Cilene Brito, do A TARDE
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O nascimento do primeiro filho do sexo masculino só veio em 2007, fruto de um segundo casamento. Tom era o caçula de quatro irmãos e era esperado por toda a família. Mas, com apenas um mês de vida, apresentou um quadro de hidrocefalia (acúmulo de líquido no cérebro) e, após duas cirurgias para reverter a situação, teve morte cerebral constatada aos 70 dias.
Em meio à dor pela perda precoce do filho, o médico neurolologista Arnaldo Rocha Silva, 52 anos, não teve dúvidas. Logo que soube que não teria mais a companhia do pequeno Tom, decidiu doar todos os órgãos dele. O ato de solidariedade foi a maneira encontrada para confortar a família e proporcionar esperança de vida para outras pessoas.
A família de Tom mora em Vitória da Conquista, mas a captação dos órgãos foi feita em Salvador. A doação beneficiou cinco pessoas, a maioria delas da cidade de Recife, em Pernambuco. Os pais não conhecem os receptores, mas sabem que o coração do filho bate hoje no peito de uma menina de apenas 3 anos. “Ele [Tom] teve uma vida curta, mas muito marcante. Apesar da dor, ficamos felizes em saber que ele pôde ajudar outras pessoas a continuarem a viver. Sei que ele também ficou contente com nossa decisão”, afirma o pai.
Arnaldo acredita que o fato de ser médico e praticar a religião espírita o ajudou a compreender a importância e o significado da doação de órgãos. “Foi um momento difícil, mas temos a crença divina de que a vida continua. Na morte, o corpo é apenas uma matéria e o espírito sempre estará vivo para seguir em frente. Além disso, como médico, sei como é difícil a luta pela captação de órgãos no País, sobretudo o de crianças”, avalia.
O caso do pequeno Tom é a prova de que a solidariedade é o primeiro passo para diminuir o tempo de espera para quem precisa de uma doação. Na Bahia, cerca de 3,8 mil pessoas aguardam por um transplante. Todos estão cadastrados no banco de pacientes do Datasus, sistema do Ministério da Saúde. Entre eles, 2,5 mil esperam por um rim, mil por uma córnea e 300 por um fígado. No Brasil, esperam na fila 70 mil pacientes.
O ato consciente da doação de órgãos foi reforçado esta semana com a autorização do procedimento na adolescente Eloá Cristina Pimentel, de 15 anos, que morreu ao levar um tiro na cabeça, disparado pelo ex-namorado em Santo André, cidade do Estado de São Paulo. O caso que chocou o Brasil mostrou que a dor da perda pode ser amenizada pelo amor ao próximo.
CONSCIÊNCIA – Amor ao próximo como teve o projetista industrial Elizeu da Conceição Marques, 46. Em junho de 2003, ele disse sim à doação dos órgãos de sua companheira Rita de Cássia Silva dos Santos, que teve morte encefálica após apresentar trombolia pulmonar, aos 29 anos. A notícia veio três dias depois da morte da primeira filha do casal, que tinha apenas 8 dias de vida e sofria com problemas congênitos no coração. “Meu mundo desabou. Fui para casa, pensei melhor e concordei com a doação. Existem fatalidades, mas o que adianta levar os órgãos para o caixão se fora eles podem salvar muitas vidas?”, questiona.
A solidariedade de Elizeu permitiu uma nova vida para a técnica de enfermagem do trabalho Vera Lúcia Brandão, 31. Aos 19, ela sofreu uma hemorragia digestiva e passou sete anos e meio em tratamento. Na fila de transplante, foi mais um ano e meio até receber a notícia de que havia chegado a sua vez. Apesar de o protocolo de doação recomendar o sigilo sobre o doador, Vera Lúcia pediu autorização aos médicos para conhecer os familiares de Rita de Cássia. O encontro aconteceu seis meses após a cirurgia, quando Elizeu e o primeiro filho de sua ex-mulher ainda moravam em Ilhéus. Hoje morando em Belo Horizonte, Minas Gerais, eles ainda mantêm uma boa relação de amizade.
GRATIDÃO – “O meu sentimento por eles é de eterna gratidão. Estava inquieta para poder dizer o quanto sou grata a eles. Acho que todas as pessoas deveriam ter outra postura sobre a doação. A gente sabe o dia de hoje, mas não sabe o de amanhã”, opina. O transplante fez com que ela realizasse o sonho de ser mãe, mesmo desafiando as leis da medicina. Há três meses, nasceu o menino José Rafael, e, com isso, Vera Lúcia acabou se tornando a primeira nordestina e a terceira brasileira mãe transplantada de fígado do País.
