“Eu presto atenção no que eles dizem,
mas eles não dizem nada...”
Toda Forma de Poder - Engenheiros do Havaí
mas eles não dizem nada...”
Toda Forma de Poder - Engenheiros do Havaí
Dirceu Góes- jornalista 967-DRT-Ba
Profº de Radiojornalismo da UESB
Revelada a estratégia em marcha de utilização das emissoras de rádio e de televisão públicas da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia apenas pelo atual grupo gestor da Instituição, o Pró-reitor de Extensão, Prof. MSc. Paulo Sérgio Cavalcanti, e o Assessor da Reitoria, Prof. MSc. Francis José Pereira se apressaram em escrever e emitir o Ofício Circular 013/2009. Através do ofício tentam aplacar o descontentamento dos que entendem a rádio e a TV UESB como veículos de comunicação mediadores de discursos plurais.
O documento em pauta foi enviado com urgência no último 24/08 aos coordenadores de colegiados e diretores de departamentos. Redigido de acordo com a estrutura publicitária, o texto tem a pretensão de vender aos professores, técnicos e estudantes a ilusão imediata de espaços próprios na programação das emissoras da Universidade. O teor do ofício, também aposto em destaque no site institucional, traz profusão de jargões e de desertos em informação, clamando por análise crítica em nome da ética na comunicação pública.
A primeira frase do ofício 013/2009 é lapidar: “A Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia nos próximos meses estará ampliando o seu sistema de Comunicação através do início das transmissões da nossa Rádio Educadora”. Na verdade, de setembro de 2008 até o presente momento os assessores de gabinete transmitiram dados imprecisos e convenceram ao gestor máximo da Instituição a fazer tal declaração em pelo menos cinco outras oportunidades ao longo do período.
Os reiterados anúncios feitos pelo reitor sobre o início das transmissões sempre foram postos pelos assessores a ele e, por conseguinte, à comunidade universitária como realidade inquestionável, como fato iminente, muito embora a obtenção do “autorizo” burocrático final para o funcionamento da rádio inexplicavelmente se arraste em Brasília a passos de cágado. Não existe o devido empenho, por quem de obrigação, em resolver o impasse.
Como se observa, a expressão “nos próximos meses”, partícula importante do discurso publicitário contida no início do Ofício Circular 013/2009, ganha temporalidade mais que indefinida, vulgariza-se e infelizmente já se transforma em promessa a ser paga, conforme reza o gracejo popular com referência às questões improváveis, no “Dia de São Nunca, à tarde”. É lastimável que a concessão da Rádio Educadora da UESB seja tratada pelos dirigentes do SURTE como brincadeira.
Continuando a análise, do segundo parágrafo do ofício 013/2009 se extrai duas “pérolas” a serem observadas, permitindo-nos uma série de indagações. A que diz “Neste momento, estamos concluindo a fase experimental e de implementação da TV UESB” e a que afirma “Paralelamente a esta atividade, já foram iniciados também os trabalhos de instalação dos equipamentos da rádio educadora”.
Bem, se a TV UESB está no ar desde 2007, o que quer dizer exatamente “fase experimental e de implementação”? Ou seja, quando se deu o início desta fase e quais as garantias de que ela esteja em conclusão, segundo dizem, neste momento? Quais metas foram estabelecidas para serem atingidas e assim assegurar o pleno funcionamento da emissora? É verdade que a TV UESB já dispõe de fontes de financiamento, de equipamentos necessários e de um número ideal de profissionais de televisão suficientes para atender à demanda da produção dos mais variados tipos de programação a serem sugeridos pelos professores, técnicos e estudantes da Universidade? Os dirigentes do SURTE estão devidamente preparados para atender a demanda do convite feito através do ofício 013/2009?
Quanto aos “trabalhos de instalação dos equipamentos da rádio”, já se pode ocupar os estúdios para a execução de pilotos de programas utilizando mesas e caixas de som, microfones, computadores com listagem de músicas e ícones sonoros, além de softs de edição, num ambiente com o devido isolamento acústico? No que se refere à antena de transmissão, ela já está instalada na torre da Universidade na Serra do Periperi? E os transmissores da rádio, já ocupam o abrigo construído em 2008 e que custou aos cofres da UESB cerca de R$ 25 mil, mas que há bem pouco tempo estava sem nenhuma possibilidade de uso por falha na rede hidráulica da construção?
