sábado, 8 de agosto de 2009

Greve prejudica nove mil estudantes no interior da Bahia

Estudantes fizeram passeata com faixas e cartazes para pedir retorno das aulas
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Juscelino Souza, A Tarde
Nilton Gonzaga, Agência A TARDE
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Um grupo de pais e alunos da rede municipal de ensino de Barra do Choça, a 536 km de Salvador, saiu às ruas em protesto, nessa sexta-feira, 7, pedindo a suspensão da greve de 400 professores – de um total de 532, iniciada há um mês e que já inviabilizou 23 dias letivos, deixando 9,1 mil sem aulas na sede e zona rural. Com faixas, cartazes e um carro de som, os manifestantes reclamavam que a greve inviabilizou as férias e que será preciso repor as aulas em janeiro do próximo ano para completar o calendário escolar.

A representante da comissão de pais e alunos, Regina de Souza Araújo, declarou que o alunado tem sido o maior prejudicado na queda-de-braço entre sindicato e Prefeitura. “Enquanto essa situação não é resolvida as crianças ficam brincando na rua ou vendo TV em casa, sem qualquer atividade pedagógica”.

A representante da comissão de pais e alunos, Regina de Souza Araújo, declarou que o alunado tem sido o maior prejudicado na queda-de-braço entre sindicato e Prefeitura. “Enquanto essa situação não é resolvida as crianças ficam brincando na rua ou vendo TV em casa, sem qualquer atividade pedagógica”.

A mãe de aluno Rosenita Rosa de Morais, com três filhos matriculados no Centro Educacional de Barra do Choça, o maior do município, com cerca de 2,5 mil matriculados teme evasão escolar e inutilização da merenda como consequências imediatas.

“As mães bem que gostariam de ajudar os filhos com as tarefas até a greve acabar ou matricular em outras escolas, mas nem todas têm conhecimento ou condições financeiras. Também não existe um bom curso de reforço aqui na cidade e são poucas as mães que forçam o filho a estudar sozinho em casa, por isso não há como segurar os meninos em casa”, lamentou Maria Moura, outra mãe.

O passatempo predileto dos meninos é soltar pipa e andar de bicicleta na pracinha em frente ao colégio. As meninas preferem lan houses e uma minoria fica em casa, auxiliando as mães nas tarefas domésticas. “Eu não sei estudar sozinha, então eu tenho que esperar a greve terminar”, alega a aluna Cristina Brito.

PAUTA - A greve já estava sendo anunciada desde maio deste ano, quando o sindicato dos professores apresentou à Secretaria de Educação uma pauta reivindicando revisão do plano de carreira, ajuste da gratificação para diretor e vice, data-base para corrigir vantagens e reajuste salarial.

Após uma série de reuniões, o município acatou todos os itens da pauta, exceto o percentual de reajuste, que era de 30%, caiu para 25% e ficou em 20% a pedido dos sindicalistas. Em contrapartida o município ofereceu 8%, sendo 5.92 imediatamente, retroativo a maio e junho e o restante, 2.08% em fevereiro de 2010, o que não foi aceito.

Em assembléia nessa sexta-feira, a diretoria do Sindicato dos Professores de Barra do Choça (Simprobac) esteve reunida em assembléia e apresentou mais uma contraproposta, chegando a 15%. “A greve só terminará quando a Prefeitura atender as nossas reivindicações”, assinalou a diretora sindical, Márcia Oliveira.

Em assembléia nessa sexta-feira, a diretoria do Sindicato dos Professores de Barra do Choça (Simprobac) esteve reunida em assembléia e apresentou mais uma contraproposta, chegando a 15%. “A greve só terminará quando a Prefeitura atender as nossas reivindicações”, assinalou a diretora sindical, Márcia Oliveira.

Embora reconheça que o piso salarial adotado no município seja um dos melhores do País, Márcia alega que Barra do Choça recebe um repasse de, aproximadamente, R$15 milhões para a educação, sendo que desse montante, 60% devem ser aplicados na valorização do magistério.

O secretário municipal de Educação, Marcos Viana de Oliveira, por sua vez, disse que a administração chegou ao limite de negociação. “Não temos condições de oferecer mais do que o que já foi proposto pelo município”, disse “Aqui em Barra do Choça, um professor nível I recebe R$1,3 mil em regime de 40 horas, mas do que o piso nacional, de R$950,00 e o de nível II, cerca de R$1,9 mil, o dobro do piso”, argumentou.

Sem concordar com os argumentos, a categoria decidiu pela suspensão das aulas e, em 10 de julho a greve foi deflagrada em todas as 55 escolas da sede e da zona rural, com exceção de três unidades do interior, creches e o curso noturno do EJA - Educação de Jovens e Adultos.

Até então nenhuma aula foi ministrada no semestre. O calendário de reposição deve ser apresentado ao Conselho de Educação e à Secretaria, pelo sindicato, após o término do movimento grevista.

A pedagoga Joana Alice de Novaes, lista prejuízos que ela considera imediatos e até alguns irreversíveis na formação do estudante que é submetido a situações como uma greve de docentes, por exemplo. “casos como esse que nos é apresentado resulta, primeiramente, em atraso no aprendizado, repetência por causa da descontinuidade do ensino e até evasão escolar”.

A melhor forma para se recuperar o tempo perdido é, segundo a pedagoga, manter a mesma programação, sem alteração no cronograma do conteúdo didático. “Não se completa dias parados com atividades extraclasse, como trabalhos de pesquisa, gincanas, tarefas e apresentações teatrais, por exemplo. Aula perdida só se repõe com aula dada”, finaliza.

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