200 pessoas participaram que foram divididas em oito grupos para discutir e apresentar sugestões. Eu fiquei observando inicialmente, mas as coisas evoluíram de tal maneira neste seminário que, quando vi, no final do dia eu já estava com o microfone na mão, em cima do palco, falando para todos aqueles participantes, que tinham muito mais vivência no futebol profissional do que eu. Essa participação se deu pela participação no grupo, quando a própria psicóloga que acompanhou nosso trabalho naquele dia e me escolheu para ser um dos dois que falariam em nome do grupo. O outro foi Eurico Miranda, então presidente do Vasco da Gama.
Quando eu retornei falei para o presidente Ednaldo que naquele momento eu me sentia pronto para ser o Diretor Técnico da Federação.
Era muito diferente a visão da FBF para os “grandes” que estava lá?
As coisas que a gente sabia aqui e achávamos que eram pequenas, quando cheguei lá percebi que já trabalhávamos com competência, seriedade e uma visão a longo prazo. Só faltava oportunidade de mostrar. Nós temos competência aqui na Bahia e isso inclusive estou incluindo os promotores de esporte aqui em Conquista, o que nos falta é a oportunidade de mostrar este trabalho. Todo esse trabalho desenvolvido na Federação foi realizado com muito amor, pela paixão mesmo que tenho pelo esporte. Tive a alegria de saber mais tarde, pelo próprio Ednaldo, que cerca de 30% do documento elaborado naquele encontro de São Paulo, foram as sugestões que eu tinha dado no grupo.
Fale um pouco de sua saída da FBF?
Graças a Deus, foi um trabalho elogiado por muitas pessoas, fizemos amizades em quase todas as Federações e muitos clubes de futebol de todo o país. Preparei o Campeonato Baiano deste ano, deixei todas as etapas cumpridas e a competição pronta para ser iniciada no dia 18/1, mas, no dia 15 tive que pedir afastamento. A minha saída foi por determinação médica e foi constatada uma situação de saúde com certa gravidade e o médico informou que o ritmo de vida que eu levava na Federação só iria complicar o quadro. Por isso chamei o presidente e a minha família e resolvi encerrar este trabalho, apesar de ter sido contratado até 2015. Era um trabalho que iria realizar até após a Copa do Mundo de 2014 aqui no Brasil, mas infelizmente aconteceu esse percalço no caminho e tive que parar.
Você está de volta à Conquista. O esporte continua na sua pauta do dia?
Nesse retorno de maneira rápida à Conquista, não deu tempo organizar nada, mas estou começando a reestruturar mina vida profissional. Com relação ao esporte já estamos com uma atividade pronta, que é o 7º Campeonato Sudoeste de Futsal, onde já fechamos parceria com a TV Sudoeste e já abrimos inscrições para as equipes de toda a região, faremos seis zonais com participação de 36 equipes e a novidade é que já fechei com a TV Santa Cruz, de Itabuna e vamos fazer uma competição neste mesmo molde na região de Itabuna. Temos ainda propostas sendo analisadas na TV Oeste e TV São Francisco para levar o Campeonato de Futsal para estas localidades. Se conseguirmos fechar estas propostas, envolveremos 144 equipes de todo o estado.
Você vê Conquista como um pólo esportivo de destaque no estado?
Tenho certeza absoluta. Digo isso não só por ser conquistense, mas por conhecer hoje bem melhor o nosso estado e outros estados na área esportiva. Temos aqui promotores de esporte e pessoas apaixonadas pelo esporte e que gostam de promover eventos desportivos com condições de sair daqui e ir para qualquer Federação ou órgão maior como gestor de esporte e se sair muito bem, porque competência os conquistenses tem demais. Atletas, não vamos nem enumerar, porque são muitos. Tem inclusive os que são desperdiçados, ou seja, tem potencial, mas não tem a chance de mostrar o seu valor por falta de uma estruturação melhor de quem de direito ou mesmo de pessoas que tem como ajudar o esporte na cidade. São muitos os esportes em que os atletas só conseguem participar porque os pais bancam, mas e os que não tem condição?
Existem situações que só são descobertas depois que o atleta já teve o desgosto de saber que poderia representar a nossa cidade e não teve apoio ou que já foi campeão de alguma modalidade a aí descobrimos que é de Conquista. Quero dar o exemplo de um garoto, que chama Sassá, que trabalha num posto de gasolina na Ernesto Dantas. Ele esteve nas eliminatórias da São Silvestre, em Salvador, com apenas 17 anos, e ele simplesmente foi o 1º colocado em toda a Bahia. Conquista não ficou sabendo e sabe o que aconteceu? Ele está lá com o troféu, o certificado, mas não foi representar a cidade na prova mundial porque não teve patrocínio para transporte. Esse é o potencial escondido em Conquista e que precisa ser descoberto.
O que falta?