Respostas completas, detalhadas e imediatas precisam ser dadas a tão elementares perguntas. Caso contrário, toma-se por desonesto, vil e anti-ético o terceiro parágrafo do Ofício Circular 013/2009 quando propõe: “Uma vez concluída a etapa experimental da TV, bem como o início da operação técnica da rádio, convidamos a Comunidade Acadêmica a participar deste projeto com a elaboração e envio de projetos(sic) de programas televisivos e radiofônicos...”.
Com base nas evasivas oficiais, será que a comunidade acadêmica vislumbra uma data, ainda neste ano de 2009, em que possa começar a produzir e veicular programação de sua autoria na rádio e na TV UESB? Ou será que os professores Paulo Sérgio e Francis José vão postergar este desejo reprimido e permitir que os programas da Comunidade Universitária entrem “no ar” somente depois das eleições para reitor e vice-reitor da UESB, em abril de 2010? Em qual das duas alternativas confiar?
Por fim, destaco mais dois trechos do Ofício Circular 013/2009 para encerrar esta análise. O primeiro frisa: “É importante ressaltar que esta participação (da Comunidade Universitária) está prevista na decisão do Conselho Universitário...”. No mínimo é intrigante a importância dada às decisões do CONSU, uma vez que demoraram um ano para convocar o Conselho Deliberativo do SURTE, a fim de dar legalidade às ações da rádio e, principalmente, da TV UESB.
Além disso, o Pró-reitor sabe que nos últimos 12 meses diversas arbitrariedades foram impostas pelo Assessor da Reitoria, ao arrepio das resoluções do CONSU, na televisão educativa da Instituição sem que ele, lamentavelmente, pudesse tomar qualquer atitude a respeito. O Pró-reitor tem consciência de que neste momento, mais uma vez, atua como bombeiro...
O segundo destaque final é só para apontar mais um equívoco do Ofício Circular 013/2009 quando expressa: “...a Pró-Reitoria de Extensão e o Surte, estão a inteira disposição para discutir as formas de inserção de projetos na programação da TV Uesb e da Rádio Educadora”. Aos professores Paulo Sérgio Cavalcanti e Francis José Pereira peço um pouco mais de modéstia...
Entretanto, peço-lhes também uma porção extra de respeito democrático, porque a decisão de inserir programas na grade da rádio e da TV UESB na verdade é uma das atribuições dos 11 membros do Conselho Deliberativo do SURTE. Esta responsabilidade a eles foi delegada pela Resolução 04/2008, de 16 de julho de 2008, do Conselho Superior da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.
Um comentário:
Meu Caro Professor Dirceu Góes. Até hoje não entendi direito, os episódios que fizeram com o senhor fosse primeiro afastado da coodernação do curso de comunicação (salvo enago), agora é a vez de nossa cidade ficar sabendo o que boa parte da poplação mais bem informada já sabe (me incluo). A TVUESB e a Rádio Educadora, não chegam onde deveria chegar por vários motivos, dentre os quais, o apadrinhamento do reitor e sua equipe para contemplar alguns dos seus afilhados, enquanto isso, a população fica sem informação. A atitude destas pessoas revelam o quanto gostam do poder. Quanto ao senhor, MERECE É MAIS QUE RESPEITO, MERECE É RECONHECIMENTO, TANTO PELO SEU TALENTO COMO LENTE DESTA UNIVERSIDADE, COMO POR TUDO QUE LÁ JÁ FEZ E AINDA FAZ. Parabén pelo excelente artigo que é bastante esclarecedor. Prometo ao senhor que da próxima vez que for ao Brasil, vou passar por uma pequena rua denominada "rua dos piolhos", e vou procurar algumas pessoas idosas para dar cascudos numa certa pessoa, para ver se assim ele fica menos teimoso. Dr. Afranio Garcez.
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