quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Muito além da Consciência Negra


Ezequiel Sena

.Naturalmente que a etnia africana tem em Zumbi dos Palmares o seu representante maior e o mais nobre símbolo de liberdade entre os seres humanos. Zumbi não morreu e Palmares continua vivíssimo. A segregação racial denominada apartheid caiu. Nelson Mandela é o verdadeiro mentor da queda. Barak Obama, o homem mais importante do planeta também é afrodescendente. Agora não se compreende como na Bahia, sendo a capital da beleza negra e fonte maior do sincretismo religioso brasileiro, em pleno século 21, ainda existam pessoas com mentes tão rançosas capazes de cultuar a segregação racial, e, desta maneira, contribuir para elevar o grau de desigualdade social tão nocivo a humanidade, a ponto de indignar a juíza baiana Luislinda Valois ao declarar: “Se você quiser saber o que é ser preto na Bahia, fique negro por 48 horas”.

Digite aqui o resto do postAlém disso, é triste reconhecer que muitos brasileiros não têm a mínima consciência das marcas criminosas deixadas pela escravidão em nossa sociedade. Neste dia 20 de novembro, dedicado ao Dia da Consciência Negra, homenageando o lendário Zumbi dos Palmares, não vão faltar elogios, discursos, citações de méritos, contextualização da história e também uma grande fartura de ideias. No entanto, não haverá linha de raciocínio capaz de traduzir ou explicar porque ainda persiste em nosso País esse odioso e irracional preconceito racial cravado no coração de tanta gente. Contudo serve também como alerta para todos os cidadãos brasileiros, em particular os afrodescendentes, para que reflitam com melhor acuidade sobre a importância dessa mistura étnica que formou o nosso povo.
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Vale registrar que a formação cultural do Brasil, dentre outras influências, teve basicamente mais solidez nas origens africanas e a importância desse legado biográfico tem na raça negra contornos bem definidos e consistentes. Uma extensão que aproveitou muito bem as virtudes e o silêncio da cor fazendo surgir grandes talentos para o enriquecimento da nossa história, como as referências deixadas por Henrique de Lima Barreto (1881-1922), Antônio Francisco Lisboa – O Aleijadinho (1730-1814), João Cândido Felisberto (1880-1969), líder que deu inspiração e referência ao Dia da Consciência Negra; Mario de Andrade (1893-1945), Alfredo da Rocha Vianna Filho - O Pixinguinha (1897-1973), Luiz Gama (1830-1882), o poeta João Cruz e Sousa (1861-1898), Escolástica Maria da Conceição Nazaré – Mãe Menininha do Gantois (1894-1986) – a ialorixá mais famosa do país; além do nosso mais ilustre escritor Antonio Maria Machado de Assis, e muitos outros que personificam e elevam culturalmente esta nação para o mundo.
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Mas, mesmo com a igualdade racial prevista na Constituição Federal, percebe-se que ainda existe resistência de grande parte da sociedade em aceitar a igualdade de direitos entre brancos e negros. Até nas escolas há resistência de alguns educadores em levar o conhecimento afro aos alunos, ainda assim, não se pode negar que os avanços alcançados nos últimos anos são vistos como de caráter prático, afirmativo e necessário.
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Chegamos praticamente ao final da primeira década do século XXI e com isso contabilizamos aproximadamente 250 mil jovens afrodescendentes e outras minorias estudando em mais de 70 universidades, com o apoio do Ministério da Educação. A bem da verdade alguns programas são importantes como Pró-Une, Cotas, Pró-Jovem, Quilombolas etc..., e o dia 20 DE NOVEMBRO não pode ser apagado da memória de nós brasileiros como vem acontecendo com outras datas importantes; como aconteceu no último domingo quando o jornal A TARDE saiu a campo e entrevistou engenheiros, aposentados, funcionários públicos, profissionais liberais e ninguém soube precisar corretamente o que significa o dia 15 de novembro para o Brasil. Lamentável. Entretanto, historiadores explicam que o desconhecimento vai além de um 2º grau mal feito. Vergonhoso!

Ezequiel Sena
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Um comentário:

  1. Francisco Silva Filhoquinta-feira, novembro 19, 2009

    Grande Ezequiel! Estava fazendo falta amigo! Sabe de uma coisa Zica? As datas comemorativas em nosso país sempre são lembradas quando os autores delas ainda conseguem reunir forças para mantê-las vivas "acesas". Depois que os seus mentores se vão, vão-se também os motivos da sua celebração, e não se fala mais nisso; quando muito, sobra mais um feriado que só servirá para mais badalação e irritação dos que querem ou preferem trabalhar! Você sabe que a memória do brasileiro é curta... Você sabe por que? É simples amigo; a maioria dos brasileiros tem vergonha do seu passado. Tem vergonha de ter sido filho de pedreiro ou lavadeira ou de ambos; tem vergonha de ter sido em sua mocidade um carregador de feira, um engraxate, um vendedor de pamonha e outras coisitas mais (eu fui isso tudo e não tenho vergonha, ao contrário, só tenho orgulho de ter sido). Por isso mesmo, é que a memória se torna curta e indivíduo cada vez mais se torna discriminador; e o que é pior, discriminador de si mesmo!

    Abraços,

    Francisco - Curitiba

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