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Hoje é sábado e amanhã mais um domingo. Logo de manhã eu começo a escutar o burburinho dos passantes, em frente a janela de minha casa. Os primeiros ruídos de motores dos veículos são acionados. Saio de casa, e começo a minha primeira caminhada, dou umas voltas peça Praça Gerson Sales, e já aquecido sigo em frente, rumo a um passeio ao passado.
Desço a minha querida Rua da Boiada, onde nasci e cresci, e reside a minha mãe. Converso com os primeiros conhecidos e logo estou na Rua da Moranga, logo passo pelo Beco da Tesoura e estou na Praça do Lindóia. Fico a contemplar o antigo prédio da nossa querida Rádio Clube de Conquista e até parece que ainda vejo o saúdo Cine Teatro Conquista, o Bar Lindóia, os antigos carros, que serviam de táxi. Alguns vultos saem da neblina da saudade e consigo enxergar Aníbal Viana conversando com o “Seu Dagmar”, e lá vem se juntar a conversa o Dr. Fernando Spínola que se encaminhavam para a Prefeitura, os últimos boêmios passam trôpegos e felizes por mais uma noitada. Já são 8:00 horas e vejo sair da Rua do Espinheiro o querido Erasthótenes Menezes a caminho do seu Cartório, em companhia de Laudionor Brasil, chego até mesmo a pedir-lhe a benção, com todo o meu respeito: “Benção meu tio”: “Deus de abençoe meu filho” logo ele me responde. Também me pergunta: “O que você faz na rua a esta hora menino”? E eu lhe respondo, vou à Rua das Flôres, e depois vou encontrar o meu pai lá na feira da Praça da Bandeira. Depois de passar a Rua Ramiro Santos em minha caminhada, passo em frente a “Farmácia Lia”, e na porta está Ademar Santos, meu tio Lió Brasil o farmacêutico oficial da cidade e irmão de Laudionor, todos sorrindo com o ar sério de “Seu Macário” que um pouco atrasado está abrindo a sua Farmácia Figueira, junto ao “Bar Marajoara”, que ainda está fechado.
Na feira há de tudo para ser comercializado, e tudo fresquinho e em abundância, laranjas, limões e limas vindas da Limeira, farinha, beiju, puba que vieram dos Campinhos junto com a batata doce e a mandioca manteiga. Da Lagoa das Flôres vêm os temperos de todas as qualidades, tomates bonitos e grandes, salsa, cebolinha e flores de todas as qualidades. São rosas, gardênias, margaridas, angélicas e tantas outras que irão ornamentar os lares conquistenses. Meu pai já terminou de fazer a feira, mas aí eu o lembro que falta comprar a “cera Parquetina” nas cores vermelha e amarela, e ele me entrega o dinheiro para ir à Loja de “Seu Cícero Amorim” comprar e aproveitar para comprar também o querosene no Posto de “Zé Rodrigues” para misturar à cera. Agora já são quase 10:00 horas, e o serviço de alto falante de “Seu Filadelfo” quer concorrer com as mais recente páginas musicais que são transmitidas para toda a cidade, pela Rádio Clube. Chegou a hora de ir para casa, e aí lá vem uma tarefa nada fácil, primeiro encontrar “Vitório Cocão” para ele levar o balaio com as compras, e ter cuidados com os outros meninos para não chamá-lo por tal nome, senão nada restaria da feira, pois ficavam de plantão junto ao prédio de Ademar Galvão para irritá-lo. “Cafezinho” já tinha entrado em várias casas. “Carcará” já estava apregoando a sua mercadoria, martelos, ferros a carvão etc. “Leva EU”, já tinha sido preso e solto várias vezes por “Procópio”, pois se na Rádio estivesse tocando a música “Leva Eu”, e o aparelho radiofônico estivesse na janela de uma casa ligado, ele não queria conversa e levava mesmo. Chego à minha casa com meu irmão “Lui” e Vitório Cocão, e o melhor com a feira intacta. Agora é esperar chegar pela tarde para ir ao Jardim das Borboletas e com a namoradinha ir assistir a uma das matinês no Cine Teatro Conquista Cine Teatro Ritz ou Cine Glória, de preferência um filme de cowboy com John Wayne, que era cowboy dos bons. Depois a missão era ir assistir a missa lá na Catedral, oficiada pelo sisudo e sério Dom Climério de Andrade, ficar preparado com os demais amigos, para no dia seguinte, livres de pecados, uns como eu e meus irmãos ir para a Escola Normal, e outros para o Colégio Batista. Mas, desperto do meu sonho ao passado, e vejo é uma Vitória da Conquista, pujante, fervilhando de pessoas no comércio forte de nossa cidade, na Ceasa, no Mercadão, ou nos Supermercados, sente saudades das ruas que andei, da pacata e progressista cidade que vivo e trabalho, e de tantos homens e mulheres que tanto contribuíram para o nosso desenvolvimento regional.
Hoje é sábado e amanhã mais um domingo. Logo de manhã eu começo a escutar o burburinho dos passantes, em frente a janela de minha casa. Os primeiros ruídos de motores dos veículos são acionados. Saio de casa, e começo a minha primeira caminhada, dou umas voltas peça Praça Gerson Sales, e já aquecido sigo em frente, rumo a um passeio ao passado.