Acho que precisamos estruturar os organismos responsáveis pelo esporte na cidade para que os nossos atletas sejam não só descobertos, mas aprimorados e valorizados, já que levam o nome da nossa cidade aos mais diversos cantos. Nós temos por exemplo Minotouro e Minotauro, que são conquistenses, reconhecidos em todo o mundo e o esporte que praticam não é valorizado aqui na cidade. Outro exemplo é um clube de futebol em Vitória da Conquista. Pela primeira vez nós estamos tendo uma equipe de futebol toda estruturada, com muita seriedade, com um poder administrativo muito grande e deu certo, sabe porque, porque as outras equipes que já existiram tinham um dono, uma pessoa ou duas que trabalhavam e não se organizavam. Não tinham controle do que gastavam, do que arrecadavam e sempre resultou em fracassos. Acho que Ederlane teve uma visão muito importante, criando uma escolinha, trabalhando ali por vários anos, mas pensando no futuro e estruturando o clube profissional. Ele disputou um campeonato na Bahia que ninguém disputa, que é o Campeonato de Juniores da 2ª Divisão, saindo de Conquista para ir jogar todas as partidas em Salvador. Mas ele investiu, acreditou, tanto que na primeira vez que foi disputar o Acesso com o time profissional foi campeão. É acreditar que dá certo. A resposta do povo conquistense é imediata. Sendo um trabalho organizado e transparente com certeza a resposta acontece e o Vitória da Conquista é um grande exemplo.
Júnior Patente
jpatente@conquistaesportes.com
De volta à Conquista, Roberto falou ao Portal do Esporte Conquistense.
Leia abaixo a entrevista
Portal – Como aconteceu o convite da FBF?
Roberto – Em 2004, o presidente Ednaldo Rodrigues me convidou para assumir uma função na Federação. Naquela época eu era chefe da Divisão de Esportes da Prefeitura e em conversa com o Prefeito na época, com amigos e familiares, achamos por bem que eu deveria atender esta solicitação para ir trabalhar na Federação. Para mim, especialmente, considero como um atleta que é convocado para a seleção, porque eu já desenvolvia um trabalho no esporte há mais de 20 anos, desde quando comecei no Colégio Paulo VI com o professor Zilton Silva Santana, que foi a pessoa que me abriu as portas quando eu era ainda adolescente para começar este trabalho.
E como foi esse período?
Foi um tempo muito importante. Adquirimos muito conhecimento, aprimorando toda aquela prática que tínhamos aqui, ainda amadorística, aprendi muito e trabalhamos de maneira muito profissional. Ednaldo me deu uma oportunidade muito grande na minha vida profissional na área de administração esportiva, porque ele não só me levou para uma das federações mais organizadas e estruturadas do país, que mereceu elogios até do presidente da CBF e imprensa do sul o país, mas também de descobrir o potencial de trabalho que eu tinha e muitas vezes me sentia despreparado para executar aquela função.
E quando você descobriu definitivamente este potencial?
O ponto fundamental foi num evento realizado em São Paulo, onde estariam reunidos dirigentes de Federações, da CBF, Árbitros, Clubes, Atletas de renome e Imprensa, para discutir o futebol brasileiro. Quem participaria era o presidente da FBF e de última hora surgiu um imprevisto e ele me convidou para representar a Federação neste evento. Ele fez alguns questionamentos e perguntou se eu tinha condição de representá-lo e eu fui firme para ele dizendo que tinha. Quando saí da sala dele, deu aquela tremedeira, mas são os desafios da vida e tinha que enfrentar este.
Que evento foi esse e como ele te ajudou?
Foi uma reunião para avaliar o futebol no Brasil, naquela época que teve toda aquele problema com a arbitragem, que houve suborno, e o que poderia ser feito para retomar o caminho certo. Cerca de 200 pessoas participaram que foram divididas em oito grupos para discutir e apresentar sugestões. Eu fiquei observando inicialmente, mas as coisas evoluíram de tal maneira neste seminário que, quando vi, no final do dia eu já estava com o microfone na mão, em cima do palco, falando para todos aqueles participantes, que tinham muito mais vivência no futebol profissional do que eu. Essa participação se deu pela participação no grupo, quando a própria psicóloga que acompanhou nosso trabalho naquele dia e me escolheu para ser um dos dois que falariam em nome do grupo. O outro foi Eurico Miranda, então presidente do Vasco da Gama.
Quando eu retornei falei para o presidente Ednaldo que naquele momento eu me sentia pronto para ser o Diretor Técnico da Federação.
Era muito diferente a visão da FBF para os “grandes” que estava lá?
As coisas que a gente sabia aqui e achávamos que eram pequenas, quando cheguei lá percebi que já trabalhávamos com competência, seriedade e uma visão a longo prazo. Só faltava oportunidade de mostrar. Nós temos competência aqui na Bahia e isso inclusive estou incluindo os promotores de esporte aqui em Conquista, o que nos falta é a oportunidade de mostrar este trabalho. Todo esse trabalho desenvolvido na Federação foi realizado com muito amor, pela paixão mesmo que tenho pelo esporte. Tive a alegria de saber mais tarde, pelo próprio Ednaldo, que cerca de 30% do documento elaborado naquele encontro de São Paulo, foram as sugestões que eu tinha dado no grupo.
