terça-feira, 11 de agosto de 2009

Direto da Praça: Collor, o jagudi e o país


Por Paulo Pires

O senador Collor - não gosto de mencionar todo o seu nome - ontem, 10 de agosto/09, ao se referir ao jornalista da Revista Veja Roberto Pompeu de Toledo, chamou-o de jagudi. O ex-caçador de marajás é uma figura enigmática. Deitou impropérios sobre o senhor Pompeu de Toledo bem ao seu estilo. Estranho é que ele fêz o discurso mesmo sabendo que a maioria dos brasileiros não estava ligando suas diatribes ao respeitado jornalista de São Paulo. Collor não é sopa.


Na semana passada, o senador gaúcho Pedro Simon sentiu o calor das fagulhas vindas do olhar diabólico do senador de Alagoas. O velho político gaúcho confessou haver sentido medo. Não é prá menos. No passado o avô do Sr. Collor sacou de um revólver para atirar em um desafeto político e acabou acertando outro senador que não tinha nada a ver com a briga dentro do próprio Senado. Por essa e outras, o senador Simon ficou com receio do senhor Collor. Eu também teria. Fernando Collor é louco, como disse o Prof. Hélio Jaguaribe.

Mas o nosso Senado é problema. E, porque não dizer, nosso Congresso como um todo. Doutor Delfin Neto diz que o Congresso Nacional é tão maluco que qualquer tentativa de se usar a lógica como suporte de um argumento, levará a proposta do congressista ao fracasso. A lógica não funciona em nosso Legislativo.

No final do século 19, o senador Torres Homem, um dos nossos mais evoluídos congressistas, pedia pelo amor de Deus que o Brasil entrasse na Revolução Industrial e deixasse esse negócio de plantar café prá lá. Ninguém o ouvia. Depois, todo mundo sabe em que deu plantar café. Quebradeira de todos os barões.

O senador Mão Santa do Piauí volta e meia diz em alto e bom som que este é o melhor Senado que o Brasil já teve. Se não fosse trágico, seria cômico. O fato é que para todos os brasileiros, ninguém sabe ao certo qual é o pior. A lógica nos leva a raciocinar o seguinte: Já que não tivemos nenhum bom, vamos agora eleger o menos catastrófico.

Em 1914, a coisa era também tão ruim que Rui Barbosa num discurso memorável e indignado disse para toda a Nação: “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.

Como se vê, a bagaceira institucional vem de longe. Não construímos uma Nação de forma correta. Nosso planejamento de sociedade foi uma tragédia. As coisas ficaram arquitetadas da seguinte forma: Para uns tudo, para outros, nada!

Evidente que quem estava em baixo quer ir para cima. Como a coisa não são possíveis pelas vias legais, a turma do porão resolve dar o troco na base da violência.

Hoje, quando ouço alguém falando em violência, pergunto: Qual delas? Existem tantos tipos que ninguém sabe ao certo a qual ou quais estamos nos referindo. No fundo, no fundo, ninguém gostaria de ser violente ou bandido. Se perguntarem ao Fernandinho Beira Mar se ele quer que o seu filho [dele] seja bandido, certamente vai dizer: Não! Pode-se dizer que mesmo geneticamente ninguém nasce bandido. Ninguém quer ser bandido. E mesmo os bandidos pensam em um dia não continuar sendo. Coisa parecida com uma velha canção de Vinicius de Moraes “... A tristeza tem sempre uma esperança de um dia não ser mais triste não!”.

Será que devemos manter a esperança de um dia termos um País sério? Pelo jeito, não alcançarei essa graça. Mas fundo minhas esperanças nesse dia. Ou será que estou delirando?

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