Informações sobre doação de órgãos:
Central de Transplantes de Órgãos: 3356-6776 / 0800284-0444
Coordenação Estadual de Transplantes: 3115-8316
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O nascimento do primeiro filho do sexo masculino só veio em 2007, fruto de um segundo casamento. Tom era o caçula de quatro irmãos e era esperado por toda a família. Mas, com apenas um mês de vida, apresentou um quadro de hidrocefalia (acúmulo de líquido no cérebro) e, após duas cirurgias para reverter a situação, teve morte cerebral constatada aos 70 dias.
Em meio à dor pela perda precoce do filho, o médico neurolologista Arnaldo Rocha Silva, 52 anos, não teve dúvidas. Logo que soube que não teria mais a companhia do pequeno Tom, decidiu doar todos os órgãos dele. O ato de solidariedade foi a maneira encontrada para confortar a família e proporcionar esperança de vida para outras pessoas.
A família de Tom mora em Vitória da Conquista, mas a captação dos órgãos foi feita em Salvador. A doação beneficiou cinco pessoas, a maioria delas da cidade de Recife, em Pernambuco. Os pais não conhecem os receptores, mas sabem que o coração do filho bate hoje no peito de uma menina de apenas 3 anos. “Ele [Tom] teve uma vida curta, mas muito marcante. Apesar da dor, ficamos felizes em saber que ele pôde ajudar outras pessoas a continuarem a viver. Sei que ele também ficou contente com nossa decisão”, afirma o pai.
Arnaldo acredita que o fato de ser médico e praticar a religião espírita o ajudou a compreender a importância e o significado da doação de órgãos. “Foi um momento difícil, mas temos a crença divina de que a vida continua. Na morte, o corpo é apenas uma matéria e o espírito sempre estará vivo para seguir em frente. Além disso, como médico, sei como é difícil a luta pela captação de órgãos no País, sobretudo o de crianças”, avalia.
O caso do pequeno Tom é a prova de que a solidariedade é o primeiro passo para diminuir o tempo de espera para quem precisa de uma doação. Na Bahia, cerca de 3,8 mil pessoas aguardam por um transplante. Todos estão cadastrados no banco de pacientes do Datasus, sistema do Ministério da Saúde. Entre eles, 2,5 mil esperam por um rim, mil por uma córnea e 300 por um fígado. No Brasil, esperam na fila 70 mil pacientes.
O ato consciente da doação de órgãos foi reforçado esta semana com a autorização do procedimento na adolescente Eloá Cristina Pimentel, de 15 anos, que morreu ao levar um tiro na cabeça, disparado pelo ex-namorado em Santo André, cidade do Estado de São Paulo. O caso que chocou o Brasil mostrou que a dor da perda pode ser amenizada pelo amor ao próximo.
CONSCIÊNCIA – Amor ao próximo como teve o projetista industrial Elizeu da Conceição Marques, 46. Em junho de 2003, ele disse sim à doação dos órgãos de sua companheira Rita de Cássia Silva dos Santos, que teve morte encefálica após apresentar trombolia pulmonar, aos 29 anos. A notícia veio três dias depois da morte da primeira filha do casal, que tinha apenas 8 dias de vida e sofria com problemas congênitos no coração. “Meu mundo desabou. Fui para casa, pensei melhor e concordei com a doação. Existem fatalidades, mas o que adianta levar os órgãos para o caixão se fora eles podem salvar muitas vidas?”, questiona.
A solidariedade de Elizeu permitiu uma nova vida para a técnica de enfermagem do trabalho Vera Lúcia Brandão, 31. Aos 19, ela sofreu uma hemorragia digestiva e passou sete anos e meio em tratamento. Na fila de transplante, foi mais um ano e meio até receber a notícia de que havia chegado a sua vez. Apesar de o protocolo de doação recomendar o sigilo sobre o doador, Vera Lúcia pediu autorização aos médicos para conhecer os familiares de Rita de Cássia. O encontro aconteceu seis meses após a cirurgia, quando Elizeu e o primeiro filho de sua ex-mulher ainda moravam em Ilhéus. Hoje morando em Belo Horizonte, Minas Gerais, eles ainda mantêm uma boa relação de amizade.
GRATIDÃO – “O meu sentimento por eles é de eterna gratidão. Estava inquieta para poder dizer o quanto sou grata a eles. Acho que todas as pessoas deveriam ter outra postura sobre a doação. A gente sabe o dia de hoje, mas não sabe o de amanhã”, opina. O transplante fez com que ela realizasse o sonho de ser mãe, mesmo desafiando as leis da medicina. Há três meses, nasceu o menino José Rafael, e, com isso, Vera Lúcia acabou se tornando a primeira nordestina e a terceira brasileira mãe transplantada de fígado do País.
Informações sobre doação de órgãos:
Central de Transplantes de Órgãos: 3356-6776 / 0800284-0444
Coordenação Estadual de Transplantes: 3115-8316
Um comentário:
Uma forma natural, consciente e convincente de DOAÇÃO DE ORGÃOS.
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