Deng Xiaoping: alguns paradoxos da política
Parece não haver discórdia em relação a ser Mao Tse Tung a figura mais emblemática da China sob o ponto de vista ideológico. Ao mesmo tempo, ninguém parece contestar que a figura central no processo de transformação socioeconômica no espaço dos guerreiros terracotas foi o senhor Deng Xiaoping. A partir de suas idéias e ações, a China iniciou mudanças de rumo e hoje o que se vê é um país fazendo contraponto com o Ocidente. E o faz em escala tão surpreendente que os lideres europeus e norte americanos não despregam os olhos do que está acontecendo na terra de Confúcio. Claro que o crescimento chinês é patrocinado por um regime político prá lá de totalitário e por leis trabalhistas que remotam aos tempos da primeira revolução industrial. Ninguém há de esquecer também que esse grande líder [Xiaoping] foi o responsável pelo massacre dos estudantes na Praça da Paz Celestial. Paradoxalmente, o nome Deng Xiaoping significa em chinês A Pequena Paz. As contradições no ser humano e na natureza são imensas...
Só não fico impressionado com os sobressaltos dos lideres ocidentais em relação à China porque, como disse o poeta romano Terêncio (185 - 159 a.C.): “Nada que é humano me é estranho”. É oportuno dizer que os líderes dos países que compõem o G-7, parecem não gostar muito da História da Civilização. Eles sempre fizeram questão – por maldade ou ignorância - de esquecer que aqui no Ocidente, quando não passávamos de um bando de homens meio primitivos, a China dava saltos espetaculares em invenções de instrumentos (a bússola é um deles) e materiais de primeira qualidade como a seda e o papel. Sem falar na pólvora e na imprensa.
Mas o que fêz o senhor Xiaoping para que a China entrasse na rota das nações desenvolvidas? Inicialmente penso que foi sua capacidade de ver o mundo. Para isso desvencilhou-se de um ideário prá lá de conservador que embotava os companheiros revolucionários de 1948. Tem gente que enxerga, mas não vê. Ele era diferente. Sabia enxergar e ver longe. Claro que para isso contribuiu muito sua estadia na França, principalmente. Posteriormente passou um tempo na União Soviética, mas esse tempo aí não conta, porque que nessa época quem governava os soviéticos era um senhor chamado Stalin. Imaginem viver em um País cujo mandatário fosse um Joseph Stalin... Eu não agüentaria! Melhor ser atacado por um bando de tigres, como disse Confúcio.
Na vida do senhor Xiaoping, houve muitas histórias e estórias (as amorosas, ninguém se atreveu a comentar!). Avaliando-o apenas pelo viés político, sua vida – como ocorre nesse campo - parecia uma gangorra. Em certos momentos, estava lá em cima, de repente ei-lo lá embaixo e a coisa assim prosseguia até sua morte em 1997. Política é arte ou ciência? Política é decente ou indecente? Política é o quê, finalmente? Várias teorias explicam o fenômeno político. Mas o que melhor esclarece a Política são as ações dos políticos. Se nós achamos indecoroso o comportamento dos nossos políticos, convem não nos afligirmos com o que temos. No resto do mundo a coisa não é lá muito diferente. Alguns países apresentam apenas quadros discretos, mas isso não quer dizer que a rapaziada da política do resto do mundo seja santa. O que tem de vigarista na política italiana, americana, inglesa e francesa, não é brinquedo não! Só que lá os caras são muito mais profissionais. Muito menos espalhafatosos e sabem fazer a coisa com o auxílio luxuoso de muitas estruturas não oficiais.
Na França, por exemplo, sabia-se à boca pequena que o grande presidente François Miterrand tinha um monte de raparigas por conta. A própria esposa do presidente – Danielle – sabia das escapulidas do maridão, mas fazia de conta que não via nada. Acima de tudo está a República, dizia ela para as amigas.
Aqui no Brasil, o ex-ministro Antônio Palloci foi flagrado freqüentando uma casa de uns endinheirados e acabou perdendo o posto de ministro da Economia. Na realidade em Brasília existe um montão de “Castelos” cuja finalidade é promover entretenimento e satisfação a grandes figurões do governo. Eu não sei o que rola dentro dos “Castelos” da capital federal, mas se o leitor me acompanha há tempos, deve lembrar do que falei sobre as figuras que freqüentavam nossos “Castelos” nos idos de 1960 e 1970, aqui em Conquista.
Confesso que a saída do senhor Palloci me deixou meio apreensivo. Felizmente, seu sucessor, Guido Mantega, manteve os mesmos fundamentos econômicos e nossa Economia tem sobrevivido aos ataques dos pilantras que manobram os mercados internacionais. Tudo bem, reconheço que não estamos no melhor dos mundos, mas pelo menos o pragmatismo e algumas idéias de Deng Xiaoping fincaram raízes em nossas mentes. Dizia o velho chinês: “A mim não interessa a cor do gato, o importante é ele pegar o rato”. Em outra sacação ele disse: “Não sei se Marx aprova tudo o que estamos fazendo aqui. Mas logo vou encontrar-me com ele no céu e conversaremos a respeito”. E concluiu seu ideário com o seguinte raciocínio: “Karl Marx nunca disse que os comunistas deveriam ser pobres”. Coisas simples e objetivas como essas deram a tônica para que a China deixasse para trás uma mentalidade agrícola para se tornar uma potência industrial respeitada pelos demais países do mundo. Quem não concordar, terá que se contentar com as evidências. Ou seja, contra fatos não há argumentos. Claro que isso tem um peço sócio-ambiental gigantesco. Um abraço cordial e até a próxima.
Paulo Pires
Professor UESB-FAINOR.
