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O relatório técnico elaborado pela Inspetoria do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA) em Vitória da Conquista referente ao desabamento do teto da Igreja Nossa Senhora Aparecida, no último dia 16, ainda não foi concluído. Quem garante é a assessoria do órgão, esclarecendo que, ao contrário do que foi divulgado nesta terça-feira, 27, o material está na fase de recolhimento de informações.
De acordo com a nota, o órgão foi tomado de surpresa com o que foi divulgado como oficial, já que o documento inexiste. “Assim que o documento for concluído encaminharemos à mídia e daremos plena divulgação do mesmo,” diz o texto
A inspetora regional do Crea, Nelma Morais, chegou a informar que o laudo seria divulgado segunda, 26, cinco dias após a data prevista. A própria inspetora admitiu, em entrevista, que algumas peças foram reaproveitadas.
Na semana passada, um profissional de engenharia, que fez uma avaliação a pedido da reportagem de A Tarde, já havia sustentado a versão de que o incidente poderia ter sido provocado pelo uso de material reaproveitado, como madeira e ripões usados na “tesoura”, principal peça de sustentação do telhado.
Sem registro - O desabamento do teto causou ferimentos no celebrante da missa, padre Wesdras dos Santos Silva e outras seis pessoas. O religioso, que está se recuperando de cirurgias nas pernas e na clavícula, disse que a obra teve acompanhamento de um engenheiro com registro na Prefeitura, cujo nome negou-se a revelar.
Não é o que foi constado pela reportagem de A Tarde, também semana passada. Além da falta de registro na Prefeitura, obra – iniciada há um ano, com a conclusão do telhado há quatro meses - não possui Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), documento emitido pelo Crea que inclui dados do profissional responsável.
“Não encontramos em nosso sistema nenhum profissional por essa reforma”, sustenta Nelma Morais. O fato pode resultar em aplicação de multa aos responsáveis pela obra. O valor não foi informado.
A ART determina as responsabilidades dos profissionais envolvidos na obra e permite identificar os autores de eventuais erros técnicos, mas não consta registro de pedido no banco de dados do Crea Regional em relação à reforma da igreja danificada.
“Vamos encaminhar a situação para a Câmara Civil Especializada em Engenharia, ligada ao Crea e com sede em Salvador, para que sejam tomadas as devidas providências”, concluiu a inspetora.
No entanto, a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana informou, por meio de nota, disse que a direção da igreja não solicitou emissão de alvará. As demais vítimas foram atendidas, medicadas e liberadas no mesmo dia. No momento em que o teto cedeu sobre o altar e em sete fileiras de bancos, havia cerca de 200 pessoas no local.
Estrutura inadequada - Um engenheiro consultado pela reportagem de A TARDE, que pediu para não ser identificado, garante que o método construtivo não estava adequado. “A estrutura estava inadequada e isso contribuiu para a queda de todo o madeiramento e das telhas”, sustenta o profissional.
Ainda de acordo com o engenheiro, outro fator que também favoreceu o desabamento foi a má distribuição do peso pelo vão da igreja, que tem mais de 30 metros de comprimento.
A “tesoura” é formada por uma peça inteira, que fica sustentada pelas paredes laterais e que, por sua vez, sustenta um triângulo invertido, com outras vigas, também em madeira, apontadas para o telhado. As peças ficam entrelaçadas - técnica chamada de contraventamento.
"Nessa estrutura uma fica sustentando o peso da outra para evitar justamente que caia e cause uma reação em cadeia”, continua. A “tesoura” estava posicionada entre o altar e as sete primeiras fileiras de bancos.
Para o profissional, as “tesouras” não estavam presas às vigas de concreto, o que se constitui em mais um erro de engenharia. Para que ficassem seguras, elas deveriam estar cimentadas ou afixadas por parafusos grandes.
Segundo a Secretaria da Paróquia, o salão de missas, que também é locado para celebração de casamentos, ficará interditado até o primeiro semestre de 2010. O restante do imóvel, que inclui uma área livre e a secretaria, além de cômodos, funciona normalmente.
Caatiba – Este foi o segundo episódio semelhante na região Sudoeste em menos de um ano. Em 24 de dezembro de 2008, durante um culto de natal, o teto da igreja Batista de Icaraí, distrito de Caatiba (596 km de Salvador) desabou e matou Lindaura de Jesus Santos, 42 anos.
Cinco pessoas ficaram feridas. Ao todo, 15 fiés estavam no templo. As vítimas contaram que o culto já estava no final quando o telhado começou a ceder pelos fundos, como ocorreu em Conquista. O restante da estrutura desabou em "efeito dominó".
