A gripe suína assusta. Enquanto os conquistenses espalham boatos de que o Festival de Inverno vai ser o principal disseminador do novo vírus na região, as principais capitais do país já não sabem o que fazer com o número crescente de infectados e a disseminação incontrolável da pandemia. Volto agora de uma visita à Niterói, cidade vizinha ao Rio de Janeiro, com a satisfatória sensação de que ainda estou no paraíso. O colégio em que eu estudei no ensino médio, um dos principais da cidade, está de quarentena graças a um único caso confirmado – um garoto de onze anos. Pelo que constatei, mais dois colégios seguiram a cartilha e fecharam temporariamente as portas, cada um com cinco mil alunos em média.
Pelas ruas, já não é tão difícil encontrar pessoas com o velho hábito japonês de usar máscaras para se proteger de resfriados. Espirros em meios de transporte públicos são o suficiente para provocar uma onda de ansiedade velada: os mais apocalípticos chegam a lançar olhares furtivos e nervosos para o pobre coitado que não conseguiu segurar o próprio catarro. Em uma das minhas travessias de barca, popular meio de transporte aquático para o percurso Niterói-Rio e Rio-Niterói, cheguei a testemunhar algumas beatas fazendo o sinal da cruz ao ouvir um fungar de narizes ao longe. Parece engraçado, ou talvez irônico, mas não é – é a mais pura verdade.
Nos hospitais não se sabe mais onde colocar tantos infectados. Alguns começam a não aceitar casos confirmados da nova gripe, segundo denúncias dos principais jornais cariocas. Máscaras cirúrgicas são distribuídas na entrada de qualquer hospital como camisinhas costumam ser distribuídas nos pontos de apoio do carnaval de Salvador. E, aproveitando-se da metáfora do carnaval, lembro que as máscaras aqui não representam nenhuma forma alegre de se fantasiar e se divertir e sim uma tentativa de fugir do trio elétrico que a gripe suína se tornou. Depois da tensão de poder ter sido infectado, é bom saber que estou de volta a uma cidade em que os casos não passam de cinqüenta e que a vida ainda não mudou muito por causa desse maldito vírus.
Ou mudou? O Festival de Inverno é o maior e melhor evento que Vitória da Conquista costuma sediar, e já há quem diga que vai deixar de ir para não correr o risco de ser infectado. Conquista ainda possui um ar provinciano que me incomoda e o maior exemplo de como o pensamento interiorano pode afetar alguns círculos sociais da cidade é esse: o boato de que o Festival pode até ser adiado por causa da nova gripe. A história ganha força nas principais escolas de ensino fundamental e médio da região e possui inclusive algumas variantes. A verdade é que existe sim quem vai preferir ficar em casa a ouvir Teatro Mágico, Carlinhos Brown e Mart’nália, entre outros, para se proteger da infecção.
Não imagino que os detentores de tal pensamento sejam os assíduos e cultos leitores do Revertério, mas cabe aqui lembrar que, mesmo que os artistas, sua equipe de assistentes ou os visitantes que vêm de fora da cidade tragam com eles o vírus Influenza A, os infectados dentro do Festival vão acabar disseminando a doença por toda a cidade. Se você vai evitar todo o contato com quem foi para o Festival na sua escola, no seu trabalho, na padaria e no shopping, vale a pena mesmo se trancar em casa. Pelo resto da vida aliás, porque não serão poucos os que escolherão assistir esse espetáculo de atrações.
Sobre o Festival ser adiado, bem, mesmo com o pandemônio que o Rio está, exposições, shows e peças continuam acontecendo normalmente, porque a sociedade já percebeu que, por mais que se tente fugir da gripe, ela chegou para ficar. Mesmo que o Festival de Inverno não aconteça, é impossível que o vírus que atravessou meio mundo não alcance Conquista de alguma forma. Ou seja, adiar não vai fazer muita diferença: logo logo a gripe suína vai se tornar mais uma dessas moléstias normais que de tempos em tempos assolam a população e matam alguns menos afortunados. Ainda bem, porque a dengue já estava com ciúmes.
Pelas ruas, já não é tão difícil encontrar pessoas com o velho hábito japonês de usar máscaras para se proteger de resfriados. Espirros em meios de transporte públicos são o suficiente para provocar uma onda de ansiedade velada: os mais apocalípticos chegam a lançar olhares furtivos e nervosos para o pobre coitado que não conseguiu segurar o próprio catarro. Em uma das minhas travessias de barca, popular meio de transporte aquático para o percurso Niterói-Rio e Rio-Niterói, cheguei a testemunhar algumas beatas fazendo o sinal da cruz ao ouvir um fungar de narizes ao longe. Parece engraçado, ou talvez irônico, mas não é – é a mais pura verdade.
Nos hospitais não se sabe mais onde colocar tantos infectados. Alguns começam a não aceitar casos confirmados da nova gripe, segundo denúncias dos principais jornais cariocas. Máscaras cirúrgicas são distribuídas na entrada de qualquer hospital como camisinhas costumam ser distribuídas nos pontos de apoio do carnaval de Salvador. E, aproveitando-se da metáfora do carnaval, lembro que as máscaras aqui não representam nenhuma forma alegre de se fantasiar e se divertir e sim uma tentativa de fugir do trio elétrico que a gripe suína se tornou. Depois da tensão de poder ter sido infectado, é bom saber que estou de volta a uma cidade em que os casos não passam de cinqüenta e que a vida ainda não mudou muito por causa desse maldito vírus.
Ou mudou? O Festival de Inverno é o maior e melhor evento que Vitória da Conquista costuma sediar, e já há quem diga que vai deixar de ir para não correr o risco de ser infectado. Conquista ainda possui um ar provinciano que me incomoda e o maior exemplo de como o pensamento interiorano pode afetar alguns círculos sociais da cidade é esse: o boato de que o Festival pode até ser adiado por causa da nova gripe. A história ganha força nas principais escolas de ensino fundamental e médio da região e possui inclusive algumas variantes. A verdade é que existe sim quem vai preferir ficar em casa a ouvir Teatro Mágico, Carlinhos Brown e Mart’nália, entre outros, para se proteger da infecção.
Não imagino que os detentores de tal pensamento sejam os assíduos e cultos leitores do Revertério, mas cabe aqui lembrar que, mesmo que os artistas, sua equipe de assistentes ou os visitantes que vêm de fora da cidade tragam com eles o vírus Influenza A, os infectados dentro do Festival vão acabar disseminando a doença por toda a cidade. Se você vai evitar todo o contato com quem foi para o Festival na sua escola, no seu trabalho, na padaria e no shopping, vale a pena mesmo se trancar em casa. Pelo resto da vida aliás, porque não serão poucos os que escolherão assistir esse espetáculo de atrações.
Sobre o Festival ser adiado, bem, mesmo com o pandemônio que o Rio está, exposições, shows e peças continuam acontecendo normalmente, porque a sociedade já percebeu que, por mais que se tente fugir da gripe, ela chegou para ficar. Mesmo que o Festival de Inverno não aconteça, é impossível que o vírus que atravessou meio mundo não alcance Conquista de alguma forma. Ou seja, adiar não vai fazer muita diferença: logo logo a gripe suína vai se tornar mais uma dessas moléstias normais que de tempos em tempos assolam a população e matam alguns menos afortunados. Ainda bem, porque a dengue já estava com ciúmes.








Um comentário:
Cauê,
Já que fez o seu comentário sobre a Gripe A, você sabe se já tem algum caso confirmado em Conquista? Fiquei sabendo que já e que a TV Sudoeste não divulgou para não que o Festival de Inverno não seja prejudicado.
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