sábado, 8 de agosto de 2009

PF termina investigação dos 'sanguessugas' com 458 indiciados


Três anos e três meses após a descoberta da "máfia das ambulâncias", a Polícia Federal de Mato Grosso está prestes a finalizar uma das mais amplas investigações já realizadas no país. Dos 136 inquéritos abertos pela superintendência da PF no estado, 128 já foram concluídos. Ao todo, 458 pessoas estão indiciadas, entre eles 33 ex-parlamentares e 71 ex-prefeitos.

O escândalo das ambulâncias veio à tona no dia 4 de maio de 2006, quando a PF desencadeou a Operação Sanguessuga, que inicialmente levou à prisão 48 pessoas, entre assessores parlamentares e empresários. O esquema era comandado pelos empresários Luiz Antônio Vedoin e Darci Vedoin, proprietários da empresa Planam.

- Muitos assessores resolveram colaborar com a Justiça e contaram como os deputados agiam - explicou o delegado Paulo Repetto, responsável pelos inquéritos.

As investigações concluíram que, entre os anos de 2001 e 2006, o grupo vendeu mais de mil ambulâncias para prefeituras e entidades filantrópicas por meio de emendas parlamentares, totalizando R$ 110 milhões de movimentação. As licitações eram fraudadas e os veículos, superfaturados. A Controladoria Geral da União calculou em R$ 15,5 milhões o montante que foi parar nos bolsos da quadrilha.

A máfia das ambulâncias motivou a abertura da CPI dos Sanguessugas, que chegou a recomendar a abertura de processo de cassação contra 69 deputados federais e três senadores. Dois deputados, Coriolano Sales (PFL-BA) e Marcelino Fraga (PMDB-ES), renunciaram ao mandato para evitar a cassação, mas a maioria ficou impune na esfera política - seja porque não se reelegeu em 2006 ou porque foi absolvido no Conselho de Ética.

Dos três senadores denunciados pela CPI, dois foram absolvidos pelo Conselho de Ética do Senado - Magno Malta (PR-ES) e Serys Schlessarenko (PT-MT). O terceiro, Ney Suassuna (PMDB-PB), foi advertido verbalmente e não conseguiu se reeleger.

Apesar de tantos indiciamentos, apenas sete pessoas foram condenadas na Justiça até o momento, e nenhuma delas tinha participação ativa no esquema. Com base nos inquéritos finalizados até agora, o Ministério Público Federal denunciou 285 pessoas - no grupo estão 20 ex-prefeitos e 49 ex-deputados federais. Do Rio de Janeiro, já foram denunciados os ex-parlamentares João Mendes de Jesus, Almerinda Carvalho, José Divino Oliveira de Souza e Paulo Feijó. A maioria dos ex-parlamentares denunciados pertencia ao chamado "baixo clero". Mas a lista tem nomes conhecidos, como o ex-deputado Emerson Kapaz (SP).

O levantamento divulgado nesta sexta diz respeito às investigações que correram em Mato Grosso. Ainda há inquéritos em outros estados apurando fraudes contra prefeituras locais. (O Globo)

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