O forro serviu como proteção para muitos, livrando as vítimas das telhas e dos ripões, como recorda a coordenadora pedagógica Elândia de Almeida. A igreja havia passado por reforma no mesmo ano e não apresentava rachaduras. Até hoje as causas são desconhecidas.
De acordo com a nota, o órgão foi tomado de surpresa com o que foi divulgado como oficial, já que o documento inexiste. “Assim que o documento for concluído encaminharemos à mídia e daremos plena divulgação do mesmo,” diz o texto
A inspetora regional do Crea, Nelma Morais, chegou a informar que o laudo seria divulgado segunda, 26, cinco dias após a data prevista. A própria inspetora admitiu, em entrevista, que algumas peças foram reaproveitadas.
Na semana passada, um profissional de engenharia, que fez uma avaliação a pedido da reportagem de A Tarde, já havia sustentado a versão de que o incidente poderia ter sido provocado pelo uso de material reaproveitado, como madeira e ripões usados na “tesoura”, principal peça de sustentação do telhado.
Sem registro - O desabamento do teto causou ferimentos no celebrante da missa, padre Wesdras dos Santos Silva e outras seis pessoas. O religioso, que está se recuperando de cirurgias nas pernas e na clavícula, disse que a obra teve acompanhamento de um engenheiro com registro na Prefeitura, cujo nome negou-se a revelar.
Não é o que foi constado pela reportagem de A Tarde, também semana passada. Além da falta de registro na Prefeitura, obra – iniciada há um ano, com a conclusão do telhado há quatro meses - não possui Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), documento emitido pelo Crea que inclui dados do profissional responsável.
“Não encontramos em nosso sistema nenhum profissional por essa reforma”, sustenta Nelma Morais. O fato pode resultar em aplicação de multa aos responsáveis pela obra. O valor não foi informado.
A ART determina as responsabilidades dos profissionais envolvidos na obra e permite identificar os autores de eventuais erros técnicos, mas não consta registro de pedido no banco de dados do Crea Regional em relação à reforma da igreja danificada.
“Vamos encaminhar a situação para a Câmara Civil Especializada em Engenharia, ligada ao Crea e com sede em Salvador, para que sejam tomadas as devidas providências”, concluiu a inspetora.
No entanto, a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana informou, por meio de nota, disse que a direção da igreja não solicitou emissão de alvará. As demais vítimas foram atendidas, medicadas e liberadas no mesmo dia. No momento em que o teto cedeu sobre o altar e em sete fileiras de bancos, havia cerca de 200 pessoas no local.
Estrutura inadequada - Um engenheiro consultado pela reportagem de A TARDE, que pediu para não ser identificado, garante que o método construtivo não estava adequado. “A estrutura estava inadequada e isso contribuiu para a queda de todo o madeiramento e das telhas”, sustenta o profissional.
Ainda de acordo com o engenheiro, outro fator que também favoreceu o desabamento foi a má distribuição do peso pelo vão da igreja, que tem mais de 30 metros de comprimento.
A “tesoura” é formada por uma peça inteira, que fica sustentada pelas paredes laterais e que, por sua vez, sustenta um triângulo invertido, com outras vigas, também em madeira, apontadas para o telhado. As peças ficam entrelaçadas - técnica chamada de contraventamento.
"Nessa estrutura uma fica sustentando o peso da outra para evitar justamente que caia e cause uma reação em cadeia”, continua. A “tesoura” estava posicionada entre o altar e as sete primeiras fileiras de bancos.
Para o profissional, as “tesouras” não estavam presas às vigas de concreto, o que se constitui em mais um erro de engenharia. Para que ficassem seguras, elas deveriam estar cimentadas ou afixadas por parafusos grandes.
Segundo a Secretaria da Paróquia, o salão de missas, que também é locado para celebração de casamentos, ficará interditado até o primeiro semestre de 2010. O restante do imóvel, que inclui uma área livre e a secretaria, além de cômodos, funciona normalmente.
Caatiba – Este foi o segundo episódio semelhante na região Sudoeste em menos de um ano. Em 24 de dezembro de 2008, durante um culto de natal, o teto da igreja Batista de Icaraí, distrito de Caatiba (596 km de Salvador) desabou e matou Lindaura de Jesus Santos, 42 anos.
Cinco pessoas ficaram feridas. Ao todo, 15 fiés estavam no templo. As vítimas contaram que o culto já estava no final quando o telhado começou a ceder pelos fundos, como ocorreu em Conquista. O restante da estrutura desabou em "efeito dominó".
O forro serviu como proteção para muitos, livrando as vítimas das telhas e dos ripões, como recorda a coordenadora pedagógica Elândia de Almeida. A igreja havia passado por reforma no mesmo ano e não apresentava rachaduras. Até hoje as causas são desconhecidas.
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