Já disse algumas vezes que tenho receio da palavra verdade. Prá mim ela é meio duvidosa. Meio ou toda duvidosa. Os ditadores e os arrogantes adoram-na. Eles são donos dela, vivem com ela, dormem com ela, sonham com ela e afirmam-se a todo instante seus porta-vozes. Claro que pessoas mais esclarecidas têm-na constantemente sob o manto da dúvida. Quem mexe com ciência sabe da transitoriedade da verdade. A verdade, infelizmente, não é verdadeira. Evidente que nosso argumento não tem como suporte a religião. Na tradição cristã encontramos em João (8,32): “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. No mundo científico não é assim. Quando o cientista chega a uma “verdade” fica pensando quanto tempo ela resistirá e deixará de ser verdadeira. O mesmo ocorre nas competições esportivas: Bate-se um recorde hoje, daqui a uns tempos, o recorde cai. E assim caminha a humanidade...
Meu amigo Herzem Gusmão certamente não gosta quando falo de certas coisas e pessoas (mas não me censura). Dentre as pessoas intocáveis (para ele) está o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (ídolo político do Herzem). O Príncipe da política em quem ele se inspira.
Conheci Fernando Henrique em 1977, mais ou menos. O homem dava aulas de sociologia na Universidade de Nanterre, na França, e foi entrevistado pelo grande jornalista Roberto D’Ávila em Paris. Fiquei encantado. Ora, ora, quem não fica encantado com Fernando Henrique? O camarada é sedutor, inteligente, charmoso, loquaz, humano. Tudo em FHC chama atenção.
Em 1968 foi aposentado compulsoriamente (aos 37 anos) pelo regime militar. Sua presença nos meios acadêmicos sempre foi motivo de respeito. Saudado pelos jovens de Sampa, especialmente os universitários e principalmente o pessoal da Rua Maria Antônia, onde até hoje está instalado o Curso de Sociologia da USP, Fernando Henrique, volto a dizer, sempre teve tratamento de príncipe (no melhor sentido maquiavélico). Convém dizer que o termo “maquiavélico” sofreu deturpações históricas e hoje é empregado com sentido diverso do significado que verdadeiramente deveria ter. Isso fica prá depois...
O simpático FHC, hoje com 78 anos completos (nasceu em 18 de junho de 1931) está em pleno vapor. Faz palestras, participa de congressos, seminários, Mesas Redondas e o escambau. Esteve recentemente em Fortaleza a convite do Centro Industrial do Ceará, encabeçado, adivinhem por quem? Isso mesmo, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) onde proferiu palestra dirigida aos empresários daquele Estado (Gran Marquise Hotel). Na exposição, como é de seu estilo, discorreu sobre tudo quanto pôde. Ao final, sem que ninguém lhe perguntasse, surpreendeu declarando com humildade os erros que cometeu. Segundo o senador Flávio Torres (PDT-CE) presente à palestra, nosso ex-presidente foi de uma sinceridade espantosa. Acabou deixando o auditório aplaudidíssimo. Mas, o que foi que ele disse?
FHC fêz aquilo que o deputado Delfim Neto vem fazendo: Propagar a verdade (ou algo assemelhado a isso). Penso que o ex-presidente entendeu que quando se chega a determinada idade o melhor mesmo é passar o bisturi nas ilusões e ser o mais real possível. Nosso ex-presidente disse para aquele auditório o que já havia falado à TV Câmara: “Não fui um grande governante!”. Dentre os seus erros, falou sobre um dos mais graves: A manutenção do câmbio. Aquela política do Banco Central, mantida pela cabeça dura do economista Gustavo Franco deu um prejuízo ao Brasil de apenas 140 bilhões de dólares (e nos quebrou!). Disse também reconhecer que tencionou demais o congresso para aprovação de matérias que acabaram dando em nada. No encerramento do evento, com aquele jeito Fernando Henrique de ser ironizou o Sapo Barbudo e arrematou: “Quanto ao presidente Lula, eu acho que ele nunca errou”. A platéia de empresários caiu na gargalhada. Como não deu tempo, concluiu sem falar sobre “aquelas privatizações”. Estas, na avaliação de muitos (inclusive a minha) foram o maior erro do seu governo Acho que não deu tempo prá falar sobre o assunto. Será verdade? Viva o Fernando Henrique. Simpático e verdadeiro (pelo menos agora). Como não sou revolucionário, o que passou, passou... O homem cobra R$ 180.000,00 por palestra. Mas o senador Tasso disse que para o Ceará ele só cobrou R$ 75.000,00. Caro ou barato? Quem esteve no evento achou que valeu a pena: FHC é o maior barato!!!







2 comentários:
Esse tal FHC foi o pior picareta que o país já teve. Isso sim, é a mais pura verdade.
Concordo plenamente com o primeiro comentarista. Abs.
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