Desço a minha querida Rua da Boiada, onde nasci e cresci, e reside a minha mãe. Converso com os primeiros conhecidos e logo estou na Rua da Moranga, logo passo pelo Beco da Tesoura e estou na Praça do Lindóia. Fico a contemplar o antigo prédio da nossa querida Rádio Clube de Conquista e até parece que ainda vejo o saúdo Cine Teatro Conquista, o Bar Lindóia, os antigos carros, que serviam de táxi. Alguns vultos saem da neblina da saudade e consigo enxergar Aníbal Viana conversando com o “Seu Dagmar”, e lá vem se juntar a conversa o Dr. Fernando Spínola que se encaminhavam para a Prefeitura, os últimos boêmios passam trôpegos e felizes por mais uma noitada. Já são 8:00 horas e vejo sair da Rua do Espinheiro o querido Erasthótenes Menezes a caminho do seu Cartório, em companhia de Laudionor Brasil, chego até mesmo a pedir-lhe a benção, com todo o meu respeito: “Benção meu tio”: “Deus de abençoe meu filho” logo ele me responde. Também me pergunta: “O que você faz na rua a esta hora menino”? E eu lhe respondo, vou à Rua das Flôres, e depois vou encontrar o meu pai lá na feira da Praça da Bandeira. Depois de passar a Rua Ramiro Santos em minha caminhada, passo em frente a “Farmácia Lia”, e na porta está Ademar Santos, meu tio Lió Brasil o farmacêutico oficial da cidade e irmão de Laudionor, todos sorrindo com o ar sério de “Seu Macário” que um pouco atrasado está abrindo a sua Farmácia Figueira, junto ao “Bar Marajoara”, que ainda está fechado.
Na feira há de tudo para ser comercializado, e tudo fresquinho e em abundância, laranjas, limões e limas vindas da Limeira, farinha, beiju, puba que vieram dos Campinhos junto com a batata doce e a mandioca manteiga. Da Lagoa das Flôres vêm os temperos de todas as qualidades, tomates bonitos e grandes, salsa, cebolinha e flores de todas as qualidades. São rosas, gardênias, margaridas, angélicas e tantas outras que irão ornamentar os lares conquistenses. Meu pai já terminou de fazer a feira, mas aí eu o lembro que falta comprar a “cera Parquetina” nas cores vermelha e amarela, e ele me entrega o dinheiro para ir à Loja de “Seu Cícero Amorim” comprar e aproveitar para comprar também o querosene no Posto de “Zé Rodrigues” para misturar à cera. Agora já são quase 10:00 horas, e o serviço de alto falante de “Seu Filadelfo” quer concorrer com as mais recente páginas musicais que são transmitidas para toda a cidade, pela Rádio Clube. Chegou a hora de ir para casa, e aí lá vem uma tarefa nada fácil, primeiro encontrar “Vitório Cocão” para ele levar o balaio com as compras, e ter cuidados com os outros meninos para não chamá-lo por tal nome, senão nada restaria da feira, pois ficavam de plantão junto ao prédio de Ademar Galvão para irritá-lo. “Cafezinho” já tinha entrado em várias casas. “Carcará” já estava apregoando a sua mercadoria, martelos, ferros a carvão etc. “Leva EU”, já tinha sido preso e solto várias vezes por “Procópio”, pois se na Rádio estivesse tocando a música “Leva Eu”, e o aparelho radiofônico estivesse na janela de uma casa ligado, ele não queria conversa e levava mesmo. Chego à minha casa com meu irmão “Lui” e Vitório Cocão, e o melhor com a feira intacta. Agora é esperar chegar pela tarde para ir ao Jardim das Borboletas e com a namoradinha ir assistir a uma das matinês no Cine Teatro Conquista Cine Teatro Ritz ou Cine Glória, de preferência um filme de cowboy com John Wayne, que era cowboy dos bons. Depois a missão era ir assistir a missa lá na Catedral, oficiada pelo sisudo e sério Dom Climério de Andrade, ficar preparado com os demais amigos, para no dia seguinte, livres de pecados, uns como eu e meus irmãos ir para a Escola Normal, e outros para o Colégio Batista. Mas, desperto do meu sonho ao passado, e vejo é uma Vitória da Conquista, pujante, fervilhando de pessoas no comércio forte de nossa cidade, na Ceasa, no Mercadão, ou nos Supermercados, sente saudades das ruas que andei, da pacata e progressista cidade que vivo e trabalho, e de tantos homens e mulheres que tanto contribuíram para o nosso desenvolvimento regional.
2 comentários:
Garcêz, a sabedoria popular garante que as boas recordações enriquecem o viver. As reminiscências fazem bem ao espírito e amenizam os rigorismos ilusórios da alma. O passado também é uma fonte de inspiração dos bardos. Imagino ser horrível a pessoa não ter nada de sua existência para contar. É ser muito pobre e cruel consigo mesmo. Certa feita Fernando Pessoa em um de seus aforismos (muito próprio dele) não mediu palavras para dizer: “Quem não tem passado, não tem história. E quem vive o hoje não esquece o ontem, nem ignora o amanhã”. Parabéns amigo por mais esta belíssima crônica.
Um abraço,
Ezequiel Sena.
Amigo Afrânio, a grande "sacada" para quem quer viver bem o presente e resguardar o bem viver no futuro é, jamais esquecer o nosso querido e saudoso passado. O nosso passado, amigo Afrânio, é a "pedra fundamental" do nosso presente, e "dela" (pedra fundamental) não devemos nos descuidar, pois, o homem que não tem passado é ninguém na vida. Muito boas as suas reminiscências!
Francisco Silva Filho - Curitiba-PR
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