sábado, 31 de outubro de 2009

Trânsito – Eterno caos

Por Ezequiel Sena

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Por tradição, o brasileiro sempre anda com pressa e muito acima do limite, alguns além de imprudentes são também agressivos. A correria, a insensatez, a desobediência, o excesso de confiança e a embriaguez são as verdadeiras consequencias que têm causado a dor de muitas famílias. Afinal, o que leva o indivíduo que a princípio é esclarecido e conhece bem as regras de trânsito a agir de maneira tão irresponsável? Será que não tem consciência dos riscos e da vulnerabilidade ao volante? Perguntas estas que não vamos encontrar respostas. Para se ter uma ideia, os acidentes no trânsito já se tornaram a segunda maior causa de mortes no País. Os números de óbitos nas estradas são estarrecedores e equivalem à estatística de uma guerra. Pesquisa realizada pela Polícia Rodoviária Federal chegou-se à conclusão de que a causa da maioria dos acidentes é por falha humana. E é nas rodovias que essa constatação fica mais evidente.

Na Olívia Flores, semana passada, eu observei pelo retrovisor um carro buzinando para que eu saísse da frente, como sou de paz, pacientemente encostei para a direita e o agoniado passou: – um saveiro com as rodas rebaixadas e em alta velocidade. Mais adiante, nas imediações do BNH, o veículo parou e saltaram dois jovens que por impulso julgo que adoram dirigir em alta velocidade. Logo em seguida, ao retornar, deparei-me com o mesmo veículo envolvido numa batida frente ao Supermercado Rondelli. No sentido Centro/UESB trafegava uma perua van que se chocou na lateral do saveiro. Logo conclui que não poderiam ser outros senão os meninos da caminhonete os causadores do acidente. O que é pior: o bafafá formado houve até ameaças de briga de ambas as partes. Mas a turma do “deixa disso” apareceu e apaziguou os ânimos. Nesta véspera de feriado, fato este me motivou a escrever este texto.
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Depois de 12 anos, o Código Nacional de Trânsito tem muitos dispositivos que ainda são considerados letras mortas. Os infratores só sentem as penalidades quando doer no bolso; analisam com isso, os estudiosos, meios de endurecer as leis. São aproximadamente mais de 200 mortes por dia - bem acima das estatísticas oficiais –, visto que não são computados os que falecem depois de 30 e 90 dias após o acidente nas vias federais, estaduais e municipais e, segundo estatística publicada no Jornal A Folha de São Paulo, a modificação proposta evidentemente chamará mais atenção ao que mata mais: moto, álcool e cansaço na direção, seguido de má conservação das estradas, imprudência, excesso de velocidade, descaso com a própria vida e a vida dos outros.
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Os motoqueiros acham que demora muito ficar atrás dos carros, porque a moto é um veículo rápido e ágil que pode trafegar normalmente entre o corredor dos veículos. “Andar atrás dos carros só se o tráfego estiver lento”, argumenta Fabio Dias Santos, entregador de pizza; embora reconheça o perigo ao qual se submete diariamente. “Os motoqueiros deveriam respeitar mais o corredor porque não obedecem às regras, passam atropelando tudo pela frente, quebram o retrovisor dos carros, não estão nem aí pra ninguém e isso é muito ruim”, diz Emanuel Soares Costa, taxista. É flagrante o despreparo e a falta de consciência tanto dos motoqueiros quanto dos motoristas. Parece até que a pressa é o objetivo maior das pessoas, esquecem que estão pilotando um meio de transporte que pode se transformar numa arma poderosa. “A falta de consciência entre eles é visível. Infelizmente não temos motoristas, temos máquinas em movimento e sem controle o tempo todo”, aponta o tenente da PM Wagner Bittencourt Dias.
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Outro agravante no trânsito das cidades, e Conquista não é diferente, é o desrespeito à clara imposição da parada obrigatória antes da faixa de pedestres no sinal vermelho. De acordo com o Artigo 208 do Código de Transito, avançar o sinal vermelho ou o de parada obrigatória: Infração gravíssima e a penalidade é multa. Competência: município – 7 pontos na CNH. Mesmo assim, aqui mesmo em nossa cidade, devido à onda de violência e insegurança, depois das 20 horas, nem mesmo o sinal vermelho é obedecido – a desculpa dos motoristas é se tornarem presa fácil de assaltantes, já que o Estado é incapaz de garantir a segurança em horário avançado.
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Mas, vale lembrar que a lei não abre exceção quanto ao horário, pois obriga a parada diante do sinal vermelho, ou o de parada obrigatória em qualquer horário, mesmo que seja madrugada. Contudo, para salvaguardar a vida, torna-se prudente recomendar a tolerância quando a invasão do sinal ocorrer em horário que não traga prejuízo à segurança viária. Mesmo assim, com todos os rigores da lei e as fracas campanhas educativas para não ingerir álcool quando dirigir, quem se recusar a fazer o teste do bafômetro e tiver sinais claros de embriaguez é passível de ser levado para a delegacia. Esta é uma das mudanças na lei de trânsito que está em discussão na Câmara. Antes o motorista tinha o direito de se negar a passar pelo bafômetro, apenas a sua carteira era apreendida, todavia ele poderia seguir normalmente. A Lei Seca permite. Só que isso pode mudar.
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Acredito que os investimentos em educação de trânsito são insuficientes e deveriam ser bem mais questionados e debatidos, especialmente na questão educativa e com campanhas permanentes, haja vista que a lei por si só é praticamente ineficaz levando o motorista à indiferença e a agir de forma irresponsável e hipócrita. Não há necessidade de ir longe, pois é um fato corriqueiro e facilmente observado nas principais ruas da nossa cidade. Entretanto, não compreendo a atuação dos agentes orientadores de trânsito. Nem imagino como são pautados, pois o que verificamos é que ficam nas esquinas com o único objetivo de multar quem passa despercebidamente sem o cinto de segurança, ou exposto a alguma eventual infração. No entanto, fazem eles vistas grossas ao amontoado de carros que param impedindo o fluxo normal dos veículos, especificamente na Rua Siqueira Campos e na saída para Barra do Choça, que, a meu ver, são alguns dos gargalos que mais necessitam de atenção de nossas autoridades.

Ezequiel Sena

2 comentários:

Anônimo disse...

Pura verdade num texto de fácil leitura!
Mesmo com tanta divulgação, é dificil encontrar uma familia que não tenha alguma vitíma no trânsito.

Parabéns Ezequiel!

Anônimo disse...

Concordo plenamente. Agora uma coisa é certa, nós brasileiros e conquistenses também estamos vivendo em tempos materialistas. Todo mundo quer levar vantagem em tudo, assim o malcaratismo a tudo é o que vale. Ninguém respeita ninguém. Imagine ao próximo. O trasito é fichinha. Aquele velho jargão que nossa origem é da pior espécie de portugues (ladões, prostitutas e os cambaus) não é inverídica foram trazidos e despejados pelos desbravadores e por isso não poderia sair coisa muito boa. Inda bem que existem muitas, mas muitas exceções e são elas que fazem este país crescer. O que acontece em Brasilia é o retrato perfeito. Muito boa cronica, valeu Senhor
Ezequiel.
Cesar Ricardo