Fale um pouco de sua saída da FBF?
Graças a Deus, foi um trabalho elogiado por muitas pessoas, fizemos amizades em quase todas as Federações e muitos clubes de futebol de todo o país. Preparei o Campeonato Baiano deste ano, deixei todas as etapas cumpridas e a competição pronta para ser iniciada no dia 18/1, mas, no dia 15 tive que pedir afastamento. A minha saída foi por determinação médica e foi constatada uma situação de saúde com certa gravidade e o médico informou que o ritmo de vida que eu levava na Federação só iria complicar o quadro. Por isso chamei o presidente e a minha família e resolvi encerrar este trabalho, apesar de ter sido contratado até 2015. Era um trabalho que iria realizar até após a Copa do Mundo de 2014 aqui no Brasil, mas infelizmente aconteceu esse percalço no caminho e tive que parar.
Você está de volta à Conquista. O esporte continua na sua pauta do dia?
Nesse retorno de maneira rápida à Conquista, não deu tempo organizar nada, mas estou começando a reestruturar mina vida profissional. Com relação ao esporte já estamos com uma atividade pronta, que é o 7º Campeonato Sudoeste de Futsal, onde já fechamos parceria com a TV Sudoeste e já abrimos inscrições para as equipes de toda a região, faremos seis zonais com participação de 36 equipes e a novidade é que já fechei com a TV Santa Cruz, de Itabuna e vamos fazer uma competição neste mesmo molde na região de Itabuna. Temos ainda propostas sendo analisadas na TV Oeste e TV São Francisco para levar o Campeonato de Futsal para estas localidades. Se conseguirmos fechar estas propostas, envolveremos 144 equipes de todo o estado.
Você vê Conquista como um pólo esportivo de destaque no estado?
Tenho certeza absoluta. Digo isso não só por ser conquistense, mas por conhecer hoje bem melhor o nosso estado e outros estados na área esportiva. Temos aqui promotores de esporte e pessoas apaixonadas pelo esporte e que gostam de promover eventos desportivos com condições de sair daqui e ir para qualquer Federação ou órgão maior como gestor de esporte e se sair muito bem, porque competência os conquistenses tem demais. Atletas, não vamos nem enumerar, porque são muitos. Tem inclusive os que são desperdiçados, ou seja, tem potencial, mas não tem a chance de mostrar o seu valor por falta de uma estruturação melhor de quem de direito ou mesmo de pessoas que tem como ajudar o esporte na cidade. São muitos os esportes em que os atletas só conseguem participar porque os pais bancam, mas e os que não tem condição?
Existem situações que só são descobertas depois que o atleta já teve o desgosto de saber que poderia representar a nossa cidade e não teve apoio ou que já foi campeão de alguma modalidade a aí descobrimos que é de Conquista. Quero dar o exemplo de um garoto, que chama Sassá, que trabalha num posto de gasolina na Ernesto Dantas. Ele esteve nas eliminatórias da São Silvestre, em Salvador, com apenas 17 anos, e ele simplesmente foi o 1º colocado em toda a Bahia. Conquista não ficou sabendo e sabe o que aconteceu? Ele está lá com o troféu, o certificado, mas não foi representar a cidade na prova mundial porque não teve patrocínio para transporte. Esse é o potencial escondido em Conquista e que precisa ser descoberto.
O que falta?
Acho que precisamos estruturar os organismos responsáveis pelo esporte na cidade para que os nossos atletas sejam não só descobertos, mas aprimorados e valorizados, já que levam o nome da nossa cidade aos mais diversos cantos. Nós temos por exemplo Minotouro e Minotauro, que são conquistenses, reconhecidos em todo o mundo e o esporte que praticam não é valorizado aqui na cidade. Outro exemplo é um clube de futebol em Vitória da Conquista. Pela primeira vez nós estamos tendo uma equipe de futebol toda estruturada, com muita seriedade, com um poder administrativo muito grande e deu certo, sabe porque, porque as outras equipes que já existiram tinham um dono, uma pessoa ou duas que trabalhavam e não se organizavam. Não tinham controle do que gastavam, do que arrecadavam e sempre resultou em fracassos. Acho que Ederlane teve uma visão muito importante, criando uma escolinha, trabalhando ali por vários anos, mas pensando no futuro e estruturando o clube profissional. Ele disputou um campeonato na Bahia que ninguém disputa, que é o Campeonato de Juniores da 2ª Divisão, saindo de Conquista para ir jogar todas as partidas em Salvador. Mas ele investiu, acreditou, tanto que na primeira vez que foi disputar o Acesso com o time profissional foi campeão. É acreditar que dá certo. A resposta do povo conquistense é imediata. Sendo um trabalho organizado e transparente com certeza a resposta acontece e o Vitória da Conquista é um grande exemplo.
Júnior Patente
jpatente@conquistaesportes.com
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