Parece não haver discórdia em relação a ser Mao Tse Tung a figura mais emblemática da China sob o ponto de vista ideológico. Ao mesmo tempo, ninguém parece contestar que a figura central no processo de transformação socioeconômica no espaço dos guerreiros terracotas foi o senhor Deng Xiaoping. A partir de suas idéias e ações, a China iniciou mudanças de rumo e hoje o que se vê é um país fazendo contraponto com o Ocidente. E o faz em escala tão surpreendente que os lideres europeus e norte americanos não despregam os olhos do que está acontecendo na terra de Confúcio. Claro que o crescimento chinês é patrocinado por um regime político prá lá de totalitário e por leis trabalhistas que remotam aos tempos da primeira revolução industrial. Ninguém há de esquecer também que esse grande líder [Xiaoping] foi o responsável pelo massacre dos estudantes na Praça da Paz Celestial. Paradoxalmente, o nome Deng Xiaoping significa em chinês A Pequena Paz. As contradições no ser humano e na natureza são imensas...
Só não fico impressionado com os sobressaltos dos lideres ocidentais em relação à China porque, como disse o poeta romano Terêncio (185 - 159 a.C.): “Nada que é humano me é estranho”. É oportuno dizer que os líderes dos países que compõem o G-7, parecem não gostar muito da História da Civilização. Eles sempre fizeram questão – por maldade ou ignorância - de esquecer que aqui no Ocidente, quando não passávamos de um bando de homens meio primitivos, a China dava saltos espetaculares em invenções de instrumentos (a bússola é um deles) e materiais de primeira qualidade como a seda e o papel. Sem falar na pólvora e na imprensa.
Mas o que fêz o senhor Xiaoping para que a China entrasse na rota das nações desenvolvidas? Inicialmente penso que foi sua capacidade de ver o mundo. Para isso desvencilhou-se de um ideário prá lá de conservador que embotava os companheiros revolucionários de 1948. Tem gente que enxerga, mas não vê. Ele era diferente. Sabia enxergar e ver longe. Claro que para isso contribuiu muito sua estadia na França, principalmente. Posteriormente passou um tempo na União Soviética, mas esse tempo aí não conta, porque que nessa época quem governava os soviéticos era um senhor chamado Stalin. Imaginem viver em um País cujo mandatário fosse um Joseph Stalin... Eu não agüentaria! Melhor ser atacado por um bando de tigres, como disse Confúcio.
Na vida do senhor Xiaoping, houve muitas histórias e estórias (as amorosas, ninguém se atreveu a comentar!). Avaliando-o apenas pelo viés político, sua vida – como ocorre nesse campo - parecia uma gangorra. Em certos momentos, estava lá em cima, de repente ei-lo lá embaixo e a coisa assim prosseguia até sua morte em 1997. Política é arte ou ciência? Política é decente ou indecente? Política é o quê, finalmente? Várias teorias explicam o fenômeno político. Mas o que melhor esclarece a Política são as ações dos políticos. Se nós achamos indecoroso o comportamento dos nossos políticos, convem não nos afligirmos com o que temos. No resto do mundo a coisa não é lá muito diferente. Alguns países apresentam apenas quadros discretos, mas isso não quer dizer que a rapaziada da política do resto do mundo seja santa. O que tem de vigarista na política italiana, americana, inglesa e francesa, não é brinquedo não! Só que lá os caras são muito mais profissionais. Muito menos espalhafatosos e sabem fazer a coisa com o auxílio luxuoso de muitas estruturas não oficiais.
Na França, por exemplo, sabia-se à boca pequena que o grande presidente François Miterrand tinha um monte de raparigas por conta. A própria esposa do presidente – Danielle – sabia das escapulidas do maridão, mas fazia de conta que não via nada. Acima de tudo está a República, dizia ela para as amigas.
Aqui no Brasil, o ex-ministro Antônio Palloci foi flagrado freqüentando uma casa de uns endinheirados e acabou perdendo o posto de ministro da Economia. Na realidade em Brasília existe um montão de “Castelos” cuja finalidade é promover entretenimento e satisfação a grandes figurões do governo. Eu não sei o que rola dentro dos “Castelos” da capital federal, mas se o leitor me acompanha há tempos, deve lembrar do que falei sobre as figuras que freqüentavam nossos “Castelos” nos idos de 1960 e 1970, aqui em Conquista.
Confesso que a saída do senhor Palloci me deixou meio apreensivo. Felizmente, seu sucessor, Guido Mantega, manteve os mesmos fundamentos econômicos e nossa Economia tem sobrevivido aos ataques dos pilantras que manobram os mercados internacionais. Tudo bem, reconheço que não estamos no melhor dos mundos, mas pelo menos o pragmatismo e algumas idéias de Deng Xiaoping fincaram raízes em nossas mentes. Dizia o velho chinês: “A mim não interessa a cor do gato, o importante é ele pegar o rato”. Em outra sacação ele disse: “Não sei se Marx aprova tudo o que estamos fazendo aqui. Mas logo vou encontrar-me com ele no céu e conversaremos a respeito”. E concluiu seu ideário com o seguinte raciocínio: “Karl Marx nunca disse que os comunistas deveriam ser pobres”. Coisas simples e objetivas como essas deram a tônica para que a China deixasse para trás uma mentalidade agrícola para se tornar uma potência industrial respeitada pelos demais países do mundo. Quem não concordar, terá que se contentar com as evidências. Ou seja, contra fatos não há argumentos. Claro que isso tem um peço sócio-ambiental gigantesco. Um abraço cordial e até a próxima.
Paulo Pires
Professor UESB-FAINOR.







Nenhum comentário:
Postar um comentário